O que vem pela frente: globalização e digitalização
PublishNews, Redação, 26/06/2012
Varejistas vão ditar as regras muito mais do que os grandes grupos editoriais, conclui estudo

Dentro do grupo das 54 maiores editoras do mundo, a renda ainda é bastante concentrada: as dez primeiras do ranking detêm mais da metade das receitas. Ano após ano, contudo, a fatia vem diminuindo. Há cinco anos, as dez maiores ficavam com 58,16% da receita total, agora têm 54,02%.

Para os organizadores do estudo conduzido pela Rüdiger Wischenbart Content and Consulting, essa queda pode ser atribuída a dois fatores. De um lado, o desmembramento dos negócios de educação e ciências por parte de algumas grandes editoras. De outro, o crescimento de empresas provenientes dos mercados emergentes. O aumento da receita consolidada dos 30 grupos que ficam entre a 21ª e a 50ª posições reflete isso: ela saltou de 9,9 bilhões de euros em 2007 para 12,9 bilhões em 2011.

Nos últimos dois anos, editoras do Brasil à Coreia, passando pela Rússia e outros países, foram incluídas no ranking. “Elas têm em comum não apenas o fato de que crescem em seus mercados domésticos, como também começam a ser ativas internacionalmente, fazendo parcerias com grupos europeus e norte-americanos, com uma clara ênfase em educação, enquanto o mercado de livros gerais têm um papel menor – talvez com exceção dos livros para crianças e jovens adultos”, afirma o estudo. O levantamento destaca os investimentos em novas tecnologias feitos por grupos emergentes e, ainda, o papel do governo na compra e distribuição de material escolar – com destaque para o Brasil – e também no estabelecimento de metas digitais – o Brasil é citado novamente neste ponto, mas a ênfase é na Coreia, que prevê a digitalização de todos os livros didáticos até 2015.

O Ranking Global destaca ainda que a globalização ainda segue um padrão hierárquico “de centro e periferias”, com grandes grupos europeus e norte-americanos, como Pearson e Hachette, ampliando seus negócios em países como Brasil, China, Índia, Rússia, “e logo, provavelmente, na região do Golfo” e em lugares como México e Indonésia. “Até agora, no entanto, quase não surgiram parcerias horizontais, por exemplo entre empresas chinesas e brasileiras.”

O estudo conclui que, diante de tantas novas oportunidades, não se pode camuflar o quão desafiador é criar negócios em economias emergentes, onde as empresas enfrentam “múltiplas ameaças, de infraestrutura precária a pirataria altíssima e turbulências econômicas em geral”.

Quem vai ditar as regras?

“Em 2012 e além, a globalização e a digitalização não serão definidas exclusivamente, ou mesmo de forma predominante, pelos grupos editoriais listados neste ranking, mas pela expansão das plataformas que, tradicionalmente, seriam chamadas de varejistas”, afirma o estudo. O exemplo mais claro dessa direção é dado pela Amazon, que assume todos os papeis – publica, vende, aluga, presta serviços para autores, editoras e terceiros, e, claro, aos leitores.

Outras empresas seguem nessa linha, vide Google e Apple abrindo lojas digitais em várias partes do mundo, e também a Barnes& Noble e a Kobo, que estão expandindo sua presença global. Além disso, em mercados tão díspares como a Suécia ou a Índia, há uma série de iniciativas locais investindo para criar uma base de usuários antes que os grandes concorrentes globais entrem no mercado.

“Com as ambições dos grupos editoriais líderes do mundo de ampliar sua presença global e não permitir que os varejistas e suas plataformas multifacetadas tomem os mercados internacionais todos para si, e com a digitalização pronta para redefinir o segmento de educação numa escala global, e logo também o de segmento de livros trade, a agitação no mercado editorial e livreiro está apenas começando”, conclui o levantamento.

[26/06/2012 00:00:00]