Uma experiência feliz, e outra nem tanto
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 13/10/2011
Arnaud Naourry e John Makinson falam das experiências que tiveram no Brasil com a Escala Educacional e Companhia das Letras, respectivamente

Com o crescimento da indústria do livro estagnado nos Estados Unidos e na Europa, Hachette e Penguin, duas das 10 maiores editoras do mundo, estão de olho em outros países. “O desafio é encontrar algum mercado em crescimento, e claro que os BRICS e a África do Sul têm potencial, mas não são mercados fáceis”, comentou Arnaud Nourry, presidente da Hachette. O grupo tem uma subsidiária na Índia (publica lá em inglês e também livros de autores indianos), fez joint-venture na China, onde acaba de lançar primeiro título. Na Rússia, é dona de uma parte da quarta ou quinta, ele não soube precisar, maior editora. Mas não foi feliz no Brasil. “Tivemos 50% de uma editora de livros didáticos porque no Brasil você tem que estar no mercado de livros didáticos para ser um player. Não tivemos sucesso e desistimos”.

Em 2007, a Hachette comprou 51% da Escala Educacional e a brasileira ficou com 49% da Larousse do Brasil, uma das editoras da gigante francesa. “O jeito como apresentam o programa de compras do governo é organizado e muito centralizado. Você tem que criar produtos dois anos antes das seleções. É transparente, mas é político. A escolha era mais em favor de um grupo grande nacional do que em favor de um grupo francês.” O negócio com a Escala foi desfeito depois de três anos.

“Para o mercado de livro didático, três anos é um período pequeno”, avaliou Diego Drummond e Lima, diretor geral da Escala Educacional e da Larousse, em Frankfurt. “Havia a expectativa de um crescimento muito grande e a Hachette investiu pesado”. E a brasileira ficou engessada com tanta burocracia.

“A Escala perdeu o controle durante esse período. Se tivesse mantido, estaria muito melhor hoje.” Mas a empresa não tem do que reclamar. Pouco mais de um ano depois de comprar o que tinha vendido, a Escala Educacional ganhou uma posição no ranking das didáticas brasileiras (hoje é a 5ª), cresceu 40% no mercado privado, faturou mais de R$ 30 milhões no último PNLD, seu recorde, e criou, em 2010, a editora Lafonte. Hoje, a Larousse é apenas um selo.

Voltar ao país não está fora dos planos do presidente da Hachette, que não quis entrar em detalhes sobre o negócio frustrado no país. “Eu realmente adoro o Brasil e ele é um dos países com maior potencial. Se tivermos uma oportunidade de tentar de novo em três ou quatro anos, vamos tentar.”

John Makinson teve melhor sorte e está animado com a parceria feita com a Companhia das Letras. Ele disse que está muito satisfeito com a repercussão dos clássicos da Penguin no Brasil e comentou que não imaginava que a marca deles tinha tanta aceitação no país. “Nunca pensamos que revolucionaríamos a indústria do livro no Brasil, mas me impressionei muito quando fui à Flip porque eu, que nunca pensei que os brasileiros já tivessem ouvido falar na Penguin, vi que a marca era um ícone”, declarou ao PublishNews.

“Estamos muito satisfeitos com a parceria que temos com a Companhia das Letras. Nós compartilhamos os mesmos valores. Não posso falar nada concretamente porque ainda vou me encontrar com o Luiz Schwarcz, mas acredito que ainda faremos outras coisas juntos”, comentou.
[13/10/2011 00:00:00]