Curriculet, um dos novos empreendimentos que mostra as oportunidades para editoras
PublishNews, 27/02/2014
Curriculet, um dos novos empreendimentos que mostra as oportunidades para editoras

Os novos padrões Common Core, que são, essencialmente, descrições de coisas que as crianças deveriam aprender e conhecer em diferentes idades e graus escolares, está sendo adotado agora e ajustado por escolas elementares e secundárias nos EUA. Além de fornecer os padrões, o Common Core encoraja a prática de educar as crianças usando conteúdo não criado expressamente para um objetivo educativo. Em outras palavras, ensinar crianças com livros normais, jornais, revistas, vídeos; não só com livros e materiais educativos preparados por editoras especializadas.

Assim, Common Core é uma nova realidade que tenderia a encorajar maior uso de livros de editoras gerais no ambiente escolar.

A outra nova realidade produzindo mudanças no mercado escolar para as editoras é a quase ubiquidade de aparelhos para leitura digital. Cada vez mais as crianças de todas as idades e base econômica têm smartphones, tablets e aparelhos de videogame que podem ser usados para ler e-books.

Mudar os ambientes comerciais cria oportunidades digitais e é o que estamos vendo nesta área. Nossos clientes na estão trabalhando de forma diligente para disponibilizar conteúdo dentro da Smarter Balanced, ferramenta de avalição para vários estados (uma das duas avaliações financiadas pelas concessões do Departamento de Educação), que permite a inclusão daquele conteúdo nas avalições que poderiam levar a anos de descobertas por professores e adoção em escolas. (As ferramentas de avaliação exigem que o estudante - por exemplo - leia um poema ou uma passagem. Para usar nesta avaliação, o poema ou passagem teria que ser licenciado.) Outra iniciativa que conhecemos recentemente é , que é uma nova comunidade tentando unir estudantes, professores e pais ao redor da leitura das crianças.



(Biblionasium nos ajudou a fazer uma grande descoberta. Eles publicaram leituras recomendadas de cada um de seus três distritos. Notamos que somente um título estava no alto das três recomendações de todos os três grupos: estudantes, professores e pais. O livro se chama e é extraordinário. Parece ter sido escrito para pré-adolescentes, mas não consegui largá-lo. O mundo seria muito melhor se toda criança lesse este livro sempre que seu nível permitir. Possui uma moral bem simples: "seja mais gentil do que o necessário". E defende isso de forma bem persuasiva.)

A Amazon deu um golpe no mercado educativo há dois anos, tentando facilitar a possibilidade de um professor carregar e-books em Kindles numa classe e depois "descarrega-los" quando a classe terminava.

Foi um aceno na direção de uma solução, mas nem chegou perto. Professores precisam de ferramentas e capacidades em relação ao conteúdo e seu consumo que pode ir além do que os pais precisam para monitorar a criança. E, apesar do que a plataforma pode fazer, ainda está o problema do preço. Enquanto as editoras gostariam de conseguir os preços cheios dos e-books em toda cópia colocada em cada aparelho dos estudantes, isso pode não funcionar para as escolas. Comprar livros já é uma exigência financeira, mas pelo menos os livros podem ser usados novamente aula após aula, semestre após semestre, até cada cópia ficar inutilizável.

Entra , cujo co-fundador, Jason Singer, visitou nosso escritório na semana passada.

Singer foi professor e administrador de escolas. Criou a plataforma Curriculet para ser usada nas salas aulas permitindo que a leitura de um livro (ou qualquer outra coisa) dê aos estudantes informações adicionais e ajude com a leitura. Curriculet também fornece aos professores tanto a capacidade de acrescentar direcionamentos (testes, vídeos) e monitorar o que seus alunos estão fazendo. As melhorias que um professor acrescenta ao texto são os "curriculets"; podem ser um ou muitos em cada livro ou conteúdo.

Falando como educador, Singer me contou algo em nossa reunião que me deixou espantado. Aparentemente, entre alunos do 5º série, 75% desfrutam de muito prazer lendo pelo menos duas vezes por semana. No 12º série, este número cai para 20%. Então perdemos 2/3 das crianças que são leitoras durante estes anos na escola. Este não é só um grande fracasso de nosso sistema educacional, também é uma grande perda para as editoras. Elas possuem um enorme interesse coletivo na colaboração com escolas de todas as maneiras deixando assim seus livros disponíveis em um ambiente no qual as crianças serão encorajadas a ler e desfrutar dos livros.

Mas, novamente, voltamos aos desafios dos preços e dos orçamentos escolares. Singer nos contou a história de um professor que queria usar o livro Tão forte, tão perto no 10º aniversário de 11 de setembro de 2001. Mas comprar 150 cópias do livro impresso era impossível. As escolas não podem fazer este investimento a não ser em livros que têm absoluta certeza que se repetirão por vários anos. Com isso, os professores continuam usando sempre os mesmos títulos. A cada ano eles substituem uma fração das cópias de A letra escarlate ou Huckleberry Finn que estão rasgados, mas que nunca são substituídos. E sabem que cada novo professor vai se sentir confortável usando estes livros em suas aulas. Então continuam e, como Singer explicou, é por isso que as crianças de hoje leem muitos dos mesmos livros na escola que seus pais e seus avôs.

Até agora, a indústria de livros digitais para escolas só foi invadida por empresas com conteúdo próprio suficiente para fazer com que uma licença tenha sentido, entre elas Pearson e McGraw-Hill. Como a Penguin Random House tem quase metade do mercado geral, eles poderiam, possivelmente, fazer o mesmo quando crescer o uso do e-book. Mas todo o resto depende de agregadores para apresentar uma seleção de livros grande o suficiente para fazer sentido que um distrito escolar (mais ainda uma sala de aula) compre uma licença. O consenso ao redor dos termos de venda para e-books nas escolas tem demorado a se desenvolver por causa do medo que as editoras têm de que as cópias digitais neste ambiente (cheio de jovens espertos que poderiam ser aspirantes - ou extremamente capazes - hackers) poderia ser perigoso para as vendas futuras daquele título em formato digital.

Mas ao mesmo tempo em que Curriculet está oferendo uma grande vantagem para os professores em sua plataforma, também oferece conforto às editoras cujos e-books ela quiser usar. Parte da motivação das editoras ao cobrar preços padrões (ou até maiores) para escolas do que para indivíduos é o medo de pirataria desenfreada (justificada ou não). Além do perigo de serem hackeados e distribuídos, eles poderiam terminar no aparelho de uma criança para toda vida mesmo se não tiverem sido espalhados.

Nenhum destes problemas acontece com a plataforma Curriculet. O livro vive ali; não sai da plataforma. O estudante pode ler enquanto a Curriculet permitir que ele leia; não consegue fazer nada mais do que isso. Então as editoras podem ser um pouco mais aventureiras em relação ao que permitem na plataforma e com os modelos de precificação que exploram. A boa notícia para elas é que os professores vão se reunir no Curriculet para dividir dados e ensinar ideias; há boas chances de que vão comentar sobre livros e trocar materiais que desenvolveram para cada livro (assim poderão encontrar coisas como eu encontrei Wonder). Isso significa que editoras vão descobrir que estar no Curriculet cria marketing para um livro. A melhor notícia é que a descoberta resultante vai se transformar em vendas, não em transferências não autorizadas, porque o acesso ao conteúdo é controlado pela plataforma.

Será um longo caminho até a realidade final porque Curriculet, agora em beta, só chegará ao mercado realmente daqui a alguns meses. Mas é um desenvolvimento útil para escolas e para editoras, e isso, ou algo parecido a isso, é promissor para o futuro do faturamento das editoras do mercado educativo.

Tradução: Marcelo Barbão

[26/02/2014 21:00:00]