Livros de colorir salvam o mercado da crise
PublishNews, Carlo Carrenho, 17/06/2015
Segundo o Painel das Vendas de Livros deste mês, de cada 100 livros vendidos, 17 são para colorir

Enquanto o mercado discutia se livros de colorir são livros, se as listas de mais vendidos deviam contemplá-los, se quem os compra deixa de ler Dostoievski ou de jogar Candy Crush e se eles merecem ou não um lugar ao sol nas prateleiras, o consumidor brasileiro ignorou tudo isso e fez a sua parte: compareceu às livrarias e comprou os livros de colorir em quantidade – em grande quantidade. É isto que revela a edição divulgada ontem do Painel das Vendas de Livros no Brasil, uma iniciativa do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Nielsen. A edição em questão cobre o que a Nielsen chama de período 5, que este ano vai de 20/4 a 17/5 e engloba as semanas 17 a 20 do Bookscan, produto da empresa norte-americana que mede as vendas de livros na boca do caixa das livrarias brasileiras. Segundo o relatório, as vendas no período cresceram 21% em relação a 2014 em termos nominais e alcançaram R$ 115,859 milhões. Qualquer que seja o índice ou período de inflação anual que se considere, o fato é que houve crescimento real. Se utilizarmos o IPCA acumulado de junho de 2014 a maio de 2015, por exemplo, o crescimento real terá sido de 11,55% no período 5 deste ano comparado ao ano passado. Em volume, o crescimento é ainda maior. Os 3,465 milhões de exemplares vendidos representam um crescimento de 26,9%. O número de ISBNs vendidos pelo varejo no período foi de 107.996 e aumentou 8,9% em relação ao mesmo período de 2014. Já o desconto médio caiu de 20,31% para 15,20%, mais uma vez mostrando que a temida guerra de preços que se acirraria com a chegada da Amazon ainda não foi captada pelos radares nielsenianos. O preço médio dos livros vendidos caiu 4,6%, chegando a R$ 33,43 contra R$ 35,06 no quinto período de 2014. No acumulado de 2015, o faturamento em valores correntes alcançou R$ 634,334 milhões, o que representa um crescimento nominal de 6,23%, algo muito próximo ao IPCA de 2014, que foi de 6,41%. Nos últimos 12 meses, no entanto, o IPCA já acumula 8,47% e o mercado teria encolhido 2,06% em termos reais se considerarmos tal índice. No entanto, considerando que no primeiro trimestre do ano houve queda real de mais de 4% e um crescimento nominal de apenas 1,65%, este encolhimento de apenas 2,06% nas primeiras 20 semanas de 2015 indica forte recuperação do setor nos meses de abril e maio. E quem foi o grande herói desta reviravolta? O livro de colorir. Os números apresentados pela Nielsen não deixam dúvidas. Neste último período 5, os 54 livros de colorir identificados pela empresa entre os 5.000 mais vendidos foram responsáveis por 17,34% do volume de vendas nas livrarias aferidas que, segundo estimativas da própria Nielsen, equivalem a 63% do mercado livreiro e varejista no Brasil. Em valores, os livros anti-estresse responderam por 14,21% do faturamento das livrarias. No período anterior, referente ao mês de abril, os números foram menores, mas ainda impressionantes: os livros de colorir foram responsáveis por 7,18% do volume de vendas e 5,44% do faturamento. O desconto médio acumulado nas primeiras 20 semanas de 2015 também apresenta queda em relação ao ano anterior e ficou em 16,79%, uma redução de 3,99 pontos percentuais em relação a 2014. Isto mostra que a tendência para 2015 é que o desconto médio realmente caia. Como se vê, as notícias são de fato boas e o mercado estava mesmo precisando respirar positivamente depois da divulgação do encolhimento de 5,16% em 2014 e da disponibilização pelo SNEL dos números recalculados da Pesquisa Produção e Vendas para os anos de 2004 a 2009 de acordo com o censo de 2010, o que permitiu uma análise completa da última década que também deixou os editores cabisbaixos. Como nem tudo é perfeito, vale lembra que as quantidades vendidas dos livros de colorir vem sofrendo queda nos números apurados pela lista de mais vendidos do PublishNews. O fato não parece assustar a Sextante, no entanto. Afinal, após contabilizar vendas de 880 mil exemplares de seu Jardim Secreto e de 570 mil cópias de Floresta Encantada, a empresa carioca resolveu apostar pesado em seu terceiro livro para colorir – Reino Animal, de Millie Marotta – que saiu com uma tiragem histórica de 500 mil exemplares. Se depender da Sextante, portanto, a febre dos livros de colorir vai continuar para a alegria de editores, livreiros e, é claro, da Faber-Castell. Clique aqui e acesse gratuitamente o Painel das Vendas de Livros no site do SNEL.

[17/06/2015 00:00:00]