Independentes se unem pela bibliodiversidade
PublishNews, Leonardo Neto, 02/12/2014
Declaração apresentada na Feira do Livro de Guadalajara é assinada por 400 editores de 45 países, inclusive do Brasil

Em setembro passado, na Cidade do Cabo, na África do Sul, 400 editores de 45 países – inclusive o Brasil – participaram da Assembleia Internacional de Editores Independentes onde foi elaborada a Declaração Internacional de Editoras Independentes, apresentada agora na Feira Internacional do Livro de Guadalajara. O objetivo do documento é manter viva e fortalecer a bibliodiversidade ao redor do mundo. Deborah Holtz, presidente da Alianza de Editores Mexicanos Independientes (AEMI), destacou, durante a apresentação em Guadalajara, o ineditismo do feito: “é a primeira vez que se assina um documento deste teor em nível global”. Os princípios da bibliodiversidade, de acordo com Holtz, visam democratizar e dar voz às expressões da cultura independente. “Se o livro não existe como arma democratização, estamos em uma censura velada, portanto, é necessário criar e promover políticas nacionais e regionais, envolvendo a sociedade civil, para promover a leitura, buscar o fluxo equilibrado de nossos livros e combater as ações predatórias”, completou. A declaração apela para a criação e implantação de políticas nacionais para o livro, em favor do desenvolvimento cultural e da democratização do livro e da leitura nas quais estejam envolvidos todos os atores da cadeia do livro. Dentro do contexto da globalização, o documento diz ser indispensável que essas políticas sejam continuadas por políticas regionais e internacionais que permitam a circulação equilibrada das obras e uma regulação do mercado do livro para enfrentar as veleidades predadoras dos grandes grupos internacionais. A declaração cita ainda players como Amazon, Google e Apple, que devem se submeter às leis e às regulamentações em vigor nos países onde se instalam. O apelo é que os poderes públicos e organismos internacionais estabeleçam leis que promovam a bibliodiversidade, para que editores e livreiros possam continuar a desempenhar o papel indispensáveis de atores e mediadores em prol da cultura.

Os signatários da declaração defendem ainda maior participação de editoras independentes nas compras governamentais. “É urgente que os editores independentes locais se apropriem dessa produção [do livro didático], necessária à construção de uma economia local do livro e ao desenvolvimento de outros setores editoriais menos rentáveis e mais arriscados”, diz o documento. A declaração observa ainda a importância de leis equilibradas em matéria de direito autoral e refuta qualquer forma de opressão da palavra e determina que a luta contra a censura é um desafio prioritário. Pelo Brasil, assinam Haroldo Ceravolo Sereza, representando a Libre (Liga Brasileira de Editoras); Aranken Gomes Ribeiro, da Contra Capa Editora; Ivana Jinkings e Isabella Marcatti, ambas representantes da Boitempo.

[02/12/2014 01:00:00]