Uma jornada pela Jornada de Literatura
PublishNews, 03/09/2013
Uma jornada pela Jornada de Literatura

Cheguei na madrugada de segunda-feira da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. Como sempre acontece desde 2005, quando a equipe da Agência da Lu Fernandes assumiu a divulgação das jornadas literárias, voltei cansada mas muito feliz. Essa manifestação cultural, como a professora Tania Rösing prefere falar ("não é evento", faz questão de afirmar) mexe com a alma da gente. Você fica praticamente uma semana das 8 às dez da noite trabalhando direto, mas mesmo no final da noite ainda consegue, não sei de onde, o pique para se reunir com escritores, organização e jornalistas em um divertido jantar de confraternização logo após o encerramento dos debates.

Nesta edição, por exemplo, Paulo Caruso e Roberto DaMatta fizeram um dueto inimaginável até então. Os escritores Ignacio de Loyola Brandão e Luciana Savaget coordenaram os debates com a alegria e o bom humor de sempre. Faltou Alcione Araújo, mas de alguma forma ele estava lá. Segundo Loyola, veio em forma de uma bola de gás lilás que teimosamente insistia em ficar na mesinha ao seu lado durante um dos debates. Coisas de Passo Fundo. Lá tudo pode acontecer. E o melhor é que acontece o tempo todo ao seu lado porque os escritores caminham livremente, dão autógrafos, conversam e se aproximam dos leitores.

Mas deixando o envolvimento de lado, volto ao tema da minha coluna para falar da jornada para divulgar essa Jornada desde 2005 até agora. Coordenei a divulgação até a última edição, em 2011, e participei este ano, junto com Leonardo Neto e a equipe da Universidade de Passo Fundo, comandada pela Maria Joana Chaise. [1] E essa equipe, de lá e de cá, mais uma vez funcionou com uma incrível parceria e os resultados foram excelentes. Parceria que deve acontecer em uma divulgação que envolve outras assessorias, sem estrelismo, sem ciúmes, todos se ajudando e torcendo pelo melhor resultado.

Quando a professora Tania contratou a Agência da Lu em 2005, o grande desafio era fazer com que os jornalistas soubessem e entendessem o que acontece naquela pequena cidade a 400 km de Porto Alegre. Muitos, a maioria, nem sabiam que a Jornada – que este ano completou 32 anos – existia. Naquele primeiro ano, nem mesmo nós da assessoria sabíamos exatamente como funcionava, mas mergulhamos fundo nas informações para preparar o material, convidamos pela primeira vez jornalistas de fora para participarem e a Jornada desde então não parou de crescer em espaços em todas as mídias.

Os jornalistas que vão a Passo Fundo (e os escritores também) se apaixonam pela Jornada. São mais de 100 escritores a cada edição e por lá já passaram tantos e tão famosos, do Brasil e do Exterior, que fica até difícil listar. Chico Buarque foi até lá em 2005 receber o Prêmio Zaffari & Bourbon de Literatura pelo romance Budapeste. Mia Couto, vencedor do mesmo prêmio com O outro pé da sereia, naquele seu falar envolvente fez muita gente chorar na plateia.

Cristóvão Tezza também recebeu o prêmio pela obra O filho eterno e fez questão de dizer que era um dos eventos mais sensacionais que encontrou na vida de escritor: “É uma experiência inesquecível participar de perto daquele encontro trepidante e surpreendentemente popular, que durante uma semana enche as arquibancadas de um circo imenso de gente interessada em livro e em leitura”.

E a semana é realmente repleta de atividades, fica difícil escolher entre tantas opções. O dia inteiro e até à noite há programação acontecendo por todos os cantos da Universidade, para crianças, jovens e adultos. A Jornadinha reúne 18 mil crianças que leram as obras dos escritores, assistem e perguntam, perguntam muito. A jornalista Maria Fernanda Rodrigues, de O Estado de S.Paulo, fez uma matéria linda sobre a Jornadinha. Ela mostra o envolvimento mágico e ao mesmo tempo real da criança com a literatura, como sempre deveria ser em eventos literários.

Programar e realizar a divulgação de um evento como esse é um trabalho de fôlego, mas material não falta. Fazer entrevistas com os autores, entender e organizar toda a programação, preparar um mailing nacional e também dos correspondentes, fazer textos dos eventos principais, preparar os perfis dos autores, enviar notas, sugestões de pautas para impressos, sites, tevês e rádios. Este ano até o Jornal Nacional fez matéria sobre a Jornada. O Globo publicou uma página do Prosa com um artigo da coordenadora. E foram tantos outros, além da cobertura eficiente da mídia do Estado do Rio Grande do Sul. A Jornada é tão ampla que envolve praticamente todas as editorias.

De 2005 para cá a Jornada ganhou mais do que espaços na grande imprensa. Ganhou o respeito dos leitores de outros estados. Ganhou comentários de escritores em suas palestras mundo afora. Ganhou o apoio de muitos parceiros dentro e fora do mundo do livro e da leitura.

Ainda não ganhou, infelizmente, a garantia de que será realizada mais uma vez em 2015 sem os atropelos, sem as decepções, sem o estresse e sem a busca por todos os lados de verbas para completar o seu custo. Quem sabe até lá a organização consiga uma casa permanente para a Jornada, até agora acontecendo em estruturas desmontadas a cada edição.

Certeza mesmo é a de que as Jornadas Literárias vão continuar mobilizando mais de 45 mil pessoas como neste ano. Ela pode crescer muito mais, é só não atrapalharem...

[1] Não estou mais na Lu Fernandes, mas fiquei muito feliz quando ela me chamou para integrar a equipe este ano junto com ela, o Leonardo Neto e a equipe da UPF.

[02/09/2013 21:00:00]