Um lamento pelo Chorão, e por nós.
PublishNews, 08/03/2013
Ele descobriu nossa editora graças a um presente, um livro sobre o Pelé que publicamos

Ele descobriu nossa editora graças a um presente, um livro sobre o Pelé que publicamos. Não sabia que uma editora nascida em Santos publicava livros tão caprichados. Acompanhado do seu amigo e produtor, o Jerri, eles entraram na livraria, tinham agendado um papo comigo.

A idéia era fazer um livro da história da banda, Charlie Brown Jr., com imagens da estrada, dos shows, trechos de canções e textos. Uma fotobiografia de um grupo que tinha o escritório na praia, tudo a ver com a gente.

Enquanto conversávamos ele ia se soltando, disse que não estava acostumado aquele ambiente, mas que se sentia muito bem, comparou a Nothing Hill, o bairro inglês que havia visitado recentemente. Rimos e tomamos café, tranquilos.

Nos vimos outras vezes, ele com o mesmo jeito de garoto, gentil mesmo, contrariado por não conseguir terminar o livro. Conversamos algumas vezes sobre o conteúdo, que estava encruado.

O Jerri estava sempre no circuito, quase todas as fotos são dele, que viajava com a banda para tudo o que é lugar. Ele também é um designer gráfico, dos bons, e um bom leitor de poesia, além de um grande cara também, tudo certo né?

Falei pela última vez por telefone em meados de dezembro. Foi boa a conversa, ele agradeceu muito a ligação, estava empolgado com o livro, fazia planos.

Vi a notícia pela manhã. Vi mas não ouvi, esfreguei os olhos e só então entendi o que tinha acontecido com o Chorão. Tivemos o início de uma boa camaradagem, eu defendia o homem e o músico por aí, em conversas com amigos. Muita tristeza.

Até o Correa, o taxista que me atende sempre, parceiro de viagens e receptor dos planos malucos da editora, me ligou ontem: “Zé Luiz, estou buscando a irmã e mais alguém da família do Chorão, quer que eu fale do livro pra eles?” Pô, acho que hoje é o dia do enterro, Correa.

O Correa é do time, o Chorão também era. Eu disse, um pouco constrangido: “Vai com calma, fala de leve.” Ele passou meu cartão, de leve, para a empresária que estava junto.

Não tínhamos feito um contrato para a edição da obra, e a minha única testemunha é o Jerri. Olho pro celular, quem sabe vem uma mensagem?

Fica mais um abraço que não será dado. Abraços para vocês, e até a próxima.

Zé Luiz Tahan. tahan@realejolivros.com.br

[07/03/2013 21:00:00]