Ele revolucionou a Biblioteca Mário de Andrade ao propor uma maior abertura da mais importante biblioteca da capital paulista à cidade. Sob a gestão de Luiz Armando Bagolin, a Mário de Andrade passou a funcionar 24 horas por dia, trouxe para as suas dependências saraus que aconteciam nas periferias da cidade e criou uma programação exemplar. Agora, Bagolin assume a curadoria do Prêmio Jabuti. “A escolha do meu nome se deu muito em função disso. Esperam que venha uma nova curadoria com o perfil da gestão que fiz à frente da Mário de Andrade”, disse ao PublishNews na manhã desta terça-feira.
Bagolin fala em uma atualização – prefere essa palavra à modernização, mas sabe que enfrentará resistências: “sabemos que isso não depende só da curadoria. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) [que realiza o prêmio] tem muitas opiniões e muitos ‘opinadores’ que participam das decisões. Além disso, o Jabuti não é só o prêmio mais longevo que existe no Brasil, como é também um prêmio de muitas categorias. É praticamente um navio cargueiro. Não é só um prêmio de literatura. É um prêmio para o livro brasileiro”, comentou sobre as dificuldades que deverá enfrentar na sua atualização do prêmio.
Agora, Bagolin está debruçado sobre o regulamento e o histórico do Jabuti. “A coisa mais importante agora, antes de qualquer anúncio, é ver as lacunas do regulamento. Estou estudando isso a fundo. Houve aprimoramentos em relação às edições anteriores, mas ainda há alguns gaps que precisam ser revistos. Não adianta chegar e ter grandes planos se a estrutura – jurídica e financeira – não me permite”, comentou. Também, de imediato, Bagolin deverá indicar os quatro nomes que farão parte do conselho curador do prêmio.
Os quadrinhos e o digital
Uma das demandas que deverá ser avaliada por Bagolin e o seu futuro time será a inclusão da categoria Histórias em Quadrinhos. O novo curador se declarou favorável. Desde janeiro, uma petição pública está no ar pedindo a inclusão dessa categoria no prêmio. O documento já foi assinado por mais de duas mil pessoas, incluindo Laerte Coutinho, Eloar Guazzelli, Fábio Moon, Gabriel Bá, e Rogério de Campos.
Outra demanda a que Bagolin deverá se ater nos próximos dois anos será a possibilidade de inscrição de livros publicados exclusivamente em digital. Há duas edições, o Jabuti incluiu uma nova categoria, a de livros infantis digitais. No entanto, livros publicados exclusivamente em digital – em qualquer uma das suas outras categorias literárias – ainda não podem nem mesmo se inscrever. Marisa Lajolo, curadora que precedeu Bagolin e deixou o cargo em janeiro passado, alegava dificuldades técnicas de incluir os livros digitais no prêmio. Bagolin disse que é preciso avaliar se há possibilidade de mexer no cronograma da 59ª edição do prêmio, que já está em curso. “Quero apostar em grandes mudanças para o prêmio do ano que vem, que é o prêmio dos 60 anos. A 59ª será uma edição de transição”, respondeu. “Talvez a gente possa acolher os quadrinhos e vamos pensar no digital e ver se existe a possibilidade dessas mudanças no cronograma. Se der para esse ano, muito que bem, mas se não, vamos pensar isso para a edição número 60, que será uma edição comemorativa. A prioridade é o quadrinho porque tem uma pressão muito grande”, completou.
A pedido de Bagolin, o contrato deste trabalho tem data para acabar. Dois anos, sem a possibilidade de renovação. “Acho importante que a curadoria do Jabuti acompanhe a gestão [de Luiz Antonio Torelli, que foi reeleito em fevereiro para o biênio 2017 /2019]. Se é um prêmio que representa um coletivo não é legal que haja uma pessoa permanentemente na curadoria”, comentou. Seus predecessores ficaram mais tempo no cargo. Marisa Lajolo por quase de três anos e José Luiz Goldfarb por mais de duas décadas.
