Conselho de John F. Kennedy para vender livros
PublishNews, 28/03/2013
Conselho de John F. Kennedy para vender livros

O New York Times é, de longe, meu jornal favorito (não quero menosprezar meus amigos na Folha, sou gringo, o que posso fazer?). Eu e meio milhão de leitores consumimos religiosamente o conteúdo através de nossos aparelhos móveis, usando um aplicativo muito bem desenhado, atualizado em tempo real. Vou passando de um artigo para outro, pulando para histórias relacionadas que estão linkadas. Imagine que em vez de virar totalmente digital, o Times tivesse decidido “testar” o mercado, lançando um artigo ou uma única edição e ver quantas pessoas iriam comprar. Quão robustos seriam estes dados?

Isso pode parecer um exercício de pensamento sem sentido, mas eu o trago aqui porque vejo muitas editoras no Brasil “testando” o mercado. No melhor dos casos, eles digitalizam o catálogo principal, aumentando lentamente um catálogo de 5-20 livros por mês. No pior, eles criam um único e-book como experiência para ver quantas vendas eles vão gerar. Posso falar com certeza que um pequeno número de títulos não vão gerar as vendas esperadas, mas não pelas razões imaginadas. Eles perdem todos os benefícios de um grande catálogo: Marketing de Canal, Excesso de Consumo e Economias de Escala.

Marketing de Canal

Uma maré alta levanta todos os barcos. A famosa frase de JFK sem dúvida pode ser aplicada a catálogos de e-books. Todas as grandes livrarias de e-books provavelmente farão campanhas de marketing (grátis) em grupos temáticos de títulos do que em livros individuais. “Descubra o novo catálogo de romances da Harlequin para este verão” vai promover, de forma eficiente, todo um grupo de títulos. A Apple é muito boa na criação de seções especiais que permitem a um leitor explorar a loja de e-books da editora. Na Vook, organizamos uma promoção para 50 e-books simultaneamente - elevando o lucro médio da série em 3.500%. Estes títulos não só subiram no ranking de vendas, mas conseguimos um ótimo efeito “seguimento de vendas”, pois os leitores começaram a consumir um título após o outro.

Excesso de Consumo

A indústria da mídia nos EUA está agitada com o conceito de excesso de consumo. Não estamos falando de uma maratona em um rodízio de comida japonesa. Na realidade, estamos falando de um recém descoberto fenômeno onde os consumidores de mídia digital assistem a 3-4 episódios de seus programas de TV favoritos de uma só vez. No caso das editoras, leem 3-4 livros de uma série quando gostam do primeiro. Como leva apenas 30 segundos para comprar e fazer o download de um novo livro, tudo que as editoras precisam fazer para tirar vantagem desta tendência é ter um suprimento pronto (em outras palavras: digitalizar seu catálogo).

Economias de Escala

Do ponto de vista do fornecedor, posso dizer que o custo de produzir um e-book é quase o mesmo de produzir dez. A parte mais importante da conversão de e-book é colaborar com a editora, estabelecendo as diretrizes certas para satisfazer seus padrões especiais. Logisticamente, os esforços para garantir metadados limpos, fontes corretas, capas bem cortadas e arquivos bem formatados para a conversão são os mesmos para um único título ou um grande catálogo. Sem mencionar todas as questões administrativas de notas fiscais e contratos, etc. Passando para o outro lado da mesa, do lado da editora, para todos estes passos há alguém que precisa coordenar tudo isso. Sem mencionar o passo adicional de fazer o upload dos e-books terminados para suas distribuidoras/livrarias favoritas.

Como o crescimento dos e-books continua constante no mundo, chegou a hora de preparar seu catálogo para a explosão aqui no Brasil. Então siga o conselho de JFK: eleve todos seus barcos ao mesmo tempo.

[27/03/2013 21:00:00]