Brezilya'nın gelen yayımcıları Fellowship İstanbul'da
PublishNews, Leonardo Neto e Talita Facchini, 06/03/2018
Seis brasileiros embarcam para Turquia onde participam do Fellowship da Feira do Livro de Istambul

A Mesquita Azul é um dos cartões postais de Istambul | © José Luiz Ribeiro / WikiCommons
A Mesquita Azul é um dos cartões postais de Istambul | © José Luiz Ribeiro / WikiCommons
Trezentos editores de 70 países se inscreveram para concorrer a uma vaga na terceira edição do programa de fellowship de Istambul. Desses 300, 100, de 60 países, foram selecionados e já começaram a embarcar para a capital turca onde participam de uma série de encontros entre os dias 9 e 11 de março.

Do Brasil, seis editores estarão presentes e manterão uma agenda de contatos com editores e livreiros turcos e ainda poderão conhecer o TEDA, programa de apoio à tradução do Ministério da Cultura local, que, de 2005 para cá, já financiou a tradução de 15 obras turcas para o português do Brasil.

Erivan Gomes, diretor da Cortez, é um desses. Ele, que já está acostumado a participar de feiras apoiadas pelo Brazilian Publishers, comenta: “Acredito que participar de feiras internacionais fora do circuito Frankfurt-Bologna-Londres, como a de Istambul, nos possibilita além de ter acesso a novos mercados, nos aproximar de mercados regionais. Nessas feiras, participam muitos editores que por alguma razão não estão presentes nas grandes feiras internacionais e isso é uma oportunidade de contatar novos editores localmente”.

Além dele, estão indo para a Turquia Donaldo Walter Buchweitz (Ciranda Cultural), Alice Santana (Companhia das Letras), Omar Souza (HarperCollins), Verônica Gonzalez (Globo) e Luciana Rodrigues (L&PM).

Esta é a terceira edição do Fellowship de Istambul, que é organizado pela Sociedade Turca de Editores e Imprensa. Na primeira edição, em 2016, o programa levou 14 editores de nove países. Na segunda, esse número subiu para 30 bolsistas de 21 países.

Juergen Boos entrevista Asli Erdoğan durante a Feira do Livro de Frankfurt de 2017 | Leonardo Neto
Juergen Boos entrevista Asli Erdoğan durante a Feira do Livro de Frankfurt de 2017 | Leonardo Neto

Nunca é demais lembrar que a Turquia foi duramente criticada nas duas últimas edições da Feira de Frankfurt. Isso porque, em resposta a uma suposta tentativa de golpe, o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan determinou a prisão de 50 mil pessoas. Dessas, 180 eram jornalistas ou escritores. Em 2016, Heinrich Riethmüller, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, leu, durante a cerimônia de abertura oficial da feira, uma carta escrita pela romancista turca Asli Erdoğan, presa pelo regime de Tayyip Erdoğan. “Eu clamo a vocês daqui, atrás de pedras, concreto e arame farpado. A consciência está sendo pisoteada no meu país. Eles estão tentando nos matar de verdade. Não sei dizer como, mas a literatura sempre conseguiu superar ditadores”, dizia a carta contrabandeada da prisão onde a escritora está em Istambul.

Em 2017, quando o programa de Fellowship começou a ganhar corpo, a situação turca e as violações dos direitos de expressão voltaram a ganhar eco em Frankfurt. Foi quando Asli, em pessoa, foi entrevistada por Juergen Boos, diretor geral da Feira do Livro de Frankfurt. Ela disse na ocasião que a luta não estava ganha com a sua libertação. A censura, disse ela em Frankfurt, era presente ainda na vida dos intelectuais turcos e concluiu: "A democracia é algo que a gente precisa proteger. Sem uma esquerda [como quer o presidente], você não pode ter uma sociedade democrática. Eu fui para a cadeia por que escrevi sobre as atrocidades que o governo turco cometeu. Nós temos que contar essas histórias".

Os profissionais selecionados têm todas as despesas da viagem pagas pelos organizadores, incluindo as passagens aéreas, quatro noites de hotel, com todas as refeições.

** matéria atualizada às 12h50 do dia 06/03/2018

[06/03/2018 11:17:00]