Jogando no mesmo time
PublishNews, 08/04/2014
Ser assessor de imprensa também é um trabalho que exige envolvimento e paixão. Não dá para divulgar um livro, uma editora ou um evento de literatura sem uma ligação maior e interesse pelo tema

Trabalhar no que dá prazer é sempre o melhor caminho profissional. Ser assessor de imprensa também é um trabalho que exige envolvimento e paixão. Não dá para divulgar um livro, uma editora ou um evento de literatura sem uma ligação maior e interesse pelo tema. E muito menos sem a sensação de fazer parte da equipe.

Quando a assessoria é terceirizada, muitas vezes parece que os funcionários da editora ou da empresa que está organizando um evento não consideram os assessores como parte da equipe, o que é um erro. Mesmo em outro endereço e sem constar da folha de pagamento, o assessor faz parte da equipe e deve fazer o possível para ser reconhecido como tal.

Muitas vezes o escritor sabe que tem a assessoria da editora, mas para um lançamento especial quer uma divulgação mais focada, com um profissional amigo ou que conheça melhor a mídia do tema do livro. Algumas assessorias internas de editoras aceitam bem, outras, se puderem, atrapalham. Bobagem, há lugar para todo mundo. E quanto mais espaços conquistados melhor será para todo mundo.

Também é complicado quando a assessoria assume a divulgação de um evento, como um trabalho temporário. Nesses casos, ainda é mais difícil conseguir o entrosamento ideal com a equipe da empresa contratante, porque não há muito tempo para formar e fortalecer os vínculos.

Funcionários da editora ou empresa de eventos que têm receio de compartilhar informações e perder poder, que não fazem muita questão de estreitar os laços e ajudar o parceiro que vem de fora a entender melhor os procedimentos prejudicam, e muito, a comunicação. Tem gente que demora para atender as demandas do assessor, não fornece contatos e até esconde informações que são essenciais na divulgação. Essas pessoas não percebem que estão prejudicando seu próprio trabalho.

O assessor, por sua vez, precisa deixar os melindres de lado, tentar jogar aberto com as pessoas com quem precisa se relacionar para fazer a sua parte e buscar o melhor entrosamento que puder. Ele deve acompanhar as atividades principais, saber as novidades com antecedência assim que elas aparecem (e não ficar esperando um comunicado formal) e até mesmo participar das festinhas da empresa, por que não? Telefone, e-mail e redes sociais servem exatamente para agregar, não há desculpas para descompassos.

É esse cotidiano que vai fortalecer a equipe, e quando todos sentem que estão jogando no mesmo time o trabalho cresce, os resultados aparecem mais e a solidariedade ajuda nas dificuldades. Um por todos, todos por um, não funciona só na literatura ou no cinema.

Quando for o caso de um lançamento, por exemplo, reunir toda a equipe que faz parte do processo editorial é muito importante. Editor, designer, capista, ilustrador, equipe de marketing e o assessor de imprensa vão buscar novas ideias em conjunto, pensar em estratégias inovadoras, planejar o lançamento, unir as experiências e os conhecimentos para ampliar o potencial da divulgação do livro. Cada um vai destacar o que é importante na sua parte e todas essas informações reunidas podem se transformar em ótimas pautas e em um mailing diferenciado que fazem a diferença.

Acho interessante criar um grupo na Internet, no Facebook, pelo WhatsApp ou por outra rede para agilizar a comunicação. Isso fortalece o espírito de equipe, traz humor para o dia a dia e garante que todos estarão informados de tudo o tempo todo. No dia do lançamento, vai ser muito útil trocar figurinhas antes, durante e depois do evento.

Mesmo antes, podem aparecer problemas ou dificuldades inesperadas que em equipe serão resolvidas com muito mais agilidade e eficiência. Vamos pensar, por exemplo, no caso de um autor que às vésperas do lançamento percebe que o livro está com um problema sério. Imagine em quantos setores essa questão vai se refletir: nos estoques das livrarias, no comunicado para a imprensa, nos procedimentos para uma nova impressão, no relacionamento com o departamento de eventos da livraria ou do local onde o lançamento estava marcado e tantas outras providências que só mesmo um bom trabalho em conjunto poderá evitar uma tragédia maior. E o assessor estará ali ao lado para fazer o gerenciamento da crise e evitar informações desencontradas ou a falta de informação, que muitas vezes pode ser pior ainda.

Se a personalidade do autor permitir, ele também deve participar de reuniões e dos grupos. O autor pode dar retornos importantes, complementar sugestões com fatos pessoais, indicar pessoas para entrevistas sobre a obra, fornecer a lista dos convidados confirmados para o evento e acompanhar de perto as providências que estão sendo tomadas. Ele se sentirá muito mais seguro, eu garanto.

O próprio editor deve fazer o possível para incentivar e deixar bem claro que deseja essa integração. Enfim, tudo isso para dizer que mesmo na divulgação é melhor se sofrer junto do que ser feliz sozinho.

Para falar comigo: ivyma@uol.com.br

[07/04/2014 21:00:00]