Cultura Livros

Em livro inédito, o adolescente Renato Russo projetou seu futuro no rock

Aos 15 anos, artista escreveu ‘The 42nd St. Band: romance de uma banda imaginária’
Capa do livro 'The 42nd St. Band', de Renato Russo Foto: Divulgação
Capa do livro 'The 42nd St. Band', de Renato Russo Foto: Divulgação

RIO - Em 1975, aos 15 anos de idade, preso em seu quarto enquanto se recuperava de uma rara e dolorosa doença óssea chamada epifisiólise, Renato Russo escreveu a história de uma banda de rock fictícia, a 42nd St. Band, liderada por Eric Russell, personagem que fundia homenagens aos escritores Bertrand Russell e Jean-Jacques Rousseau. Um relato em inglês, fragmentado, que só agora chega às livrarias, em versão traduzida, pela Companhia das Letras, sob o nome de “The 42nd St. Band: romance de uma banda imaginária”.

— Esse livro antecipa muito do que Renato e a Legião seriam. Ele pensa até no marketing nos aspectos empresariais da banda. Não é um romance convencional, mas um projeto artístico — define o publisher Otavio Costa, que ajudou a organizar o romance a partir de anotações e papéis esparsos, com diferentes formas narrativas ( há até reportagens sobre a banda — como se lê abaixo ).

LEIA TRECHO:

‘1870’, um Álbum cancelado (1979)

“Depois de ‘Strawberry wine’, a banda planejava retornar ao esquema conceitual e talvez fazer um álbum que fosse a sequência de ‘Southern star’. Apesar de mais parecido com ‘Morning blues’, ele teria muitos épicos (como a banda chamava suas baladas de mais de sete minutos). Partindo de uma ideia de Eric Russell e Jesse Philips (‘Um dia a gente estava folheando esses livros da ‘Time-Life’ sobre décadas passadas e pensamos que seria uma boa ideia transformar as imagens em música. A gente já tinha feito isso com ‘Hard Times’, explicaria Russell mais tarde), a banda logo juntou material para um álbum duplo (com contribuições principalmente de Russell e Beauvy, que escreveram a toque de caixa, coisa de quatro canções por semana, sic).

Allan Reeves escreveu mais de uma dúzia de músicas de dois minutos, cada uma baseada num personagem específico do período. Ele imaginou ‘1870’ como um álbum de fotos e as faixas foram compostas enquanto ele estudava fotos de vaqueiros, mineiros, carroceiros, marinheiros etc. Mas a banda logo ficou entediada com o projeto, e quando, logo antes do trabalho de estúdio, Russell viajou para o Marrocos e convidou os outros para irem junto numa busca por outras expressões musicais, o projeto foi cancelado. (‘Aquela coisa de country-folk’,explica Taylor, ‘estava ficando meio repetitiva, e, mesmo sabendo que o disco venderia bem, a gente precisava de outros modos de se expressar, sabe? Os banjos e dobros já eram, a gente partiu para as cítaras’.)

Muitas das canções seriam lançadas em seguida em lados B de singles, nos álbuns ‘Gold & silver’ e ‘Country jam’, mas só na época de ‘Surfer’ é que o álbum foi compilado e as gravações finais foram lançadas. O lançamento do álbum, no fim de 198_, causou imensa controvérsia na imprensa especializada (i.e. se a banda era melhor em country-folk ou em summer rock).”