Oceanos divulga finalistas
PublishNews, Leonardo Neto, 11/11/2015
Ao todo, são 14 livros, nove deles divididos entre Companhia das Letras e Cosac Naify

Silviano Santiago é um dos finalistas ao Prêmio Oceanos 2015 | © Divulgação
Silviano Santiago é um dos finalistas ao Prêmio Oceanos 2015 | © Divulgação
O Itaú Cultural anunciou, há pouco, os 14 finalistas do Prêmio Oceanos. Entre os finalistas estão Valter Hugo Mãe, com A desumanização (Cosac Naify), Alberto Mussa, com A primeira história do mundo (Record), Chico Buarque, com O irmão alemão (Companhia das Letras) e Elvira Vigna, com Por escrito (Companhia das Letras). O prêmio, que veio substituir o Portugal Telecom descontinuado por falta de interesse da companhia que o patrocinava, não faz distinção entre os gêneros literários, mas chama a atenção da quantidade de livros de poesia. “Chamou nossa atenção a força com que veio a poesia nesse ano”, disse Selma Caetano, curadora do prêmio, ao PublishNews. Dos 12 finalistas, cinco são livros de poesia: Ondas curtas (Cosac Naify), de Alcides Villaça; Querer falar (7Letras), de Luci Collin; Saccola de feira (nVersos), de Glauco Mattoso; Totem (Cultura e Barbárie), de André Vallias e Um teste de resistores (7letras), de Marília Garcia.

Outra coisa que salta aos olhos é a forte concentração de títulos por editora. Companhia das Letras, com cinco, e Cosac Naify, com quatro, emplacaram juntas 64% dos livros. Os outros livros são da Record, 7Letras,Cultura e Barbarie e nVersos.

Dos 14 finalistas, serão escolhidos quatro premiados. O primeiro colocado levará para casa R$ 100 mil; o segundo R$ 60 mil; o terceiro R$ 40 mil e o quarto R$ 30 mil. Os vencedores serão conhecidos no dia 8 de dezembro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

FINALISTAS DO PRÊMIO OCEANOS 2015

A Calma Dos Dias, de Rodrigo Naves (Companhia das Letras)
O autor transgride a fronteira entre gêneros que em princípio são não-ficcionais, como o ensaio curto, o fragmento, o aforismo e a anotação fortuita de reflexões sobre a vida e o cotidiano aproximando-se às vezes, da crônica. O resultado, porém, atrai para o conjunto uma inesperada atmosfera de ficcionalidade.

A Desumanização, de Valter Hugo Mãe (Cosac&Naify)
Valter Hugo Mãe ambienta o seu sexto romance na Islândia onde vive uma grande sofisticação espiritual. A desumanização personifica a solidão humana na história dolorosa de uma menina que perde sua metade gêmea.

A Primeira História Do Mundo, de Alberto Mussa (Record)
A obra reconta o primeiro assassinato da cidade do RJ ocorrido em 1567. Para isso, o autor combina, de forma habilidosa, romance, ensaio e antropologia, convocando a mitologia a iluminar os pontos obscuros da história.

Dez Centímetros Acima Do Chão, de Flavio Cafieiro (Cosac&Naify)
Com virtuosismo de estilo, o autor escreve contos de grande trabalho autoral, em que o tratamento empresta originalidade até a temáticas aparentemente banais.

Mil Rosas Roubadas, de Silviano Santiago (Companhia das Letras)
Romance de profunda dramaticidade, elaboração autobiográfica e biográfica, no limite entre ensaio e ficção, revela uma resolução narrativa inovadora na obra do autor.

O Homem-Mulher, de Sérgio Sant'Anna (Companhia das Letras)
O escritor contemporâneo brasileiro emprega o erótico não como tema espetaculoso, mas como parte de uma sinfonia pastoral que, principiando por uma cena carnavalesca-erótica em um cemitério, termina com a harmonia alcançada entre a demência pela derrota no futebol e o encanto por uma bailarina.

Ondas Curtas, de Alcides Villaça (Cosac&Naify)
Poemas da mais pura tradição modernista nos quais se combinam erudição e cultura popular, humor e lirismo.

O Irmão Alemão, de Chico Buarque (Companhia das Letras)
Romance que enganosamente aproveita elementos autobiográficos – mas é o exercício arguto da ficção que lhe permite abordar com mais vigor aspectos conflituosos, seja da vida familiar, seja da história do país.

Por Escrito, de Elvira Vigna (Companhia das Letras)
A autora presenta um grande trabalho de ousadia estilística, além de enfrentar temas difíceis com uma agressividade inédita no gênero.

Querer Falar, de Luci Collin (7 Letras)
Livro de poemas de uma autora ainda pouco conhecida que gira entorno de eixo fornecido por dois planos: o que se dá, enquanto se vê, e o que se espera.

Saccola de Feira, de Glauco Mattoso (NVersos)
Um livro no qual o passado e o presente da língua se encontram, com a forma fixa dos sonetos sendo renovada pela veia erótica.

Tempo De Espalhar Pedras, de Estevão Azevedo (Cosac&Naify)
Na contramão do romance urbano, que marca fortemente sua geração, Estevão Azevedo revisita o Brasil profundo com uma história de amor e de poder, que tem o garimpo como pano de fundo. Romance que aposta no tom telúrico, revela um autor com notável domínio da narrativa.

Totem, de André Valias (Cultura e Barbárie)
Constrói um dos grandes poemas políticos de nosso tempo a partir de uma experimentação radical que abarca a própria forma do livro. Trata-se de uma obra de resistência e sobretudo de afirmação da indianidade, precisamente em um momento de acirramento da violência contra as populações indígenas e de assalto contra os seus direitos.

Um Teste de Resistores, de Marilia Garcia (7 Letras)
Livro de poesia inovador que estende as possibilidades do verso, aproximando-o da prosa sem nela transformar-se, mas multiplicando suas possibilidades rítmicas aborda com habilidade as relações entre experiências de vida e de formação literária, da formação literária como experiência de vida.

[11/11/2015 11:43:35]