Brasil nórdico
PublishNews, Leonardo Neto, 11/03/2014
O PublishNews entrevistou a diretora da Feira Internacional do Livro de Gotemburgo, que homenageará o Brasil na sua edição de 2014

O Brasil será o país homenageado na Feira Internacional do Livro de Gotemburgo, marcada para acontecer em setembro na segunda maior cidade da Suécia. O PublishNews entrevistou Maria Källsson, diretora da feira, e ela contou dos porquês de ter selecionado o Brasil como homenageado, mas fez mistério quando perguntada sobre a relação de autores que serão convidados. Disse ainda que o “Efeito Ruffato” não atrapalhou a homenagem e defendeu que a feira é uma porta de entrada para autores brasileiros no mercado nórdico. Abaixo, leia a íntegra da entrevista

PublishNews – Parece que há um súbito interesse na literatura brasileira. Primeiro foi Frankfurt, depois Bolonha e agora Gotemburgo. O Brasil é a bola da vez?

Maria Källsson: Nos próximos anos, os olhos do mundo estarão sobre o Brasil – um país que, além de sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, é atualmente um dos mais bem sucedidos países do mundo, em termos de crescimento econômico. Neste contexto, vimos que era importante jogar luz na cultura brasileira, em especial na literatura, durante a Feira do Livro de Gotemburgo. Já notamos uma grande curiosidade e expectativa sobre o tema “Brasil”.

PN – Já tem a confirmação de algum autor brasileiro na feira?

MK – Nós ainda não estamos falando em nomes de autores ou convidados do Brasil neste momento. O programa oficial, que está sendo feito em parceria com a Embaixada do Brasil em Estocolmo, será lançado no dia 27 de maio, durante uma conferência de imprensa aqui na Suécia. Vamos tentar manter isso em segredo até lá. É uma fase intensa e criativa, temos mais de 900 sugestões, mas há espaço para apenas 400 deles.

PN – Em Frankfurt, Luiz Ruffato fez um discurso que levantou várias polêmicas com consequências diretas aqui no Brasil. A controvérsia criou o que ficou conhecido como “Efeito Ruffato”, o que pode interferir na participação do Brasil em feiras internacionais. De acordo com o jornal Valor Econômico, a feira de Bolonha, por exemplo, teve o orçamento inicial de R$ 2,3 milhões reduzido para R$ 1,3. Você sentiu algum desses feitos à frente da Feira de Gutemburgo?

MK – Nós tivemos um clima muito aberto com os nossos parceiros no Brasil, em especial com a embaixada e com a embaixadora Lúcia Leda Camargo, e as discussões sobre os custos têm sido muito transparentes desde o início. O custo é, muitas vezes, diretamente ligado à quantidade de autores que o homenageado planeja convidar – e, nesse aspecto, não vejo muitas comparações ao caso de Bolonha. É preciso ressaltar que, historicamente, o fato de o país ser homenageado na Feira de Gotemburgo demonstrou ter um efeito importante e direto na quantidade de traduções e de negócios para o mercado nórdico. Essa é uma das razões pelas quais sempre tivemos o cuidado em apresentar o “Convidado de Honra” o mais cedo possível, a tempo de as editoras suecas comprarem, traduzirem e lançarem durante a feira. Gotemburgo é a porta para os países nórdicos. Temos o IRC (International Rights Centre), que tem uma única visão do mercado nórdico onde a literatura tem uma grande importância. Juntamente com o Conselho das Artes da Suécia, a Feira do Livro de Gotemburgo permitiu a editores estrangeiros e agentes visitarem a feira através de uma subvenção específica para agentes não nórdicos, este mostrou ser de grande importância para atrair editores e agentes estrangeiros.

PN – Qual o orçamento para a participação brasileira na feira?

MK – Para ser convidado de honra em Gotemburgo é, naturalmente, necessário ter um orçamento, mas até que saibamos quantos autores farão parte da delegação brasileira e por quanto tempo eles vão ficar isso é impossível de dizer. Também depende de quantos eventos o convidado de honra organiza, na feira e na cidade, tais como exposições, concertos, leituras, performances de teatro, etc...

[11/03/2014 00:00:00]