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Que a LER venha para ficar
PublishNews, Carlo Carrenho, 28/11/2016
Feito em tempo recorde, o Salão do Livro Carioca agradou e merece um lugar fixo no calendário cultural do Rio de Janeiro

'As vendas têm sido boas e é isto que tenho escutado dos colegas de outros estandes', afirmou Julia Horowicz, que cuidava da loja infantojuvenil da Blooks Livraria na LER | © Lima Andruška
'As vendas têm sido boas e é isto que tenho escutado dos colegas de outros estandes', afirmou Julia Horowicz, que cuidava da loja infantojuvenil da Blooks Livraria na LER | © Lima Andruška

Quando o Julio Silveira me contatou um pouco mais de um mês atrás para me falar sobre a LER – Salão Carioca do Livro, eu fui um tanto cético. Entre um café e outro na Livraria da Travessa de Botafogo, eu e nosso colunista Bruno Mendes ouvíamos o recém-contratado curador do evento desfilar suas ideias em uma mistura de excitação e arregaçar de mangas. O evento tinha de acontecer em tempo recorde. Daquela reunião, o PublishNews se tornou um dos apoiadores do evento e o Bruno Mendes foi o curador do Espaço Geek, além de participar junto com o coletivo Amigos dos Editores Digitais da organização do Espaço Digital.

Perdido em minhas intermináveis idas e vindas entre Rio e São Paulo, só consegui ir ao evento carioca no domingo, último dia. Ainda estava um pouco cético, mas fui positivamente surpreendido e gostei muito do que vi ali. Por vários motivos.

Em um mural da LER, os visitantes podiam deixar sua opinião sobre por que se lê pouco no Brasil, entre outros assuntos | © Lima Andruška
Em um mural da LER, os visitantes podiam deixar sua opinião sobre por que se lê pouco no Brasil, entre outros assuntos | © Lima Andruška

Em primeiro lugar, os armazéns 2 e 3 do Píer Mauá, onde a LER acontecia, estavam supercharmosos. Ao contrário de Bienais e outros eventos do livro, que costumam ter aquela cara institucional e genérica de feira de qualquer coisa, a LER era um ambiente gostoso, agradável e acolhedor. A vista da Baía de um lado e dos edifícios em recuperação da região portuária do outro completava o cenário. E o grande número de espaços e ambientes montados com bom gosto, além das atividades e objetos lúdicos espalhados pelo local, davam uma cara especial à área de exposição.

Em segundo lugar, havia público. Tinha bastante gente no domingo e os relatos eram de que no sábado havia ainda mais gente. É verdade que com uma multiplicidade de eventos paralelos, não havia um público expressivo em nenhum deles, mas o grande número de atividades é justamente o terceiro motivo que me fez curtir a LER. Afinal, especialmente para uma primeira edição, é fundamental experimentar – e isto foi feito.

Algumas mesas da LER aconteciam com a bela paisagem da Baía da Guanabara ao fundo | © Lima Andruška
Algumas mesas da LER aconteciam com a bela paisagem da Baía da Guanabara ao fundo | © Lima Andruška

Entre os expositores, havia uma grande maioria de livrarias e editoras independentes, o que trazia uma diversidade necessária e divertida ao evento. Mas, mais que isso, a quarta razão para eu admirar a LER foi que, segundo relatos, as vendas foram boas. E nada mais importante que se vender livros em um Salão do Livro, não é mesmo?

É claro que ainda há muita coisa a ser melhorada. Mas considerando o tempo exíguo tempo de preparação do Salão e as limitações orçamentárias, os organizadores estão de parabéns. Tanto Júlio Silveira quanto a Base Eventos mandaram muito bem.

Os corajosos livreiros independentes Daniel Louzada, da Leonardo da Vinci, e Elisa Ventura, da Blooks, trocaram figurinhas, ideias e apoio na primeira edição da LER | © Reprodução Facebook
Os corajosos livreiros independentes Daniel Louzada, da Leonardo da Vinci, e Elisa Ventura, da Blooks, trocaram figurinhas, ideias e apoio na primeira edição da LER | © Reprodução Facebook

A LER – Salão Carioca do Livro foi patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, além da Funarte e Fundação Cesgranrio. Resta saber se o novo prefeito, que assume em no dia primeiro de janeiro, terá interesse em manter o evento. Torço para que sim. E também torço para que, na próxima edição – que, espero, seja feita com maior antecedência – haja um maior envolvimento e participação do mercado editorial como um todo.

Vida longa à LER!

Carlo Carrenho é o fundador do PublishNews no Brasil e co-fundador do PublishNews na Espanha. Formado em Economia pela FEA-USP, especializou-se em Edição de Livros e Revistas no Radcliffe Publishing Course, em Cambridge (EUA). Atualmente trabalha na área de desenvolvimento internacional de novos negócios para a Word Audio Publishing International na Suécia e é advisor da Meta Brasil e da BR75 no Brasil. Como especialista no mercado de livros, já foi convidado para dar palestras e participar de mesas em países como EUA, Alemanha, China, África do Sul, Inglaterra e Emirados Árabes, entre outros. É co-curador da conferência profissional Feira do Livro de Tessalônica.

Carlo é paulista, morou no Rio, e atualmente vive em Estocolmo, na Suécia. É cristão, mas estudou em escola judaica. É brasileiro, mas ama a Escandinávia. Enfim, sua vida tende à contradição. Talvez por isso ele torça para o Flamengo e adore o seriado Blue Bloods.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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