A bomba de 9,99 dólares
PublishNews, 22/07/2014
A bomba de 9,99 dólares

A Amazon jogou uma bomba de $9.99 esta semana. Conseguiremos sobreviver?

A verdade é que, apesar de a Amazon ser o maior nome no jogo da assinatura de e-books, estão longe de ser o primeiro.

Participo com orgulho da economia de assinaturas. Todo mês gasto R$15 em música (RDIO), R$18 em filmes (NETFLIX) e $25 em livros (OYSTER). Coma quanto quiser. Eu como muito? Não. Eu como mais do que antes do início da economia “netflix de tudo”? Sim. Mas o que isso significa para as editoras?

Economia ilimitada.

Menores preços por unidade. Mas volume maior. Isso é um bom negócio para as editoras? Para manter a matemática simples, você precisa perguntar: os assinantes gastavam mais de R$25 por mês em livros antes do lançamento do programa? Se a resposta for sim, então as assinaturas vão significar um encolhimento do mercado editorial. Se a resposta for não, então elas vão significar um crescimento do mercado editorial. Não importa quantos livros ele na verdade lê depois de começar a participar do programa, só o número de livros que ele teria comprado antes de começar. Claro, se você é uma editora que não está participando do programa, agora precisa se preocupar porque seus clientes terão R25 a menos para gastar em seus livros.

Qualidade versus Quantidade

A Amazon tem 100 mil livros a mais que seu concorrente Oyster que possui 100 mil livros a mais que o Scribd. No final do dia, os números não significam muito se você não conseguir encontrar os 10 títulos que realmente quer ler. O mais incrível é que falta da coleção da Amazon os títulos das cinco grandes editoras. Eu encontrei muitas pérolas literárias no catálogo da Oyster que me mantiveram leal ao programa deles. O Scribd tem ótimos livros de viagem da Lonely Planet. A Amazon acrescentou audiobooks que são ótimos para as viagens diárias para o trabalho. O que realmente seria perfeito para mim seria que alguém me ajudasse a fazer uma seleção de títulos de acordo com meu gosto. Motores de recomendação são ótimos, mas certamente não substituem um bibliotecário ou vendedores de uma livraria com bastante conhecimento.

Digital sem Dados

Apesar de sua natureza digital, nenhuma destas plataformas dá acesso ao tesouro de dados que estão vendo fluir através de seus servidores. Por que não contar ao leitor quantas horas ele leu ficção no mês anterior? Talvez um rápido teste de autoanálise para um livro de autoajuda? Ou contar a uma editora quais são páginas todo que mundo marca ou todo mundo pula?

Pensamentos finais

O que não vi muitas pessoas discutirem é como um programa como este poderia transformar não-leitores em leitores. Um mecanismo que facilita a leitura sem compromissos, ajuda uma indústria a reter “relevância” para um público cada vez mais distraído pelo barulho digital, e ainda encontra uma forma para as editoras ganharem dinheiro não pode ser totalmente ruim.

Quero ouvir suas ideias! greg@hondana.com.br

[21/07/2014 21:00:00]