Nem só de Flip vivem os jornalistas
PublishNews, 02/04/2013
Nem só de Flip vivem os jornalistas

Divulgar um evento literário não é nada fácil. Quanto maior a programação, mais complicado será o trabalho. É preciso dominar todas as informações sobre as atividades e os escritores participantes, elaborar um plano estratégico para a divulgação, ter muita paciência para esperar os resultados e entender que hoje em dia acontecem encontros de literatura em várias cidades do Brasil o ano todo. O seu é apenas mais um no enorme e gratificante universo do livro e da leitura.

Num evento como a Flip, por exemplo, o assessor tem a vantagem de contar com o interesse das mais diversas mídias. Aparecem pedidos de credenciamento de todos os cantos do Planeta. Jornalistas amam a Flip e todo mundo quer garantir o seu lugar na Tenda dos Autores. O acesso é bem limitado e a cobertura durante as palestras também. Os assessores da Flip sofrem para conseguir fazer o milagre da multiplicação dos ingressos e tentar atender ao maior número de jornalistas possível. Muitos reclamam do privilégio para jornalistas de grandes veículos, mas não dá para ser diferente. São os grandes veículos que têm um grande número de leitores e contemplam amplos espaços durante meses, divulgando os confirmados, entrevistando autores e publicando matérias especiais. Sempre é possível separar alguns ingressos para os veículos menores, aproveitando desistências, ausências nas mesas de menor interesse e usando os ingressos na Tenda da Matriz. Essencial é receber a todos os jornalistas com a mesma atenção e gentileza.

Outro grande evento que chama atenção da mídia pelo número de escritores e atividades, com retorno de matérias maiores e entrevistas antecipadas é a Bienal, nas edições Rio e São Paulo, atraindo profissionais de várias partes do Brasil e do mundo. A Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo acontece há mais de 30 anos e faz um belo trabalho de incentivo à leitura com crianças e jovens, além de debates com escritores nacionais e internacionais no centro de um grande circo para cinco mil pessoas, mas a distância dificulta a participação dos jornalistas.

Eventos não faltam no Brasil, como a Feira do Livro de Porto Alegre, Bienal do Livro da Bahia, Bienal do Livro de Pernambuco, Festival Literário Internacional de Pernambuco (Fliporto), Festival da Mantiqueira, Fórum das Letras de Ouro Preto, Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços) e muitos outros. São tantos que foi até criado o Circuito Nacional das Feiras do Livro, programa vinculado à Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura e Câmara Brasileira do Livro, para apoiar as feiras existentes e estimular novas iniciativas pelo Interior do Brasil e organizar o calendário anual. São mais de 200 eventos e o número não para de crescer. Com tantos encontros assim, haja espaço nos veículos e criatividade para os assessores.

A dica principal é conhecer a fundo a programação e os escritores convidados, principalmente os que vêm de fora, para produzir um bom material de divulgação. Nessa batalha, é ótimo contar com as assessorias das editoras e dos autores, que poderão facilitar entrevistas, fotos, livros e informações, além de aproveitar o evento para trazer o foco novamente para escritores e livros já lançados.

Outro conselho: cuide muito bem dos jornalistas credenciados para a cobertura, fornecendo material e facilitando as entrevistas desejadas. Eles poderão ampliar o noticiário e fortalecer a imagem institucional do evento para as próximas edições.

Antes, durante e depois da realização, é importante envolver as cidades da região, fazer contato com os jornalistas, oferecer sugestões de pauta e textos completos para garantir cobertura diferenciada e atrair visitantes para todas as atividades. Hoje em dia, blogs locais ou ligados ao tema têm leitores e influência e, portanto, devem ser valorizados também.

A terceira sugestão é um lembrete: não esquecer que cada veículo tem públicos e interesses diferentes. Rádios e emissoras de TV locais valem o investimento de tempo para criar sugestões exclusivas.

Dá trabalho sim divulgar um evento literário e quem já fez sabe bem disso. Você começa bem antes, faz muitas entrevistas com os participantes, escreve textos sobre tudo o que vai acontecer, fala com meio mundo, briga com a clipadora, ajeita a cintura para o jogo do estresse que sempre rola e... ainda tem o pior: os resultados demoram a aparecer. Mas quando tudo acaba vem a sensação de vazio. Pelo menos até a próxima edição.

[01/04/2013 21:00:00]