Reino Unido: ‘2017 foi um ano sólido, mas não espetacular’
PublishNews, Leonardo Neto, 15/02/2018
Com faturamento estável e sem nenhum grande hit, mercado britânico fecha 2017 vendendo 189,8 milhões de exemplares, o que redundou em um faturamento de 1,59 bilhões de Libras

Desde o início de fevereiro, o PublishNews tem mapeado alguns mercados internacionais a partir dos dados trocados por alguns dos nossos colegas que participam da PubMagNet, uma rede de jornalistas e analistas especializados na cobertura da indústria editorial. A série já trouxe dados da França, Itália e Alemanha. A edição de hoje traz os principais destaques de como foi 2017 no Reino Unido.

Os dados foram apresentados na última reunião do grupo, em Oslo, por Benedicte Page, editora adjunta da The Bookseller. De acordo com os números da Nielsen, o mercado de livros impressos se manteve praticamente estável em valor, com discreto aumento de 0,09% no faturamento. No entanto, em volume, o mercado lá perdeu 2,7%. Em números absolutos, quer dizer que, no ano passado, foram vendidos 189,8 milhões de exemplares, o que redundou em um faturamento de 1,59 bilhões de Libras. Benedicte observa que 2017 foi o terceiro ano consecutivo com crescimento do faturamento e observa que isso se deveu essencialmente ao aumento do preço médio do livro que hoje está em 8,39 libras.

Interior da Waterstones da Sauchiehall Street | © Thomas Nugent / WikiCommons
Interior da Waterstones da Sauchiehall Street | © Thomas Nugent / WikiCommons

O segmento de melhor performance foi o de Ficção, que apresentou crescimento de 1,7% na comparação com o ano anterior. Não Ficção Especialista, cresceu 0,6%, enquanto que Não Ficção Trade apresentou queda também de 0,6% e as vendas de livros Infantojuvenis se mantiveram estáveis, com discreta queda de 0,03%.

“Em geral, 2017 foi um ano sólido, mas não espetacular, sem novas tendências fortes ou grandes hits. Tendências como paródias e comida saudável, que foram fortes em 2016, desapareceram”, analisa a editora. Isso se refletiu nos resultados das editoras. Sem nenhum arrasa quarteirão, a Hachette, por exemplo, teve queda de 8% na comparação com 2016, quando lançou Harry Potter e a criança amaldiçoada. Pelo mesmo motivo, a Pan Macmillan caiu 10,5% sem algo que comparasse ao sucesso de Joe Wicks e seus livros de dieta. “Ao mesmo tempo, títulos como Origem, de Dan Brown, e Mais escuro, de E. L. James, foram bem, mas ainda não tão bem quanto os títulos anteriores desses mesmos autores. Uma tendência inspirada no movimento MeToo, que fala sobre o ‘empoderamento’ das mulheres, foi notável, mas não o suficiente para afetar os números principais do nosso mercado”, conclui.

O livro Five ingredients (Michael Joseph), do chef Jamie Oliver, foi o campeão de vendas no ano passado, seguido por Bad dad (HaperCollins Childresn), de David Walliams e Tony Ross, e Origem (Bantam), de Dan Brown. O ranking dos dez mais vendidos pode ser consultado no fim dessa matéria.

Benedicte lembra que ainda não há números fechados relativos ao livro digital, mas, segundo ela, é provável que as vendas de e-books sejam menores do que as apuradas no ano passado e que os audiolivros por lá devem mostrar um bom crescimento.

Os dez mais vendidos em 2017 no Reino Unido:

  1. Five Ingredients (Michael Joseph), de Jamie Oliver
  2. Bad Dad (HarperCollins Childrens), de David Walliams e Tony Ross
  3. Origin (Bantam), de Dan Brown
  4. The Couple Next Door (Corgi), de Shari Lapena
  5. The World's Worst Children 2 (HarperCollins Childrens), de David Walliams e Tony Ross
  6. Guinness World Records 2018
  7. Night School (Bantam), de Lee Child
  8. Sapiens (Vintage), de Yuval Noah Hariri
  9. The Getaway (Penguin), Jeff Kinney
  10. La Belle Sauvage (Penguin/DFB), de Philip Pullman

Sobre a PubMagnet

Em 2017, o PublishNews realizou uma série de matérias especiais que mapearam o mercado de livros em seis países: Alemanha, Espanha, EUA, França, Japão e Reino Unido. Apelidada de PubMagNet, a série surgiu a partir das informações trocadas em um grupo de jornalistas, analistas e observadores do mercado editorial mundial que existe há mais de dez anos. A rede, que leva o mesmo nome da série, tem como objetivo o intercâmbio de informações, dados e notícias vindos de diversas as partes do mundo e se reúne duas vezes por ano, sempre em outubro, durante a Feira de Frankfurt, e no início do ano, em algum país da Europa. Nesse ano, a reunião aconteceu em Oslo (Noruega). Além do PublishNews, participaram da PubMagNet representantes dos seguintes países: Alemanha (buchreport), China (bookdao), EUA (Publishers Weekly), Espanha (Dosdoce), França (Livres Hebdo), Itália (Informazioni editoriali), Japão (BunkaNews) e Reino Unido (The Bookseller).

[15/02/2018 10:23:00]