Diários de Frankfurt: A aventura de Rafaela chega ao fim com mais uma lição
PublishNews, Rafaela Lamas*, 16/10/2017
Entre uma comidinha e uma cerveja, Rafaela teve um insight: 'pessoas, por mais que estejam acostumadas à comunicação instantânea, valorizam a troca de olhares e uma conversa com reações espontâneas'

Come-se muito bem na Alemanha. Bebe-se melhor ainda. Mas dentre todas as cervejas e salsichas, quem ganhou o meu coração foram as batatas doces fritas. Ah! Tinha também uns biscoitinhos que ficavam à disposição nos balcões de recepção do Agents Center: entre uma reunião e outra, no caminho para o banheiro, na volta de uma caminhada em algum pavilhão... não houve uma só vez em que eu passei por lá sem pegar um. Juro, eram irresistíveis.

E tão boa quanto a sensação de comer um daqueles biscoitinhos era a sensação de saber que durante aqueles dias, entre um biscoito e outro, eu encontraria pessoas que havia muito tempo eu já conversava por e-mail, mas não fazia ideia de qual era a cor do cabelo ou o tom da voz.

Não sei se essa é uma percepção romantizada de marinheira de primeira viagem, mas o que mais me marcou na minha experiência da feira de Frankfurt foi exatamente a riqueza dos encontros e a constatação de que eles são uma ferramenta indispensável para os negócios.

Negócios são feitos por pessoas. E pessoas, por mais que estejam acostumadas à comunicação instantânea (e-mail, WhatsApp, Skype, Facebook etc.), valorizam a troca de olhares e uma conversa com reações espontâneas devidamente contextualizadas.

Além disso, é muito importante termos a possibilidade de compartilhar impressões sobre os mais variados assuntos com profissionais do mercado que possuem pontos de vista diferentes. O que está acontecendo no mercado editorial holandês? E no Chinês? Quais as melhores práticas que podemos tentar aplicar na nossa realidade aqui no Brasil? E o que nós temos a dizer das estratégias que encontramos para encarar a crise político-econômica que impactou diretamente o mercado editorial? Qual a sua comida favorita? O que você pensa sobre o governo do seu país?

Passar uma semana travando esse tipo de diálogos com parceiros comerciais foi bastante especial. Várias vezes me peguei pensando: quando é que eu teria essa conversa com essa pessoa não fosse aqui, pessoalmente? Isso sem falar na sensação de, durante o giro pelos estandes, me deparar com as mais variadas edições de um livro que, no Brasil, foi editado por um dos selos do Grupo Autêntica.

Saber a história da edição brasileira de um determinado livro e, de repente, dar de cara com a sua capa alemã fazia despencar sobre mim um mundo de curiosidades: como foi a negociação dos direitos? E os termos do contrato? Será que tiveram os mesmos desafios com a tradução? Como foi a concepção dessa capa? Será que o briefing que passamos para o capista foi parecido? [...]

Entre um biscoitinho e outro fui colhendo provas de que estamos – nesse mundão gigante – profundamente conectados. O elo não está só na tecnologia, que sem dúvidas nos aproxima imensamente, está também nos assuntos que buscamos, nos livros que lemos, nas sensações que compartilhamos.

E, diante de todas essas evidências, desconfio que quanto mais generosos formos com nossos encontros – seja para fazer negócios, para um happy hour depois de um dia de muito trabalho, para uma breve conversa de elevador – maiores serão as possibilidades de conexões, mais fortes serão os elos.

Frankfurt fez de mim uma defensora ferrenha dos encontros. E hoje, mais do que nunca, entendo esse movimento como algo auspicioso que pode fazer parte da receita para um mundo mais humano.

Com esse diário me despeço e desejo a todos uma boa semana, bons encontros e bons negócios.

Auf Wiedersehen!

Confira mais alguns cliques do Diário de Rafaela em Frankfurt

Os famosos biscoitinhos da recepção do Agents Center | © Rafaela Lamas
Os famosos biscoitinhos da recepção do Agents Center | © Rafaela Lamas

Turistando em Frankfurt | © Rafaela Lamas
Turistando em Frankfurt | © Rafaela Lamas


* Rafaela Lamas, 25 anos, coordenadora do departamento de Direitos Autorais do Grupo Autêntica e Assistente Editorial na Autêntica Editora. Bacharel em Ciências do Estado pela UFMG e profissional do mercado editorial há três anos. À disposição para bater aquele papo sobre escrever certo por linhas tortas e tentar explicar coméqu’eu vim parar aqui.

[16/10/2017 09:16:00]