O colapso da Barnes & Noble
PublishNews, 24/07/2013
O colapso da Barnes & Noble

Em 2009, a Amazon e a Sony tinham um duopólio virtual no nascente mercado de e-books. A Barnes & Noble tinha que agir agressivamente, e de fato o fez – eles contrataram William Lycnh, CEO que tinha nenhuma experiência com livros, mas era craque em tecnologia e e-commerce. Ele lançou o Nook, e um ano depois a B&N tinha 20% do mercado – engolindo quase todo o negócio de e-book da Sony e chegando rapidamente perto da Amazon.

A B&N fez investimentos pesados em tecnologia, criou um centro de desenvolvimento digital no Vale do Silício, com mais de cem engenheiros treinados, que lançaram e-readers e tablets Nook que receberam resenhas calorosas. Esses aparelhos estavam em destaque nas livrarias físicas, e tinham o respaldo de um staff de vendas comprometido.

Aí vejo essa notícia:


CEO William Lynch resignou ao cargo, após perda trimestral de US$ 177 milhões na divisão digital

O que aconteceu com aquela luz no fim do túnel?

Primeiro de tudo, o DNA da empresa era o de uma livraria física, e apesar dos milhões de dólares investidos em desenvolvimento, um duelo com um mamute da tecnologia, a Amazon, mostrou-se ser uma batalha quixotesca.

Segundo, eles cometeram um erro crasso ao investir em tablets. Apesar do Nook Color e Tablet serem aparelhos muito inovadores, a B&N não percebeu que o seu ponto forte era conteúdo, não aparelhos (se fosse o caso, os tablets teriam preços de iPad). Sem uma oferta completa de músicas, vídeos e jogos pagos, que mantêm os consumidores nas lojas virtuais, a B&N estava simplesmente disponibilizando a compra de Angry Birds e assinatura de Netflix.

Por último, eles perderam a oportunidade de impulsionar seu maior ativo – a rede de lojas físicas. Os “Cantos do Nook” nas livrarias eram fantásticos, mas por que a B&N não fez algo que apenas um varejista físico conseguiria? Como ofertar pacotes impresso/digital? (por exemplo, compre o livro físico e leve o digital com 50% de desconto). Ou ofertas válidas apenas dentro das lojas? (Como 20% de desconto em todas as compras virtuais feitas na loja física). Ou ofertas de livros físicos na loja virtual? (Digamos, 10% de desconto nos livros físicos para leitores digitais). As possibilidades de marketing eram virtualmente ilimitadas.

O fim de William Lynch e companhia foi bem triste, mas estou animado para ver o que as ‘Barnes & Noble’s do Brasil nos trarão.

[23/07/2013 21:00:00]