Jabuti ganha duas novas categorias
PublishNews, Leonrdo Neto, 03/05/2017
Histórias em Quadrinhos e Livro Brasileiro Publicado no Exterior se juntarão às outras 27 categorias já existentes

Luiz Armando Bagolin e Luís Antonio Torelli receberam jornalistas para apresentar as novidades da edição 59 do Prêmio Jabuti | © Camila Del Nero
Luiz Armando Bagolin e Luís Antonio Torelli receberam jornalistas para apresentar as novidades da edição 59 do Prêmio Jabuti | © Camila Del Nero

O Jabuti não fez ouvidos moucos quando um grupo de quadrinistas criou uma petição pública pedindo a inclusão da categoria Histórias em Quadrinhos no mais tradicional prêmio literário brasileiro. Na manhã desta quarta-feira (03), Luiz Armando Bagolin, o novo curador do Prêmio, conduziu uma entrevista com jornalistas para anunciar mudanças no prêmio que completa 60 anos em 2018. Além da inclusão das HQs como a 28ª categoria, o Jabuti premiará também o Livro Brasileiro Publicado no Exterior, a 29ª categoria.

“A mobilização do pessoal foi muito importante e é muito importante para a sedimentação dessa categoria que passa a vigorar a partir desse ano, mas já havia uma compreensão dentro da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Jabuti a respeito da inclusão dessa categoria. Recentemente, li um artigo na New Yorker que defendia, com todo vigor e argumentos muito claros e racionais, que HQ é sim uma categoria literária. Não é algo que deva ser marginalizado, embora, andar à margem seja uma das possibilidades do mundo das HQs. Essa discussão foi amadurecendo aqui dentro e achamos que esse seria o momento adequado para incluí-la”, comentou Bagolin durante a conversa com os jornalistas.

A respeito da segunda novidade, a da inclusão da categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior, Bagolin apontou que é um primeiro passo no sentido de internacionalizar o Jabuti. “É um passo singelo, mas é importante para promover o livro que é publicado e distribuído lá fora. O Jabuti acha que é interessante reconhecer, com justiça, esse trabalho de promoção e divulgação da literatura e da cultura fora do País”, defendeu. O curador apontou que os critérios dessa nova categoria serão diferentes das demais. “Não vai se avaliar se ele é bem traduzido, mas se ele é bem feito, se ele tem uma boa tiragem, se tem um bom esquema de distribuição lá fora. Queremos ver a viabilidade desses produtos”, explicou. Essa categoria não concorrerá à categoria Melhor Livro – Ficção e Não Ficção.

Bagolin ressaltou que não há subtração de nenhuma categoria nessa edição de 2017.

Outra mudança importante que marcará a edição de 2017 é a revisão do regulamento do prêmio. Na opinião de Bagolin, o novo regulamento, que estará no ar a partir do dia 18, está mais objetivo. Como nas edições passadas, cada jurado terá que atribuir notas de 8 a 10 em cada um dos três quesitos, mas eles ganham uma nova redação. “Cada um dos quesitos agora tem uma especificidade que serve de guia com o objetivo de tornar mais justa a atribuição das notas”, explicou o curador.

O curador e o conselho curador perdem o direito de indicar nomes para compor o júri. As indicações virão do mercado (editores, livreiros, jornalistas, acadêmicos, etc) e caberá aos curadores aprovar ou vetar os nomes. “O curador e o conselho têm a obrigação de receber esses nomes, fazer a verificação se são ou não apropriados para aquela categoria e aí fazer a acolhida ou vetar esse nome”, esmiuçou. “É uma medida que eu acho essencial. É bom que as sugestões partam de um universo amplo, democrático e não do curador e da curadoria”, completou.

Edição de número 60

Bagolin repetiu o que já havia dito ao PublishNews quando foi anunciado como novo curador do Prêmio: essa edição de 2017 será uma edição de transição e, para 2018, quando o Jabuti comemora 60 anos, acontecerão “mudanças mais radicais”. “Esse ano será um freio de arrumação. A gente tem que pôr o bonde que já estava andando nos trilhos e ele não pode parar. Ele precisa chegar ao seu destino, mas simultaneamente, estamos olhando a possibilidade de construção de um novo trilho”, ilustrou.

Novo conselho curador

O anúncio das novidades veio junto com a nova formação do conselho curador cujo objetivo é apoiar as decisões do curador, além de estabelecer definições e os próximos passos do prêmio. Pedro Almeida, publisher e colunista do PublishNews, e o professor Luis Carlos de Menezes, da USP, que já faziam parte do conselho, ganharão a companhia de Jair Marcatti, professor da Escolha Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e coordenador do Observatório de Economia Criativa da instituição, e o escritor Eduardo Jardim, vencedor do Livro do Ano de 2016 na categoria Não Ficção.

[03/05/2017 11:46:00]