Salman Rushdie afirma: 'Não quero continuar sendo o escritor da fatwa'
O Estado de S. Paulo, Efe, 18/08/2016
Rushdie reivindica que sua obra não seja julgada pela condenação à morte emitida em 1989 pelo aiatolá Khomeini

O escritor britânico Salman Rushdie reivindicou numa entrevista seu direito a deixar de ser conhecido como o “escritor da fatwa”, para que não se julgue sua obra por essa condenação à morte decretada em 1989. “Vivo tranquilamente em Nova York desde 2000 e não me aconteceu nada, exceto que as pessoas continuam vendo meu trabalho através do prisma da fatwa”, disse Rushdie ao semanário francês Les Inrockuptibles, reclamando “o direito de ser apenas um escritor”. Em fevereiro de 1989, o então líder espiritual do Irã, aiatolá Khomeini, já falecido, emitiu um edito religioso (fatwa) no qual instava todos os muçulmanos a matar Rushdie após qualificar de blasfêmia seu livro Os versos satânicos. O escritor teve de permanecer oculto até que em 1998 o governo do Irã retirou seu apoio à fatwa. Mas ano a ano, segundo Rushdie, há gente que sobe o prêmio por sua cabeça. Em fevereiro, vários meios estatais de comunicação iranianos elevaram a oferta para US$ 600 mil em dinheiro.

[22/08/2016 11:07:15]