Breno Lerner, que nos últimos 28 anos se dedicou à Melhoramentos, deixa a casa. A decisão, segundo disse o agora ex-superintendente da empresa, foi tomada em conjunto com os acionistas da casa. “A Melhoramentos tem 127 anos, desses eu fiquei lá por 28. A empresa continua e eu estou em busca de novas aventuras”, disse bem-humorado. Breno, amante da gastronomia e autor do livro O ganso marisco (Melhoramentos), que reúne crônicas sobre o assunto, disse ainda que deve tirar um período de descanso, que “não deve durar mais do que três finais de semana”. Depois disso e “respeitados os meus acordos com a Melhoramentos, vou consultar o mercado e ver se alguém está interessado, mas, principalmente, quero me dedicar ao meu projeto de palestras sobre gastronomia, que é a minha paixão mortal”, concluiu. A Melhoramentos, em nota, confirmou a saída de Lerner e informou que Marcus Vinícius Barilli Alves, diretor comercial, assume imediatamente o cargo deixado por Breno, ficando responsável por todas as áreas da editora.

Acabo de voltar da Flip e estou cambaleante, como se ainda precisasse me equilibrar pelas pedras do calçamento (e desengonçado pelo álcool). Só que o que me sacoleja agora são as ideias, e isso é novo. Bem, não é exatamente “novo”; é “de novo”. Nos últimos anos já não trazia ideias de lá, andava enfastiado da Flip. As mesmas falas maravilhosas, as mesmas festas catárticas, as mesmas pessoas queridas e os mesmos projetos quixotescos a cada ano, ano após ano. Porém desta vez — a 13ª que lá fui — posso dizer que foi a mais intensa e instigante. Com todo o amor e respeito aos curadores pregressos da Flip, acho que é consenso que Josélia Aguiar fez diferente e fez diferença. Ao trazer à merecida luz autores e temas negros, em toda sua heterogeneidade, o festival forçou uma discussão que pode tornar a sociedade um pouco menos canalha. Em tempos de dicotomia e “fascibook”, foi redentor ouvir a Diva que saiu da plateia e compartilhou sua história tão brasileiramente doída. Essa foi ainda a Flip que trocou a verba pelo rebolado, buscando soluções (como a Igreja) que mitigassem os cortes do patrocínio. Se os orçamentos minguantes são um problema para todos os festivais literários, talvez uma solução esteja em pensar em conjunto. A ideia de uma “federação de festivais” — um fórum onde produtores, curadores, editoras e secretarias de cultura poderiam coordenar datas e temas e otimizar custos (por exemplo, repartindo o transporte de autores) — foi acalentada em encontro na Casa PublishNews. A união também se prestaria à convênios com festivais, daqui e do exterior, articulando com instâncias do governo e fundações para o intercâmbio de escritores e editoras.

Quem não viu o depoimento da Diva Guimarães, precisa correr e assistir já. Foi lindo e tem sido compartilhado no mundo todo. Precisa falar mais da Flip? Sim, precisamos! Uma Flip marcada pela crise nos fez reinventar a vida, assim como o mercado. A abertura popular destes eventos aconteceu finalmente e se provou infinitamente mais produtiva e linda. Este ano a Tenda dos Autores foi dentro da igreja da Matriz, mas fora havia a tenda do telão, como som e imagem incríveis! Deram o tradutor simultâneo também para as pessoas que ficaram no telão, melhorando a acesso dos ouvintes aos autores estrangeiros. O resto da cidade? Fervilhando. A programação paralela ganhou um super complexo vitamínico. Mesas cheias. Que lindo trabalho do PublishNews, da Casa Santa Rita da Cassia e do SESC. Fora as outras casas incríveis que tive a rápida oportunidade de passar. Clique no Leia Mais e leia a íntegra do balanço que Camila Cabete fez da Flip 2017.

Na última segunda-feira, o PublishNews publicou uma lista dos dez livros mais vendidos da Flip. A informação foi apurada no fim da manhã do domingo, antes, portanto do fechamento total do balanço da Travessa, a livraria oficial do evento. Agora, o PublishNews divulga a lista completa dos 20 títulos mais vendidos nos quatro dias de evento. Encabeçando a lista, Lazaro Ramos, apontado como o “muso” da Flip 2017, com Na minha pele (Companhia das Letras). Na segunda posição, Scholastique Mukasonga, com A mulher de pés descalços (Nós) e em terceiro, Com o mar por meio: uma amizade em cartas (Companhia das Letras), de Jorge Amado e José Saramago. Há na lista ainda Conceição Evaristo, Chimamanda Ngozi Adichie, Lima Barreto, Carol Rodrigues, Noemi Jaffe, Marlon James, entre outros. Para conferir a lista completa, clique no Leia Mais.

A Saraiva, anunciou o lançamento da Saraiva Kids, loja voltada para a venda exclusiva de artigos infantis dentro de seu e-commerce. Na página, os clientes podem aproveitar as ofertas exclusivas e uma seleção de livros relacionados ao universo infantil, além de conhecer a área especial “crie momentos com seus pequenos!”, com três abas especiais. “Com curadoria da rede, a Saraiva Kids tem como objetivo ajudar os pais, familiares e amigos a escolher livros ou outros produtos de acordo com as situações, interesses e idade das crianças”, defende Adriano Tavolassi, diretor de e-commerce da Saraiva. O novo ambiente permite selecionar os itens a partir da idade da criança, com vários livros sugeridos para cada faixa etária. Além disso, a página permite que o usuário filtre os produtos pelos personagens favoritos da criança.

Estão abertas as inscrições para o 9º Seminário O Negócio do Livro, promovido pelo Clube dos Editores do Rio Grande do Sul com apoio do Goethe-Institut Porto Alegre. Entre 9h e 18h da próxima sexta-feira (4), profissionais ligados ao setor debaterão sobre o mercado, plataformas digitais e novas editoras. Estarão presentes Mariana Rolier (na foto ao lado), da HarperCollins Brasil; Annete Baldi, da Projeto; Mônica Timm de Carvalho, do Elefante Letrado; Fabiano Curi, da Carambaia; Corina Campos, da Rocco, e Sérgio Lüdtke, da Escola de Interatores. O seminário acontece no Goethe-Institut (Rua 24 de Outubro, 112, Independência - Porto Alegre / RS) e é promovido anualmente pelo Clube, entidade que representa 23 editoras, e é um importante evento de discussão sobre o mercado editorial no Estado. As inscrições custam R$ 100 e podem ser feitas pelo site do Seminário até o dia 3, ou no dia e local do evento.

O Sesc São Paulo abre no próximo dia 19 uma nova unidade, a 24 de maio, a poucos metros do Theatro Municipal, Galeria do Rock, Praça das Artes e da Biblioteca Mário de Andrade. Localizado nas esquinas da Rua 24 de Maio com a Dom José de Barros, o novo centro cultural, esportivo e de convivência tem a expectativa de receber cerca de cinco mil pessoas por dia, que terão acesso a quase 28 mil m² de área construída. O Sesc 24 de Maio contará com teatro, espaços para comedoria, cafeteria, biblioteca, área de exposição, convivência, clínica odontológica, área para prática esportiva e atividades corporais, área de tecnologia e arte, solário, entre outros espaços. As primeiras atividades da programação entre os dias 22 de agosto e 03 de setembro também já foram definidas e contarão com espetáculo para crianças, contação de histórias, oficinas, aulas abertas, lançamento de livro, entre outras opções. Entre os destaques está o lançamento do livro Lima Barreto: triste visionário (Companhia das Letras), com bate-papo com a autora Lilia Schwarcz, no dia 22, às 19h30; a oficina de estímulo a exploração dos arranjos da escrita, nos dias 26 e 27, às 14h; e a programação infantil com seção de contação de histórias, do dia 26 a 31 de agosto, de terça a sexta e domingos às 14h30, e aos sábados, às 15h. A programação completa você confere clicando aqui.

O escritor Ronaldo Wrobel, autor d’O romance inacabado de Sofia Stern, conduz um curso sobre os Processos Criativos em Ficção. Entre as abordagens de Wrobel estarão personagens, trama, estilo e desfecho, bem como a discussão de romances brasileiros e estrangeiros. As aulas começam no dia 16 de agosto e seguem até 6 de dezembro, sempre às quartas-feiras, das 13h30 às 15h. O encontro integra a programação do Projeto Literatura para Todos da Estação das Letras (Rua Marquês de Abrantes, 177, Flamengo – Rio de Janeiro / RJ). O investimento pode ser dividido em 4 vezes de R$ 200.

O psiquiatra e escritor Mauro Maldonato conduz o curso Decisão, intuição, improvisação: o poder do inconsciente no cotidiano, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar – São Paulo / SP), entre os dias 9 e 11 de agosto, às 19h30. No workshop, Maldonato explorará de maneira singular temáticas concernentes ao cotidiano da vida dos indivíduos em diferentes âmbitos, num momento da história tão conturbado, de tantas incertezas. Nos processos de decisão, intuição e improvisação, Maldonato procura delinear os limites entre o racional e o irracional entre o que chamamos de inconsciente em nossas vidas. Junto com o curso acontece o lançamento do livro Na hora da decisão: somos sujeitos conscientes ou máquinas biológicas? (Edições Sesc). Nele, o autor discute a fronteira existente entre a consciência e a biologia do cérebro na tomada de decisões.

O Clube Skoob, clube de leitura virtual da rede social brasileira de leitores, abriu as inscrições para a terceira Caixa Skoob, seu kit literário mensal por assinatura. Com vagas limitadas a apenas 200 novos assinantes e prazo para as inscrições acaba neste sábado (5), a caixa terá o tema “Cores”, trazendo um título surpresa, com edição exclusiva e capa dura, além de brindes especiais. Após estreia experimental, em abril, em que se esgotaram as 100 unidades da caixa número zero em apenas duas horas, o Clube Skoob investiu para aumentar a interação entre os leitores assinantes. Por isso, além de contar com um grupo secreto no Facebook, nos próximos meses os assinantes poderão se conectar via aplicativo móvel, promoverão debates e trocarão impressões a respeito do livro do mês, entre outras ferramentas.

“Toda a diversidade, todo o encanto, toda a beleza da vida é feita de sombra e de luz”, escreve Liev Tolstói no romance que Fiódor Dostoiévski definiu como “impecável”. Publicado originalmente em forma de fascículos entre 1875 e 1877, antes de finalmente ganhar corpo de livro em 1877, Anna Kariênina (Companhia das Letras, 808 pp, R$ 84,90 – Trad.: Rubens Figueiredo) continua a causar espanto. Como pode uma obra de arte se parecer tanto com a vida? Com absoluta maestria, Tolstói conduz o leitor por um salão repleto de música, perfumes, vestidos de renda, num ambiente de imagens vívidas e quase palpáveis que têm como pano de fundo a Rússia czarista. Nessa galeria de personagens excessivamente humanos, ninguém está inteiramente a salvo de julgamento: não há heróis, tampouco fracassados, e sim pessoas complexas, ambíguas, que não se restringem a fórmulas prontas. Religião, família, política e classe social são postas à prova no trágico percurso traçado por uma aristocrata casada que, ao se envolver em um caso extraconjugal, experimenta as virtudes e as agruras de um amor profundamente conflituoso, “feito de sombra e de luz”.

A solidez do casamento de Oscar é ameaçada pela chegada de Nelson, ex-namorado de sua mulher e desafeto dos tempos de juventude. Recém-chegado do Acre, ele se muda para o mesmo prédio do casal, na Vila Buarque, centro de São Paulo. Perdido entre a paranoia, o ciúme de Marcela e lembranças de adolescência nas praias de Santos na década de 1980, Oscar vaga por São Paulo esbarrando em feridas do passado e ameaças de violência que parecem sair das ruas e invadir com força sua rotina morna e previsível. Acre (Todavia, 208 pp, R$ 44,90) mergulha o leitor numa cidade sufocante e hostil, onde preconceito, brutalidade e decadência brotam a cada esquina. Lucrecia Zappi consegue retratar a relação conflituosa da classe média com a cidade de São Paulo.

Afastada da mãe desde a juventude, quando fugiu de sua pequena cidade rural na Irlanda, Kate jurou que seria uma mãe presente. Mas a vida é um ciclo que se repete, e Kate agora precisa encarar o abismo que surgiu entre ela e a filha, Sabine. Prestes a viajar para encontrar a avó que nunca conheceu, Sabine não está nada animada. Mas a natureza impetuosa e inquisitiva da jovem forçará a avó a encarar seus segredos há muito enterrados e a fará perceber que talvez tenha chegado a hora de finalmente curar as feridas do passado. Em seu primeiro romance, publicado originalmente em 2002, mas que só agora chega ao Brasil, Jojo já exibia seu talento para contar histórias emocionantes e narrar a vida em família, seus segredos, traições e dores do passado, mas também a redescoberta do amor. Em busca de abrigo (Intrínseca, 320 pp, R$ 39,90) é uma trama cheia de surpresas, assim como a vida real.

O selo Penguin da Companhia das Letras, lançou um box com dois volumes de Os miseráveis (1.912 pp, R$ 99,90 - Trad.: Frederico Ozanam Pessoa de Barros). Considerado a obra-prima de Victor Hugo, este romance se desdobra em muitos: é uma história de injustiça e heroísmo, mas também uma ode ao amor e também um panorama político e social da Paris do século XIX. Pela história de Jean Valjean, que ficou anos preso por roubar um pão para alimentar sua família e que sai da prisão determinado a deixar para trás seu passado criminoso, conhecemos a fundo a capital francesa e seu povo, o verdadeiro protagonista. Na via crucis que é o romance sobre a vida de Valjean, são retraçadas as misérias cotidianas e os dias de glória do povo francês, que fez das ruas seu campo de batalha e das barricadas a única proteção possível contra a violência cometida pela lei. Esta edição traz ainda uma esclarecedora apresentação de Renato Janine Ribeiro.