Editores questionam dados de matéria publicada pela Folha
PublishNews, Leonardo Neto, 13/04/2016
No último sábado, jornal trouxe matéria sobre a situação do mercado de livros digitais no Brasil e para basear-se, apresentou dados de vendas de e-readers no País

O coletivo Amigos dos Editores Digitais (AED) enviou carta à Folha de S.Paulo questionando dados apresentados em matéria veiculada no último sábado (9), com o título Mercado de livros digitais não decola no Brasil e estagna nos EUA e Europa. Na matéria publicada no caderno Mercado, o jornal traz dados apurados pela consultoria Euromonitor, que afirma que as vendas de e-readers no Brasil estão estagnadas, passando de US$ 2,3 milhões em 2014 para US$ 2.4 milhões no ano passado, o que vislumbraria, segundo o jornal, um “freio” no mercado de livros digitais. Os AEDs questionam essa informação. “Avaliar o desempenho do mercado de livros digitais no Brasil em função do número de e-readers vendidos é uma falácia, pois não leva em conta a leitura em tablets e smpartphones”, diz a carta assinada por Eliana Sá (Sá Editora), Gabriela Aguerre e Gabriela Erbetta (Alpendre), Gabriela Dias (AED), Suria Scapin e Isabela Parada (Pipoca), André Palme (O Fiel Carteiro), Eduardo Melo (Simplíssimo) e Marcelo Gioia (Bookwire).

A carta traz ainda dados do instituto de pesquisa IDC que aponta a comercialização de 5,8 milhões de tablets e 47 milhões de smartphones em 2015 e ainda dados do IBGE que demonstrou que o celular já é o principal meio de acesso à internet nos domicílios brasileiros.

Para Amigos dos Editores Digitais, avaliar o desempenho do mercado de livros digitais no Brasil em função do número de e-readers vendidos é uma falácia | © Carlo Carrenho
Para Amigos dos Editores Digitais, avaliar o desempenho do mercado de livros digitais no Brasil em função do número de e-readers vendidos é uma falácia | © Carlo Carrenho

O documento questiona ainda a comparação entre as vendas de livros em papel e e-books. “Não parece justa a comparação entre o mercado de livros físicos, estabelecido há mais de século, e digitais, com pouco mais de uma década no mundo e menos de cinco anos no Brasil”, contra-argumenta a carta. Os AEDs rebatem a matéria trazendo dados do Global e-book report que afirma que os livros digitais perfazem 4,27% das vendas de livros no Brasil. “Apesar de ainda ser pouco, não é um número insignificante”, diz a carta.

Finalizando, os AEDs escreveram que trabalham com dedicação e perseverança para que o formato digital seja cada vez mais conhecido e colabore para a ampliação do público leitor no Brasil. “Para isso, é importante não tratarmos do assunto em termos de ‘livros físicos versus e-books’. Há espaço para todos”, conclui a carta.

Na edição de ontem, o PublishNews trouxe uma coluna assinada por Camila Cabete, em que ela falava também sobre a matéria publicada pela Folha e refutava as informações trazidas por ela. O artigo logo ganhou as redes sociais e amealhou defensores que replicaram a matéria mais de mil vezes só no Facebook, além de mais de 30 comentários.

Confira abaixo a íntegra da carta enviada à Folha pelos AEDs

"Prezados,

em referência à reportagem "Mercado de livros digitais não decola no Brasil e estagna nos EUA e Europa", publicada no dia 09/04, gostaríamos de fazer algumas considerações.

Avaliar o desempenho do mercado de livros digitais no Brasil em função do número de e-readers vendidos é uma falácia, pois não leva em conta a leitura em tablets e smartphones. Apenas em 2015, segundo o instituto de pesquisa IDC, foram comercializados, no país, 5,8 milhões e 47 milhões de unidades desses aparelhos, respectivamente. Dados divulgados pelo IBGE no dia 06/04 mostram que o celular já é o principal meio de acesso à internet nos domicílios brasileiros. Além disso, existem outros caminhos de distribuição do conteúdo de leitura digital que não apenas as lojas.

Também não parece justa a comparação entre o mercado de livros físicos, estabelecido há mais de século, e digitais, com pouco mais de uma década no mundo e menos de cinco anos no Brasil. Apesar dessa diferença, as vendas de e-books já representam 4,27% do mercado (número veiculado na coluna "Painel das Letras", no mesmo dia 09/04, referindo-se ao Global E-book Report feito por Rüdiger Wischenbart, a ser divulgado na London Book Fair no dia 14/04) Apesar de ainda ser pouco, não é um número insignificante.

Trabalhamos com muita dedicação e perseverança para que o formato digital seja cada vez mais conhecido e colabore para a ampliação do público leitor no Brasil. Para isso, é importante não tratarmos do assunto em termos de "livros físicos versus e-books". Há espaço para todos.

Coletivo AED (Amigos dos Editores Digitais):

Eliana Sá (Sá Editora), Gabriela Aguerre e Gabriela Erbetta (Editora Alpendre), Gabriela Dias (AED), Suria Scapin e Isabela Parada (Editora Pipoca), André Palme (O Fiel Carteiro), Eduardo Melo (Simplíssimo), Marcelo Gioia (Bookwire)"

[13/04/2016 10:38:32]