E-books nas bibliotecas são seguros para as editoras?
PublishNews, 04/07/2012
E-books nas bibliotecas

Eu não vi isso escrito em nenhum lugar, mas o último estudo do Instituto Pew sobre e-books parece confirmar que as editoras estão fazendo o melhor para as vendas ao restringir a disponibilidade de muitos dos livros mais atrativos nas prateleiras das bibliotecas.

Esta conjectura da minha parte vem de um dado que alguns podem interpretar de forma diferente.

O dado que mais me interessou foi que 41% dos participantes da pesquisa que, em algum momento, pegaram emprestado um e-book de uma biblioteca, compraram o e-book que tinham lido por último.

Para alguns, isso poderia sugerir que os medos das editoras de que os sócios de bibliotecas não comprariam e-books são exagerados. Realmente, é possível que a “descoberta” na biblioteca de um livro desejado poderia levar à compra de um título se a espera fosse muito longa.

Poderia significar isso.

O que me parece mais provável é que a falta de acesso da biblioteca aos títulos mais comerciais força aqueles leitores que se importam mais com o que leem do que com o que pagam a comprar títulos que a biblioteca não tem (e que provavelmente “descobririam” em algum outro lugar.)

De acordo com o relatório de Jeremy Greenfield no site do Digital Book World:

“Pessoas que pegam e-books emprestados e também compram é um fenômeno que também acontece no mundo dos impressos”, disse Molly Raphael, presidente da American Library Association. “Nós já sabíamos e os dados que mostram isso são importantes para nós”.

Raphael disse que quem pega e-books emprestados vai descobrir um livro que quer retirar, verá que precisa esperar que ele fique disponível, ficará impaciente e acabará comprando. Os sócios também podem conhecer um e-book através do empréstimo e depois podem comprá-lo.

O que Raphael diz é verdadeiro. Mas também poderia ser que o número de livros comprados cairia muito se todas as editoras comerciais disponibilizassem seus títulos mais populares.

Há muitos outros dados interessantes no estudo. O que realmente chamou minha atenção é que 58% dos norte-americanos são sócios de uma biblioteca. Eu acho esse número bem maior do que minha intuição sugeriria.

Alguns outros dados do estudo parecem apoiar minha visão de que as editoras estão fazendo a coisa certa para seus interesses comerciais. O Pew descobriu que 55% dos leitores de e-books que também são associados a bibliotecas preferem comprar e-books e 36% preferem pegar emprestado de qualquer fonte – amigos ou bibliotecas. Mas, entre aqueles que pegaram livros emprestados, somente 33% dizem que geralmente preferem comprar e-books e 57% dizem que geralmente preferem pegá-los emprestados. Combinado com a questão que começou a chamar muito a atenção, a de que a maioria dos sócios nem sabe que as bibliotecas oferecem e-books, vejo uma sugestão muito forte de que a disponibilidade de e-books nas bibliotecas vai reduzir as vendas mais do que estimulá-las.

Nada disso é conclusivo, mas eu achei que minha conjetura e meus instintos não estavam batendo com o giro que o estudo estava dando e, portanto, que valia a pena este rápido texto.

Tradução: Marcelo Barbão

[03/07/2012 21:00:00]