Tomar decisões em um vácuo informativo é a especialidade do mercado editorial
PublishNews, 05/05/2015
Quando qualquer decisão precisa ser feita, o conselho de Emma Barnes é perguntar 'qual o problema?'

Sempre que compramos um livro, precisamos pesar alguns fatores: alguns previsíveis, outros inteiramente inventados. Geralmente se resume ao que vou chamar, eufemisticamente, de “paixão”: aquele que grita mais alto vence, porque as decisões editoriais, não importa qual for a análise, sempre se baseiam em algo parecido a um gesto de fé. (Se não fosse assim, todo livro seria um best-seller).

Mas nossa familiaridade com a criação de tais gestos de fé nas decisões subjetivas significa que não treinamos o suficiente para que nossas outras decisões sejam mais rigorosas.

Escolher uma nova plataforma para seu site B2C, por exemplo. Você sabe que deveria fazer isso, e qual deveria ser o visual, mas não sabe qual plataforma escolher. É uma decisão que vai ter efeitos importantes e duradouros sobre sua empresa. Então vale a pena tentar adotar uma postura mais rigorosa e menos arriscada quando tomar esta decisão.

A primeira coisa a fazer é abandonar a arrogância. Ninguém sabe tudo sobre tudo. Aceite que você não é especialista em sites. Seu plano deveria envolver um pedido de ajuda e aceitar que seus instintos sobre assuntos que conhece pouco provavelmente estão errados. Você deveria juntar informações, encontrar o conhecimento interno na empresa e também pesquisar entre os contatos externos que podem compartilhar suas ideias. Peça ajuda às pessoas que já fizeram isso muitas vezes antes – e então confie nelas, ao contrário dos gerentes nesta curta comédia. (Participei de reuniões como essa um número absurdo de vezes). (O vídeo, intitulado The expert foi escrito e dirigido por Lauris Beinerts, baseado em um conto, The meeting, de Alexey Berezin).

Uma estratégia para juntar informação é aprender, você mesmo, um pouco sobre a área em questão.

É como se estivesse planejando ir de férias para a França. Você quer saber um pouco de francês para chegar do aeroporto a seu hotel e pesquisar os queijos regionais. O suficiente para ter boas maneiras e mostrar algum interesse no que as pessoas estão falando. É o mesmo com a tecnologia. Uma noite de leituras durante um mês vai fazer com que você seja “capaz de fazer as perguntas corretas”. Se isso provocou seu interesse, e você quer saber mais, há muitos cursos rápidos de programação – na verdade, eu mesma organizo um, voltado especialmente para editores – e a Internet está cheia de informações.

Se você é a pessoa que assina os cheques, o efeito “lado feliz” é que vai saber o suficiente para desafiar com sensibilidade e conhecimento sua equipe para que construam coisas novas e interessantes, coisas que vão aumentar seu lucro. Você vai ajustar sua estratégia de recrutamento para atrair pessoas tecnologicamente competentes para sua equipe. Seu planejamento estratégico será melhor quando souber o que é possível, o que é fácil e o que não é. Será mais fácil para você aprovar – ou não – o planejamento de implementação de seu projeto de TI. Se você não sabe nada sobre código, não sabe o que não sabe, e isso é perigoso.

Se você é um especialista técnico e precisa convencer a hierarquia a assinar o cheque para a plataforma que escolheu, há somente uma regra: não use o jargão. Se tiver sorte e seu chefe realmente ouvir e atuar de acordo com sua opinião, é obrigatório que você encontre uma forma de traduzir sua compreensão técnica no que isso significa para os negócios. Você é o fromagier francês na minha cada vez mais torturante analogia com umas férias na França. Use palavras simples e familiares com o turista corajoso que está tentando falar francês, e talvez você será capaz de vender a ele alguns de seus Camembert não pasteurizados. (Idealmente, ele vai mostrar uma mão cheia de moedas e notas que não entende e você vai pegar as que quiser).

Se você sabe que o WordPress é uma bagunça debaixo do capô, o melhor é explicar sobre o custo, tempo e as implicações de manter e ampliar o código horrível, em vez de tentar fazer com que seu chefe entenda como é ruim ter SQL embutido na camada de visualização e que o código deveria ser organizado de acordo com o princípio MVC. Você pode ser melhor comunicando-se por escrito do que cara a cara. Um bom chefe, com vontade de chegar à decisão correta para o bem da empresa, vai entender isso e ler suas recomendações, em vez de insistir que você apresente sua opinião na frente de todo mundo.

Não importa se você prefere tomar a pílula azul "conhecer tecnologia" ou a pílula vermelha "confiar em seus especialistas", deve sempre usar um quadro de tomada de decisões: uma ferramenta para ajudá-lo a tirar a emoção e confusão das decisões complexas.

Algo como a matriz Kepner-Trego (ver abaixo) pode ajudá-lo a descobrir quais os objetivos de negócios que você está tentando conseguir, e quais opções serão mais úteis. Você escreve as coisas que deve ter e as coisas que quer. Pode preferir integrar com seu sistema de gerenciamento de títulos, encontrar suas especificações funcionais e evitar comprar um servidor físico.

Assim você marca seus desejos, dando a eles um peso de 100. Integração com seu sistema de gerenciamento de títulos seria muito bom, então ganha um 20. Que tudo esteja pronto rapidamente seria muito bom, mas não é o fim do mundo: leva um 10. Custar menos de uns $10 mil seria ótimo. Então você marca suas opções comparando com seus desejos, rejeitando qualquer coisa que não alcance os “máximos”. Multiplica os resultados pelo peso e consegue uma nota para cada uma das suas opções. É incrível como esta estratégia ajuda a eliminar a confusão de uma decisão complexa para conseguir claridade de pensamento.

Aqui está um exemplo.


Para ajudar a criar sua matriz Kepner-Trego, você deveria fazer a pergunta, “Que problema isso resolve?” Para uma decisão sobre um site B2C, é problema seu o market share da Amazon das suas vendas online? Ou que não haja nenhum lugar na Internet no qual as pessoas vejam todas as fotos dos seus livros? Será que seus autores não sentem orgulho de você e por isso não mandam seus contatos para seu site? Ou não há como os leitores se unirem a sua mailing list? Você precisa articular os problemas se quiser encontrar uma solução.

Quanto você deveria gastar? Quando se trata de saber quanto dinheiro é razoável para qualquer projeto de tecnologia, você deveria pensar na originalidade de suas exigências, e na complexidade da funcionalidade exigida. O problema de vender livros em um site é razoavelmente complexo, mas já foi resolvido dezenas de milhares de vezes: você não deveria pagar a alguém para reinventar a roda. Suba nas costas dos gigantes.

Contrariamente, o app de Foyles, recentemente lançado, que permite aos compradores fazerem buscas dentro de lojas reais, é uma peça bastante simples de programação, mas é singular e novo. E deveria custar mais. Fazer algo pela primeira vez custa dinheiro, não necessariamente escrevendo linhas de código, mas pagando pela faísca da invenção.

Quando qualquer decisão precisa ser feita, sempre pergunte: “Qual é o problema?” até chegar ao centro da questão.

Tome decisões conscientemente. Então você vai ter certeza de que está chegando a uma solução, não a outro problema.

[04/05/2015 21:00:00]