A Literatura Fantástica entra em campo no mercado editorial
PublishNews, Silvio Alexandre, 31/08/2016
Nosso colunista Silvio Alexandre fez um apanhando dos eventos sobre literatura fantástica da Bienal e conclui que surge 'uma nova geração de autores nacionais' nesse segmento

A percepção do mercado editorial em relação à Literatura Fantástica (ficção científica, fantasia e horror) tem passado por grandes mudanças nos últimos anos. Isso fica muito claro ao vermos sua presença cada vez maior na programação dos mais recentes eventos literários. Dois bons exemplos são: a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e a Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

No primeiro, que aconteceu em Paraty (RJ) em julho passado, foi possível encontrá-la nas mesas de debate do mais prestigiado evento literário do país. Para abrir as atividades do Centro Cultural SESC Paraty, um dos eventos da programação paralela da Flip, aconteceu o encontro entre dois dos maiores autores da atual literatura fantástica brasileira: André Vianco e Bráulio Tavares. Com o tema Fantasia à brasileira e mediado pelo jornalista Rodrigo Casarin, eles conversaram sobre histórias de horror e ficção científica.

No segundo, que segue com a sua programação até o próximo domingo, encontramos diversos eventos e lançamentos programados. Em um rápido e incompleto levantamento que fiz, percebi uma quantidade bem significativa de autores nacionais. É bom salientar que minha pesquisa não foi aprofundada. Com certeza, teremos muitos outros. Mas, do pouco que levantei, já temos o suficiente para constatar que essa presença será significativa.

Como eu vejo, a Literatura Fantástica nunca esteve em tão franco crescimento. Sobre esse fenômeno, Bráulio Tavares em sua participação no SESC Paraty, disse que “estamos vivendo na atualidade um grande momento para quem gosta de contar histórias. E do ponto de vista do público para quem gosta de ler ou assistir histórias”. Segundo ele, a narrativa é uma arte transversal, que passa por todas as vertentes de linguagem, que passa por dentro da literatura, do cinema, do teatro, dos quadrinhos da ópera, etc. “Há aqueles que pegam situações que são banais e as transformam em algo transcendental, como o Machado de Assis. E outros que criam tramas mirabolantes e espetaculares, como Conan Doyle”. Para Tavares, “a boa literatura extrapola qualquer suposta divisão hierárquica entre gêneros”.

Com certeza, definir a Literatura Fantástica é sempre um exercício complicado. As diferentes formas que o fantástico assumiu ao longo dos últimos 200 anos mostra que dificilmente chegaremos a um consenso. Uma definição muito interessante, que tem a virtude de se adaptar às diversas definições, foi a proposta pelo crítico Colin Manlove, em seu livro Modern Fantasy: “uma ficção que provoque estranheza e que possua um princípio considerável e irredutível de mundo, seres ou objetos impossíveis ou sobrenaturais com os quais os personagens na história (ou os leitores), alcancem um certo grau de intimidade”.

No momento atual, caracterizado pela expansão da tecnologia e pela queda de fronteiras, temos as condições para o surgimento de novos espaços (ciberespaço e realidade virtual) fazendo com que a fronteira entre os fatos e a ficção se tornem difíceis de distinguir.

Como a narrativa fantástica nos mostra uma tensão permanente entre o conhecido e o desconhecido, as situações apresentadas forçam os personagens (e o leitor) a se depararem com situações “além da imaginação”. Em termos de enredo, por exemplo, isso se manifesta muitas vezes através da chegada de um personagem estranho em nosso mundo, ou da viagem de um de nós a um espaço (ou tempo) diferente no nosso.

Mas, o que eu quero mostrar aqui, não é uma definição do gênero, muito menos alcançar um consenso. Seria muita pretensão. Voltando à minha observação inicial da maior presença da Literatura Fantástica nos eventos literários, o que fica muito claro na minha visão é o aparecimento de uma nova geração de autores nacionais escrevendo histórias que se enquadram na temática do fantástico. E isso fica evidente com a lista que segue dos lançamentos e eventos que ainda vão acontecer na 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo:

31 de agosto - quinta-feira

19h -"O Senhor da Luz - A Saga de Datahriun" - Graciele Ruiz
Estande L031 - Editora Madras

02 de setembro – sexta-feira

14h - “Narrativas de Horror: Edgar Allan Poe e Lovecraft” - Oscar Nestarez
Estande G073 - Editora Empíreo

14h - "Solarium 4" - Frodo Oliveira & Marla Figueiredo (org)
O065 - Editora Multifoco

16h - "O Destino das Sombras" - Gabrielle Mammana
Estande N069 - Editora Arwen

16h - “O Conto de Dragões” - Fabi Zambelli
Estande B060 - Novo Século Editora

16h - "A Fonte Âmbar" - Ana Lúcia Merege
Estande O10A - Editora Draco

03 de setembro - sábado

12h - "Arcantatys - As Faces da Luz" - Tatiane Durães
Estande N069 - Editora Arwen

14h - “Os Sete” - Andre Vianco
Estande G070 – Editora Aleph

14h - "As Crônicas dos Mortos" - Rodrigo Oliveira
Estante D051 – Editora Faro

14h - "Os Mistérios de Llyr" - Dana Guedes
Estande O10A - Editora Draco

15h - "O Despertar de Cthulhu - H. P. Lovecraft” - Raphael Fernandes (org.)
Estande N070 - Editora Draco

16h - Qu4dri - O Tabuleiro Mágico - Ednei Procópio
Estande G021 – Selecta Livros

16h - "Estranhos no Paraíso" - Gerson Lodi-Ribeiro
Estande O10A - Editora Draco

16h - "A Fonte Âmbar" - Ana Lúcia Merege
Estande O10A - Editora Draco

16h - "Marca da Estrela" - Camila Prieto
Estande H070 - DVS Editora / Abajour Books

16h - "Último Refúgio" - J. M. Beraldo
Estande O10A - Editora Draco

16h - "Dois Mundos" - Simone Marques
Estande G061 - Editora Adeler

17h - "Mistérios do Mal - Contos de horror", de Carlos Orsi
Estande O10A - Editora Draco

18h - "Spettacolo" - Rafaela Papini
Estande N069 - Editora Arwen

18h - "Homens e Monstros – A Guerra Fria Vitoriana" - Flávio Medeiros Jr.
Estande O10A - Editora Draco

19h - "Deixe-me Entrar" - Letícia Godoy
Estande N069 - Editora Arwen

20h - “Sessão de autógrafos” - André Vianco
Estande G06 - Saraiva Online

04 de setembro - domingo

11h - "Mundo Elemental" - Débora Santana
Estande N069 - Editora Arwen

12h - "Codinome Vampiro Rei" - Edmilson Cruz
Estande B086 - Editora Coerência

12h - “O Sol Perdido” - Luiz Henrique Mazzaron
Estande N069 - Editora Arwen

14h - "Os Mistérios de Llyr" - Dana Guedes
Estande O10A - Editora Draco

14h - “Os Sete” - André Vianco
Estande G070 – Editora Aleph

15h - "O Despertar de Cthulhu - H. P. Lovecraft” - Raphael Fernandes (org.)
Estande N070 - Editora Draco

15h - "Sombras do Medo" - Camila Pelegrini
Estande N069 - Editora Arwen

16h - "Estranhos no Paraíso" - Gerson Lodi-Ribeiro
Estande O10A - Editora Draco

16h - "A Fonte Âmbar" - Ana Lúcia Merege
Estande O10A - Editora Draco

17h - "O Círculo dos Imortais - Do Silêncio à Condenação" - Ananda Veloso
Estande N069 - Editora Arwen

17h - "Último Refúgio" - J. M. Beraldo
Estande O10A - Editora Draco

[31/08/2016 08:26:00]