Em outubro passado, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) anunciaram a renovação do contrato que permite a sustentação do Brazilian Publishers (BP), projeto setorial cujo objetivo é promover o conteúdo brasileiro no exterior. Na ocasião, foi anunciado que o BP estava recebendo aporte de R$ 5,5 milhões para a realização de seus projetos e que a América Latina passava a ser um dos principais alvos do projeto. Muito bem. Agora, o BP abre a possibilidade para que editores associados participem de duas feiras que são muito importantes na região: a de Bogotá, que acontece entre os dias 18 e 20 de abril, e a de Buenos Aires, cuja Jornada Profissional está marcada para acontecer entre 24 e 26 do mesmo mês. Com recursos próprios, o BP vai financiar parte das despesas de até 10 editores interessados em participar dos dois eventos, dando a eles três noites de hospedagem em hotel indicado pela organização da feira, transporte gratuito entre o hotel e o local do evento, credenciais que dão acesso aos pavilhões das feiras e ainda a publicação das informações das empresas participantes nos catálogos de cada um dos eventos. Para saber como participar, clique no Leia Mais.

Num mundo hiperconectado, a Espanha e o Brasil continuam atentos às possibilidades de internacionalização dos bens e serviços produzidos nos seus respectivos territórios. Em ambos os países, o poder público com oscilações marcadas pelo vai-e-vem das tempestades políticas, desenvolve ações de estímulo às exportações destinando verbas importantes para que as indústrias criativas, dentre elas a indústria editorial, afirmem sua presença internacional gerando divisas e contribuindo para o fortalecimento das respectivas identidades culturais. No entanto, basta uma atenta leitura de alguns indicadores para notar que ainda resta um longo caminho para percorrer no que diz respeito da conexão entre estas culturas. Na Espanha, as traduções de livros respondem por um 13,4% da produção local sendo apenas 0,9% as traduções do português e 51,7 % as do inglês, segundo a Panorámica de la edición española de libros, documento realizado pelo Ministério da Educação, Cultura e Esportes da Espanha em 2015. No Brasil somente 73 obras de autores espanhóis traduzidas para o português foram registradas pela FFLCH/USP. [Nota do editor: em sua coluna Bernardo Gurbanov faz um panorama da relação entre os dois países, trazendo inclusive números e dados importantes dentro desse cenário. Clique no Leia Mais para conferir a íntegra do artigo].

Fazendo umas contas muito rápidas: são 17 anos de mercado editorial, trabalhando, em média, com três livros por mês. Se cada livro tivesse, mais ou menos, 250 páginas, já teriam passado pelas minhas mãos 153 mil páginas. É muito? É pouco? Não sei, só sei que foi assim. Fazendo um balanço de todas essas páginas, muitas me deram orgulho de ter trabalhado, outras nunca me motivaram, não acreditava nelas, mas como o ofício do editor é realizador, 400 dessas páginas foram um divisor de águas na minha vida. Quando estive na Nova Fronteira, eu era editor de livros nacionais. Trabalhei em muitos projetos bacanas e interessantes, inusitados, muitas vezes. Ser editor de livros nacionais é poder desenvolver nosso ofício de verdade. Sentar com o autor, rever o original com ele, sugerir mudanças, ouvir e opinar. E foi numa dessas que me chegou a biografia do Gil (Gilberto bem perto, Nova Fronteira, 2013). A vida passou, mais páginas foram viradas, mais livros editados. [Nota do editor: agora, em 2017, finalmente, o editor se encontra com o biografado, em um show em Porto Alegre. Neste artigo, Marcio Coelho faz um relato emocionado de como foi esse encontro. Clique no Leia Mais e tenha acesso à íntegra deste artigo].

A Editora Empíreo prepara, para março, a obra mais famosa do escritor inglês Algernon Blackwood (1869 - 1951), Os salgueiros. Com edição bilíngue e ilustrada, o livro retrata as aventuras de dois viajantes que descem de barco o Danúbio, rio que corta parte do leste europeu, e passam a viver um verdadeiro inferno de sons e sensações perturbadoras, cercados por salgueiros, em uma região pantanosa. Dessa forma, o leitor é levado a uma experiência bastante específica do horror: o medo do desconhecido, daquilo que não pode ser explicado ou compreendido. Por conta da temática presente em sua obra ficcional, Blackwood recebeu o justo apelido de “Fantasmagórico” e é considerado por grande parte dos críticos como um dos mais notáveis escritores de horror de todos os tempos. A obra faz parte do selo Círculo Lovecraft, que terá outros livros de autores ligados ao mestre do horror sobrenatural.

A Editora Única, selo de ficção da Editora Gente, já está com três lançamentos programados para o primeiro semestre de 2018. O primeiro livro do ano será O projeto Jane Austen, escrito por Kathleen A. Flynn. A obra conta a história de Rachel e Liam: ela, uma médica; ele, um ator. Selecionados e treinados cuidadosamente para viajar no tempo, se infiltrar na família Austen e recuperar um manuscrito perdido e não finalizado de Jane. Já em março, a Única lança A psicologia da Mulher-Maravilha, livro organizado por Travis Langley e Mara Wood, que vai apresentar as virtudes, os poderes e as influências da heroína. Ainda em março, chega também às livrarias o thriller O marido perfeito, da autora best-seller Kimberly Belle. A história gira em torno de Iris e Will, um casal que vive um casamento dos sonhos. Até que Will vai viajar a trabalho para a Flórida e um avião em direção a Seattle sofre um acidente matando todos a bordo e, de acordo com a companhia aérea, ele era um dos passageiros. Em meio a tantas perguntas, dúvidas e mistérios, Iris vai atrás da verdade sobre seu marido, afinal, todo mundo tem um segredo.

A youtuber cristã Fabíola Melo assinou contrato com a Mundo Cristão. Em seu primeiro livro na nova casa, Fabíola abordará as variadas formas de abuso pelas quais a mulher ainda sofre nos dias de hoje. Ela contará com centenas de relatos recebidos por e-mail, e através de seus canais nas redes sociais, nas quais mulheres de todas as idades compartilharam suas dores e sofrimentos. "Estamos muitos felizes com a perspectiva de publicação dessa obra pela relevância do tema e a capacidade de comunicação da Fabíola", informou Renato Fleischner, diretor de operações da Mundo Cristão. A obra sairá no segundo semestre de 2018.

A LeYa realiza hoje (19), uma série de ações simultâneas no Rio e em São Paulo para o lançamento do livro de poemas A princesa salva a si mesma neste livro, de Amanda Lovelace. No Rio, a data marca o início de uma parceria com a estilista Isabela Capeto que, combinando moda e literatura, vai apresentar uma linha de camisetas inspiradas na obra de Amanda e em Deixe a peteca cair, de Tiffany Dufu, outro lançamento da editora. O evento acontece na loja Isabela Capeto do Leblon (Rua General Venâncio Flores, 481, loca C, Leblon), das 12h às 19h. Já em São Paulo, a LeYa recebe Bianca Santana, do Think Olga, para um sarau feminista com leitura de poemas e debate no bar Esquisito (Rua Bela Cintra 532, Consolação), com sorteio de livros e coquetel, das 19h às 22h. A obra contém versos de amor e empoderamento, que levam os contos de fada à realidade feminina do século XXI.

Como parte da programação de férias do Centro de Pesquisa e Formação do SESC (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – São Paulo / SP), começa no dia 9 de janeiro o curso Hilda Hilst: presente. Hilst, prosadora, poeta, e homenageada da Flip 2018, deixou um vasto legado composto ao longo de quatro décadas. Reconhecida pela sua invenção linguística frenética e anárquica, Hilst abordou em sua obra temas como a "expectativa metafísica" das paixões vividas lado a lado da falência, do excesso, e da morte, entre outros assuntos. O curso aborda a prosa tardia e o rico legado de Hilst para a posteridade, com foco em quatro de seus títulos - Contos d'escárnio- Textos Grotescos, O caderno Rosa de Lori Lamby, Cartas de um sedutor e Rútilo nada. A autora é a homenageada da Flip neste ano. Mediado por Flávio Aquistapace, o curso começa dia 9 e segue até 30 de janeiro, às terças, das 18h30 às 20h30. O investimento é de R$ 50. Informações e inscrições pelo site do Sesc.

Em 1997, a Academia Brasileira de Letras (ABL) comemorou seu primeiro centenário, com uma série de encontros e eventos realizados ao longo daquele ano. Agora, 20 anos depois, a ABL coloca no ar o site Memórias do I Centenário, que tem como objetivo resgatar as inúmeras ações comemorativas de seus 100 anos de fundação e disponibilizá-las para o público. Estão lá fotografias e vídeos das seções especiais realizadas naquele ano, bem como relatos de eventos como o almoço no convés do Navio NR Sagres (na foto ao lado), que reuniu acadêmicos, autoridades e personalidades da área da cultura. Para Nélida Piñon, acadêmica responsável pelo resgate da memória, o site "está primoroso e permite que se tenha uma noção concreta de tudo que foi feito naquele centenário. Foram fatos da nossa história que não podem ser apagados”.

Em Metafísica dos costumes (Edipro, 288 pp, R$ 69 – Trad.: Edson Bini), o filósofo Immanuel Kant busca estabelecer os fundamentos centrais do direito e da moral. Dessa forma, propõe hipóteses basilares sobre a ética para o exercício do direito, da filosofia e das ciências humanas em geral. A obra é uma das mais importantes do pensamento kantiano, sobre moral e fundamentos éticos no século XVIII que oferece até os dias atuais embasamento para os estudos da temática. O filósofo avalia que a velha filosofia grega divide as ciências em três partes: a Física, a Ética e a Lógica. Comenta sobre as filosofias naturais, morais e puras. Em seus estudos, Kant distingue o homem dos outros animais por sua razão, e mostra que quando há um comportamento universal ele se torna uma lei moral, altera o conceito de moralidade e introduz conceitos como a boa vontade, sendo assim, todos prestam atenção por razões racionais.

Vilém Flusser, pensador tcheco que passou a maior parte de seu período produtivo no Brasil, é mundialmente conhecido como um intelectual inovador. Foi um dos primeiros a refletirem filosoficamente sobre as novas tecnologias e antecipou ponderações sobre novas modalidades de redes sociais. Sua filosofia é marcada pela intenção de diálogo e pelo cultivo da linguagem. Deste modo, foi um inovador não somente dos temas, mas também do estilo. E uma amostra contundente disso está no box O último juízo: Gerações (É Realizações, 816 pp, R$ 169,90), a mais extensa obra que Flusser escreveu em toda a sua vida e que, no entanto, até agora permanecia inédita em qualquer idioma. Empregando as noções de culpa, castigo, maldição e penitência, ele explora o modo como desde os que antecederam a modernidade até os homens de hoje veem e lidam com o mundo.

Leitura que abrange todas as áreas do conhecimento, A estrutura das revoluções científicas, publicada em 1962, alçou Thomas Kuhn à categoria de um dos mais importantes e influentes filósofos do século XX. Argumentando que a história da ciência não se processa cumulativamente, Kuhn transformou a nossa noção de conhecimento científico. Após publicar sua obra capital, Thomas, por mais de 30 anos, reavaliou e reajustou os principais conceitos presentes em seu ensaio, e o resultado pode ser conferido em O caminho desde a estrutura (Editora Unesp, 414 pp, R$ 68 – Trad.: Cezar A. Mortari), obra dividida em três partes. A primeira parte do livro consiste de ensaios tópicos nos quais o autor refina os conceitos fundamentais elaborados em A estrutura. Na segunda parte, Kuhn responde extensivamente às críticas dirigidas a suas contribuições anteriores. A terceira parte do volume é composta pela transcrição de uma notável entrevista autobiográfica concedida por Kuhn em Atenas, em 1995, menos de um ano antes de sua morte.

Gaston Bachelard (1884-1962), figura exemplar da escola laica – bolsista de origem modesta, que ocupou a cadeira de História e de Filosofia das Ciências da Sorbonne – é um pensador não convencional: baseando-se na física, na química e na matemática em plena revolução, mas também em Freud e em Jung (reinterpretados), construiu uma epistemologia de um racionalismo sutil que fez amplamente escola, compreendendo o progresso da ciência como uma sequência de descontinuidades; metafísico, opôs-se a Bergson quanto ao problema do tempo, defendendo uma filosofia do instante contra a filosofia da duração; renovou também a abordagem da poesia, dando uma importância inédita ao imaginário. Em Bachelard (Estação Liberdade, 264 pp, R$ 44 – Trad.: Nícia Adan Bonati), o volume 30 da coleção Figuras do Saber, Vincent Bontems analisa a abundante obra de Bachelard: sua epistemologia, a partir do Ensaio sobre o conhecimento aproximado até o Materialismo racional.

A humanidade está vivendo uma de suas maiores crises: o aumento da polarização entre ricos e pobres. Este é o tema do livro A origem do sofrimento pobre (Paulus, 152 pp, R$ 35), de Luiz Alexandre Solano Rossi. Os ricos agradecem a Deus nos mais diversos altares como se a riqueza fosse uma recompensa divina. Mas nenhum sistema econômico que produz injustiça pode ser abençoado. A obra traz a experiência de Jó, que proclama que não há relação entre pecado e sofrimento e entre virtude e recompensa. Uma das possíveis expressões da teologia da retribuição é a teologia da prosperidade. A complexidade dessa teologia está na afirmação que a razão para uma pessoa não ter sucesso financeiro, viver infeliz e / ou com doenças é a sua falta de fé, ou que ela não cumpre o que a Bíblia diz. Diante deste cenário, o autor apresenta um contradiscurso ao discurso da teologia da prosperidade.