Escritores repercutem cancelamento da Jornada de Passo Fundo
PublishNews, Leonardo Neto, 21/05/2015
O cancelamento foi confirmado por reitoria da Universidade de Passo Fundo

A Reitoria da Universidade de Passo Fundo, organizadora da Jornada Literária de Passo Fundo, confirma que o evento não acontecerá neste ano, como adiantou a edição de ontem de O Estado de S. Paulo. O motivo, segundo o reitor José Carlos Carles de Souza é a falta de recursos financeiros. Ainda de acordo com o reitor, o atual modelo da Jornada será revisto e há previsão para realização do evento em 2017. A Jornada de Passo Fundo, realizada a cada dois anos desde 1981, é apontada como modelo para a formação de jovens leitores e para o incentivo à leitura.

Ao jornal Zero Hora, escritores como Daniel Galera, Antônio Xerxenesky, Luís Augusto Fischer e Deonísio da Silva lamentaram a não realização do evento nesse ano. "O cancelamento esse ano em uma amarga ironia quando se considera a propaganda governamental em torno da 'pátria educadora', bem como as armadilhas que podem haver nas regras de financiamento privado da cultura com isenção fiscal, que podem beneficiar projetos de apelo comercial já garantido em detrimento de iniciativas de importância estrutural como a Jornada", comentou Galera, que lembrou da sua primeira participação no evento: "nunca esquecerei do ano em que eu, em momento inicial da carreira, fui convidado ao evento e tive a oportunidade de conversar com um salão repleto de alunos de ensino médio e fundamental que tinham de fato lido e estudado, em grupos, as minhas obras. O interesse deles era imenso, suas perguntas eram inusitadas e atingiam questões específicas dos livros, e era possível ter certeza de que uma parte importante daqueles estudantes leria pelo menos mais alguns livros de literatura dali em diante, já fisgados pelas complexidades e recompensas possíveis da leitura".


Luís Augusto Fischer, que esteve na última edição do evento, em 2013, disse ao jornal que está desolado. "Se de fato a Tânia (Rösing, organizadora do evento) tiver jogado a toalha, é porque acabaram as forças mesmo. Ela já demonstrou muitas vezes que não se assustava com pouco", comentou. Pelas redes sociais, pessoas envolvidas com a causa do livro também lamentaram o cancelamento. Susanna Florissi, que representou a Câmara Brasileira do Livro (CBL) na edição passada, lembrou que Tânia foi homenageada na última edição do Prêmio Jabuti, como "Amiga do Livro". "Triste, muito triste. Tive a honra de representar a CBL nesse maravilhoso evento há dois anos. Considero a Tânia Rösing uma heroína no mundo da leitura", comentou.

[21/05/2015 00:00:00]