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Boca Coletiva, uma revista para pensar e celebrar o Rio de Janeiro

Publicação será lançada neste sábado com roda de samba no Centro da cidade
Autores da 'Boca coletiva' posam com a revista Foto: Divulgação
Autores da 'Boca coletiva' posam com a revista Foto: Divulgação

RIO - O que o Olaria Atlético Clube, o virtuose do violão Aníbal Augusto Sardinha, mais conhecido como Garoto, e o restaurante Zicartola têm em comum? Além das efemérides — em 2015 é celebrado o centenário dos dois primeiros e o meio século de fundação do terceiro —, os três são alguns dos patrimônios da cultura carioca lembrados na primeira edição da revista “Boca Coletiva” (R$ 20), que será lançada hoje, a partir das 14h, com uma roda de samba no restaurante e sebo Al-Farabi (Rua do Rosário 30, Centro).

A publicação, fruto de uma parceria entre o editor Carlos Alves e o historiador e pesquisador da música brasileira André Diniz, marca a estreia do selo editorial do restaurante e sebo homônimo. Segundo Diniz, a revista é uma reunião de amigos para refletir sobre as diferentes manifestações culturais da cidade. Ele aponta que alguns dos personagens abordados na primeira edição da “Boca Coletiva” foram menos lembrados do que deveriam pelo Rio de Janeiro que completa 450 anos.

— Esse nome, “Boca Coletiva”, não é à toa. Cada um ajudou com uma parte, correu atrás de uma coisa. Estamos prestando homenagem a personagens-chave do Rio de Janeiro que não receberam a devida atenção nesse ano de 2015 — diz o pesquisador e organizador da revista. — Intuitivamente, lançamos em meio a essas transformações que a cidade vem passando. Vai ser um olhar sobre aquilo que não pode ser apagado, mas não é valorizado pelos planejamentos urbanos. Contribuir para fortalecer a memória e não deixar que vozes sejam esquecidas.

Os artigos também abordam os 50 anos do “Rosa de Ouro”, espetáculo dirigido por Hermínio Bello de Carvalho que lançou Clementina de Jesus e Paulinho da Viola, assinado pelo próprio Diniz com Diogo Cunha, o carnaval do IV Centenário, lembrado em texto do historiador Luiz Antonio Simas, e tem até espaço para a música brega, pelas mãos da documentarista Ana Rieper.

Carlos Alves conta que o selo era um sonho antigo e é um projeto de resistência, com todas as dificuldades impostas pela crise econômica e pelo canteiro de obras em que se transformou o Centro do Rio, afetando diretamente o comércio na região. E a “Boca Coletiva” é uma espécie de aperitivo da linha editorial do selo Al-Farabi: cultura, Rio de Janeiro e literatura brasileira.

— Al-farabi, em árabe, é a palavra da qual deriva alfarrábio em português, que virou sinônimo de livro antigo — conta o editor, sem querer adiantar os próximos lançamentos. — Lançar o selo agora é um grito também. Estamos vivendo um momento comercialmente terrível no Centro. É o momento de reafirmar que existe um povo local que quer integrar as novidades que estão surgindo, mas que precisa de apoio para sobreviver até isso se efetivar.