Nesta última segunda e terça, tive o prazer de assistir a um colóquio sobre e-books com foco em bibliotecas, promovido pela Biblioteca Nacional, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. E foi com muita alegria que vi que mundialmente existe um movimento muito grande na direção dos e-books. Ouvi bibliotecários e curadores de diversas instituições da França, Reino Unido e de Colônia, na Alemanha. No final desta coluna, colocarei os links interessantes.
As bibliotecas convidadas já fazem o uso dos e-books em empréstimos. E com alegria posso anunciar que a empresa que trabalho (Xeriph) está implementando esta mesma tecnologia aqui no Brasil. Funciona bem parecido com o empréstimo de livro físico: a biblioteca compra exemplares do provedor de conteúdo, o exemplar fica na página da biblioteca com um botão de empréstimo e outro de fila de espera. Os livros são empacotados com o DRM do provedor e abertos no login e senha do leitor. O livro fica emprestado, sob licença, por mais ou menos sete dias e depois volta para a biblioteca e é disponibilizado para o próximo da fila. Fantástico! Desculpe, mas não consigo não demonstrar minha animação...
As maiores dificuldades enfrentadas pelas bibliotecas que já dispõem deste serviço tcharam... adivinhem... foi convencer os profissionais a usarem e incentivarem o público com o novo formato e também com a informação e divulgar o serviço aos leitores. Todos falaram da importância do marketing interno das bibliotecas. Senti um certo desconforto na plateia formada por bibliotecários e, pelas perguntas do debate, percebi que estão bem fora do assunto e-book. O profissional que começar a se aprofundar agora se destacará. Fica aqui também a questão a discutir da formação destes profissionais. Acredito que as cadeiras acadêmicas também tenham que passar por uma completa reformulação.... nossa...um trabalhão...
O curador da British Library, que por acaso é um brasileiro, cearense muito simpático, nos passou o sistema e também se queixou muito das editoras no que diz respeito à demora na disponibilização de títulos em formato digital e na cobrança dos "exemplares" para as bibliotecas. Perguntei ao curador da Biblioteca de Colônia quanto eles pagavam pelas obras ao agregador de conteúdo, e ele me disse que era o mesmo valor do um exemplar de papel, e que a biblioteca comprava somente um exemplar de cada título. Já o curador conterrâneo do British Library disse que algumas editoras cobravam um valor maior pelo exemplar, outras cobram a recompra do exemplar a cada 26 empréstimos, pois dizem que este é o tempo que um livro impresso dura na biblioteca (ninguém entendeu como chegaram a este número).
O balanço final do encontro foi positivo (lá vem a minha mania de ver as coisas sob um aspecto positivo). Mas foi sim. A primeira coisa que me animou foi que temos tecnologia brasileira desenvolvendo isso. A segunda é que uma biblioteca agora pode ter um alcance muito maior que antes, pois eu posso ser assinante da British Library, da Biblioteca de Nova York e pegarei constantemente livros emprestados da Biblioteca Nacional (espero que implementem o sistema logo logo), sem precisar ir ao centro do Rio e perder um tempão no congestionamento. A renovação dos profissionais de bibliotecas também me anima, pois eles só têm a acrescentar se aproximando deste novo mercado eletrônico, afinal continuaremos necessitando de curadores e direcionadores de cultura. Não tem máquina que substitua esse papel.
Agora eu pergunto a você: isto é ou não é a democratização da leitura?
Temos ainda muito o que evoluir, mas cobrar do governo a banda larga em nosso território, com computadores e tablets, acreditem, é muito mais barato que este sistema inchado e atrasado de distribuição de livro de papel em nosso país com dimensão continental. Podemos posteriormente falar deste sistema, que soube faz pouco tempo e fiquei apavorada com a problemática da logística... É de dar pesadelos.
Abaixo disponibilizarei links interessantes de bibliotecas e continuo divulgando meu e-mail para feedbacks e trocas de informações. Até a próxima quinzena!
camila.cabete@gmail.com
Biblioteca Digital Universitária da França - http://couperin.org
Provedor do governo alemão de livros digitais - http://www.divibib.com
British Library - http://www.bl.uk
Biblioteca de Hampshire - http://www3.hants.gov.uk/library.htm
Projeto Observatório Nacional e-book - http://observatory.jiscebooks.org/
Plano estratégico para 2020 - http://www.bl.uk/2020vision
Aplicativo British Library de assinaturas de obras digitais - http://bit.ly/II2BfQ
Agregadora brasileira de e-books - http://www.xeriph.com.br
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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