Que as editoras brasileiras começam lentamente a lançar um e-book aqui e outro ali não é novidade. Mas o que a Campus-Elsevier fez não foi pouca coisa: investiu US$ 1,9 mi na digitalização de todo o seu catálogo. Isso quer dizer que até o fim do ano, os 1.500 títulos lançados pela editora desde 1976, esgotados ou não mas com contratos ativos, estarão também na versão digital. Esse é o plano. Hoje, 210 deles estão sendo disponibilizados aos poucos na Livraria Cultura e em breve estarão à venda também na Saraiva e na Gato Sabido (e no ano que vem, no site da própria editora). Outros 190 estão na fila e assim vai indo até fechar a conta. O número é expressivo. Até agora, a Saraiva tem 2 mil e-books brasileiros de editoras variadas; a Gato Sabido, 1.593; e a Cultura, cerca de mil.
O investimento é alto e o trabalho, de fôlego - tanto que uma parte está sendo feita internamente e outra externamente. A quantia dedicada a isso não deve ser recuperada com a venda de e-books tão cedo, o que não chega a ser uma preocupação para Claudio Rothmuller, chairman da Elsevier para a América Latina. “Esta não é uma ciência exata, mas fazer isso era necessário”.
Dos livros digitais, espera-se que sejam um pouco mais em conta. “O preço é sempre uma polêmica. Trata-se de um suporte novo e todos estão experimentando”, disse Rothmuller. Mas ele acredita que o valor do e-book ficará entre 70% do livro impresso e o equivalente ao preço do formato tradicional. Os direitos autorais ficarão em torno de 25% sobre o valor líquido. A editora corre também para rever todos os contratos. São poucos os que não têm a cláusula de uso digital da obra, afirmou, mas aqueles autores cujos contratos não preveem isso estão sendo procurados.
O processo começou há um ano e meio e por enquanto os livros só estão disponíveis em pdf. Até o final do ano, estarão em ePub também. A editora usa o DRM das lojas virtuais e esta será mais uma coisa para pensar quando ela mesma for comercializar os livros.
Rothmuller disse que nem todos os livros nascerão simultaneamente digitais e impressos. Cada caso será avaliado. Mas uma coisa é certa: todos os livros do catálogo, a começar pela backlist, poderão ser comprados neste novo formato. A barreira derrubada pelo mercado digital, no entanto, não fará com que o catálogo mundial da Elsevier seja encontrado nas lojas brasileiras.
É corrente no mercado editorial internacional a estimativa de que em 2015 os e-books representarão a metade dos livros vendidos. O chairman da Campus-Elsevier acredita que vai levar mais tempo para o Brasil se acostumar com a ideia. “É uma bola de cristal como outra qualquer, mas imagino que em três ou quatro anos a venda de e-books represente 15% das vendas no Brasil”. O que não é ruim para um mercado que até ontem assistia de camarote à evolução das formas de leitura.