Ninja dos metadados
PublishNews, Ricardo Costa*, 17/01/2018
Em artigo especialmente escrito para o PublishNews, Ricardo Costa dá dicas práticas para "dominar" os metadados

Do que me lembro dos desenhos japoneses da minha infância, os ninjas (que naquele tempo não eram tartarugas!) dominavam a arte do combate. Eram os caras! Mas era muito difícil saber quem eram. Eles entravam e saiam e a vítima nem percebia…

Cuidar dos metadados dos seus livros (manter as informações corretas e completas) pode ser uma dessas coisas que não aparecem (e não é lá muito sexy, convenhamos). Pelo menos não no início. Com o tempo, os resultados vão colocar o seu trabalho sob os holofotes, mas talvez nessa altura da história você já esteja em outro desafio.

O que você precisa saber pra se tornar um ninja dos metadados?

Grave uma coisa: metadados são vivos (não sabia se escrevia “seres vivos” ou “coisas vivas”; seres eles não são, e “coisa" é genérico demais… então ficou assim: eles “são vivos”).

Outro dia o diretor comercial de uma grande editora estava comentando comigo que não aguentava mais atualizar seus dados num grande varejista online. Ele já havia recebido três vezes pedido de título que não pertencia mais à editora. Mas atualizava na plataforma do varejista e semanas depois estava errado novamente.

Além disso, rede mundial de computadores tem um mar de informações, mas como sabemos, ela tem informações de toda qualidade. O pior é que, infelizmente, se não estivermos muito atentos, as informações que se destacam são as erradas…

Os metadados precisam ser sempre mantidos atualizados. Quer para contrapor-se aos dados incorretos da rede, quer para se destacar frente aos concorrentes que surgem a cada dia, ou “simplesmente" para manter o fluxo de novas informações sobre um título de catálogo. Você, editor, está familiarizado com a máxima de que os lançamentos puxam a venda de livros de catálogo, especialmente por parte das livrarias (nem sei o quão verdadeira essa máxima é, mas não é meu papel discutir isso…). Pois os metadados vivos “puxam" a relevância dos seus títulos nas buscas dos leitores.

Mas, atenção! Manter metadados vivos não é atualizar os preços uma vez por ano. Isso é manter o seu negócio respirando (às vezes por aparelho…).

Já estou vendo você me perguntar: mas o que é que eu tenho pra atualizar, senão o preço? Pois tem um punhadinho de coisas:

Primeira e, talvez, principal: palavras-chave. Você lançou um livro há algum tempo, incluiu palavras-chaves que tinham relevância naquele momento, mas a história gira, o mundo muda, coisas acontecem, novas expressões surgem… você precisa manter o seu título “conectado" com o mundo atual. Assuntos que não estavam em pauta quando você o lançou podem levar seu título da posição cento e tantos para os Top 10.

Outra coisa: referências. Você pode — e deve — referenciar (cruzar) um título com outros do mesmo assunto, mesma categoria, mesmo autor, títulos com abordagens similares; versões do mesmo título — comentado, resumido, com apresentação de fulano; pode, ainda, relacionar os diferentes formatos, que podem ser lançados em momentos diferentes, então quando sair um novo você precisa atualizar a referência no formato já existente. Tá vendo quanta coisa?

E tem mais. Arquivos de mídia. Pois é, cada vez mais as mídias sociais são ferramentas de marketing e vendas. E você pode (precisa) fornecer ferramentas / conteúdo para essas mídias. Seu autor deu uma palestra: disponibilize o vídeo. Você criou um booktrailler, saiu o filme do livro, o jornal X ou a revista Tal fez uma matéria sobre o livro, coloque tudo à disposição do livreiro e do leitor. Disponibilize o primeiro capítulo, ou umas 10 páginas, para o leitor “provar” o seu texto, conhecer a sua história.

E vai por aí afora. Solte sua imaginação! Bom, tenha um pouco de cuidado… não é a quantidade, mas a qualidade de informação, que vai dar relevância ao seu título nas buscas.

Mais uma coisa, antes de finalizar. Conscientize-se do papel fundamental dos metadados na vida do seu livro. Sem eles o livro não existe. Parece meio dramático, mas é simples assim. Já prometi em outro artigo, e vou cumprir em breve, falar sobre resultados de pesquisas da Nielsen sobre a influência dos metadados nas vendas. Mas temos aqui, em oito meses de operação no Brasil, relatos de editores que já estão percebendo resultados positivos depois de começar a usar os metadados de maneira caprichada. Uma diretora comercial comentou com a gente esses dias: “eu chegava a esperar 60 dias por um pedido da livraria; depois que integramos, os pedidos estão chegando em até 15 dias!” São 45 dias a mais para expor e vender esses livros…

Mas vamos parar por aqui hoje. Volto logo com mais papo sobre metadados. Você já tem uma listinha legal de coisas para desenvolver suas habilidades de "Ninja dos Metadados" e dominar a arte de manter as melhores informações sobre os seus livros disponíveis no mercado.

Fui!


* Ricardo Costa é Managing Director do Metabooks no Brasil. Por seis anos, foi sócio-diretor do PublishNews. Além de um apaixonado pelo mundo do livro, é viciado em séries de TV e se mete a cozinheiro (sim, cozinheiro, porque “chef” agora é coisa de TV) nas horas vagas, que são poucas! Ricardo é formado em Análise de Sistemas e tem especialização em Publishing, com experiência em desenvolvimento de negócios no mercado editorial. Trabalhou por seis anos como diretor editorial e de marketing e outros três anos como consultor em desenvolvimento de negócios editoriais; antes disso, foi gerente de produto na HBO Brasil.

[17/01/2018 09:44:00]