Dever de casa para 2014
PublishNews, 28/11/2013
Quais foram os avanços do livro digital em 2013 e o que podemos esperar para 2014?

Conforme 2013 vai chegando ao fim, fico me perguntando: quanto avançamos digitalmente este ano? E o que será que 2014 nos reserva?

Vou aproveitar esta coluna para falar de indícios que ajudam a responder as duas perguntas, ao menos em termos do segmento educacional.

A primeira pista é uma fala de Richard Culatta, diretor de tecnologia educacional do MEC norte-americano. No primeiro dia da Bett em São Paulo, ele declarou: “Para continuarem relevantes, as editoras precisam fazer curadoria de conteúdo e produzir com altíssima qualidade”.

Logo depois, um artigo assinado pelo executivo Joe Wikert, dos EUA, vaticinou a “morte por irrelevância” das editoras. Segundo ele, “não é a Amazon que as está matando, e sim elas mesmas. Os editores, ou melhor, seus produtos, estão se tornando menos e menos relevantes a cada ano”.

Ambas as falas apontam para uma constatação: a percepção de clientes importantes (como Culatta) e de insiders da indústria editorial (como Wikert) é que, se avançamos em 2013, ainda não foi o suficiente.

Se é assim lá fora, imaginem aqui, onde a inovação editorial na educação tem se restringido a seguir as diretrizes do PNLD. Fazer tudo o que o MEC pede não é fácil, claro, e isso acaba consumindo muito tempo e dinheiro. Mas é preciso ter clareza de que isso não é inovação, e sim a repetição de um novo padrão – que o próprio ministério tende a mudar rapidamente.

Essa falta de ousadia significa, na prática, que as editoras didáticas têm arriscado pouco. Até temas fáceis como Enem não têm recebido a devida atenção digital: basta fazer uma busca na AppStore para constatar que não há nenhum grande player na disputa por esse público atualmente.

Para piorar, em 2013 aumentou o número de professores afirmando que o livro didático está sendo cada vez menos usado. A cada novo evento, a cada conversa com as escolas de ponta, a conclusão é mais ou menos a mesma: os livros didáticos estão se tornando obsoletos.

Alguns números já corroboram essa visão. Uma pesquisa com o público da Bett, por exemplo, mostrou que 30% acham que investir em conectividade e LMS é mais importante que comprar livros e conteúdos digitais (20%).

Ano novo, vida nova?

Será que há motivos para acreditar que 2014 vai ser diferente? Se depender do MEC, talvez. O ministério já anunciou que o conteúdo digital do PNLD 2016, se houver, não será tão atrelado ao livro impresso – o que em tese permitiria sair do paradigma analógico para ousar mais.

Mas isso basta? Será que vai nos ajudar a entregar, nas palavras de Rubem Paulo Saldanha (da Intel), “o que o aluno quer, quando ele precisa”?

Provavelmente não. Para fazer o dever de casa, é preciso rever equipes, fluxos e processos; organizar metadados e repositórios; indexar e preparar os conteúdos para uma realidade em que cada parte pode ter vida independente; experimentar com outros modelos de negócio e inovação.

Aí sim vamos estar prontos para deixar que professores e alunos interajam melhor com o conteúdo e que ganhem protagonismo e autonomia. Do contrário, só reforçaremos um abismo digital que, segundo Brian Gonzales (também da Intel), diz respeito não mais ao mero uso de aparelhos, mas ao nível de engajamento com eles na aplicação do conhecimento.

Até a próxima,

@gabidias

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[27/11/2013 22:00:00]