O novo mercado de língua inglesa?
PublishNews, 30/10/2013
Um dos temas da Feira de Frankfurt este ano foi a instabilidade dos mercados em imglês

Um dos temas da Feira de Frankfurt este ano foi a instabilidade dos mercados de língua inglesa. Tudo costumava ser muito simples. As editoras norte-americanas compravam os direitos nos EUA e no Canadá, as editoras britânicas tentavam trabalhar no resto do mundo, com uma rede de escritórios em outros países de língua inglesa. Apesar da tendência já existir há um tempo, algumas editoras – a Penguin Random House em especial – está mudando a equação.

A verdade é que está ficando mais evidente, a cada dia, e em nenhum outro lugar mais do que na Feira de Livros de Frankfurt, que o mercado de língua inglesa, que há muito tempo é bastante segmentado, está se tornando uma grande confusão. As editoras dos EUA nos últimos anos ficaram mais interessadas nestes mercados de exportação – tipicamente, mas não exclusivamente na Europa e no Extremo Oriente – que as editoras britânicas apreciavam e onde ganhavam tanto dinheiro. A ideia de direitos dentro da Comunidade Britânica é cada vez mais anacrônica.

Os livros digitais, ao diminuirem o mundo por causa da capacidade de entrega global, fortalecem estas tendências. Pensemos na forma como os escritórios nacional e regionais da HarperCollins foram transferidos de Londres para Nova York; pensem como a Bloomsbury está operando como uma única empresa a partir de Londres. E, claro, temos a maior de todas – a Penguin Random House, que se estende por todo o mercado editorial de língua inglesa como um mamute.

E isso não se resume a grupos grandes também. Editoras como a Norton, Quercus e Melville House estão todas cruzando o Atlântico.

Minha sensação é que ninguém no Hall 8.0, onde ficam as editoras internacionais de língua inglesa na Feira de Frankfurt, realmente sabia para onde estão indo as coisas. Todo mundo está inseguro de até onde as editoras vão operar como uma única empresa no mercado de língua inglesa. As grandes fusões e mudanças são todas muito novas. As editoras de Londres serão tomadas por suas primas maiores dos EUA? Quem vai “ser o dono” dos grandes mercados de exportação? Como serão feitas as compras conjuntas para diferentes divisões nacionais (ou não serão)? No entanto, nunca ficou tão aparente que o digital está tendo efeitos além das óbvias mudanças de produto. Estruturas de negócios, velhos hábitos de trabalho, estruturas de comando, design organizativo e os trabalhos do mercado de conteúdo são as coisas que estão realmente mudando e que fazem difícil prever o que vai acontecer.

Posso garantir isso – se andássemos pelo Hall 8.0 e perguntássemos qual é o futuro do mercado de língua inglesa, todo mundo vai ter uma opinião. Por quê? Porque é nisso que todo mundo está pensando este ano.

Michael é autor do livro The Content Machine. Texto publicado originalmente aqui.

Tradução: Marcelo Barbão

[29/10/2013 22:00:00]