Educação

Por Kaique Dias, CBN Vitória


A Prefeitura de Vitória decidiu, nesta quarta-feira (17), retirar das salas de aula o livro “Enquanto o sono não vem”, que sugere o matrimônio entre um pai e a filha. A obra de José Mauro Brant, da Editora Rocco, está no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), segundo o Ministério da Educação.

A polêmica surgiu das reclamações de profissionais de educação no Espírito Santo. O livro infantil é distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) a escolas públicas do Brasil.

No livro, há um conto que fala do pedido de casamento de um pai para uma das filhas e, no final, ela acaba morrendo presa por não aceitar o pedido. O G1 entrou em contato com a editora do livro, que ainda não se manifestou.

A professora Fernanda Appel ficou surpresa com o tipo de abordagem. Para ela, o conto pode até afastar crianças da leitura. “Se na história existe isso, pode achar que é uma coisa normal. Ela tenta denunciar, mas não é atendida. Cadê o encantamento? A criança nessa fase está no conto de fadas”, analisou.

Livro infantil gera polêmica — Foto: Reprodução

Livro

O livro “Enquanto o sono não vem” é destinado a alunos de primeiro ao terceiro ano, entre 6 e 8 anos. Nele o conto intitulado “A triste história de Eredegalda” fala de um rei que pede uma das três filhas em casamento.

A proposta do pai é que a mãe da menina seja criada deles. Ao recusar o convite do pai, a história conta que a menina é presa em uma torre, onde passa sede. Ao pedir à mãe e às duas irmãs para beber água, ela não recebe ajuda por ameaças de morte do pai.

No final ela acaba aceitando o convite do pai para se casar, mas ele resolve fazer um desafio com três cavaleiros: o que chegasse primeiro com um jarro d’água ganharia a mão da filha. Essa oferta, no entanto, não é explicada na história. O conto mostra que a menina morreu antes.

Vitória

A Prefeitura de Vitória informou, na tarde desta quarta-feira (31), que os livros serão remetidos ao MEC com um parecer técnico pedagógico.

Delegado

Para o titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Lorenzo Pazolini, a abordagem surpreende negativamente e não deve ser levada a crianças. “Muitas dessas viveram ou presenciaram cenas de abuso. E reviver isso dentro da sala de aula traz um sofrimento com consequências dentro e fora da sala. É claro que é um conto, mas a mente de uma criança é vasta”, ressalta.

MEC

O Ministério da Educação (MEC) confirmou a presença do livro no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), mas disse que o processo foi realizado na gestão anterior, em 2014. Na nota, o MEC diz que está revendo todo o processo de seleção dos livros visando a melhoria da qualidade da educação e não citou o livro específico.

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