Uma conversa com o Cookbook Man
PublishNews, 21/09/2012
Uma conversa com o Cookbook Man

Criador de um site sobre os restaurantes de Sarasota, na Flórida, o americano Larry Hoffman, 52 anos, também cuida de um cantinho na internet cujo principal propósito é avaliar livros de cozinha. Lançado em 2010, o Cookbook Man reúne textos sobre dezenas de exemplares – Larry garante que lê de vinte a trinta títulos por mês para escolher os que acabam merecendo lugar no website e que procura fazer pelo menos um prato de cada, para ver como se sai. Suas resenhas, escritas de um jeito bem-humorado, trazem detalhes como “ingrediente em destaque”, “primeiras impressões” e “minhas receitas favoritas”, e terminam com uma nota de 1 a 10 que indica o grau de experiência necessário para os leitores aproveitarem a obra.

Na semana passada, troquei alguns emails com o Larry para saber quais são, na opinião dele, as características de um bom título de cozinha. “Gosto de simplicidade”, disse. “Não que as receitas devam ser simples, mas o livro precisa ser fácil de usar. É bom que haja algumas imagens, não necessariamente uma para cada prato, mas elas são especialmente valiosas para quem não tem muita experiência. Também gosto de receitas ‘autossuficientes’, sem remissões a outras ao longo do volume; de livros que contam histórias, boas referências para saber de onde veio a inspiração do autor; e, por mais maluco que possa parecer, de obras que tenham um toque agradável, impressas em bom papel, e que sejam confortáveis – não quero ter de usar uma colher para manter as páginas abertas enquanto cozinho.”

Larry publicou, no Cookbook Man, um manifesto com diretrizes curtas para quem vai comprar, usar ou escrever livros de cozinha. Algumas são bem divertidas, como “O autor nunca vai ficar sabendo se você trocar o sal kosher por sal marinho”, “Se houver toneladas de ingredientes que você não consegue nem pronunciar, passe adiante” e “Não é só porque alguém sabe interpretar ou cantar que também sabe escrever receitas”. Em nossa troca de emails, ele estendeu sua visão sobre o que é necessário levar em conta na hora de adquirir um título, principalmente para o leitor que não está acostumado com o gênero. “Primeiro, é preciso que você possa efetivamente usar o livro para cozinhar. Alguns deles – e não estou dizendo que são ruins – pedem produtos mais difíceis de serem encontrados ou equipamentos que você não tem. Depois, a obra deve ser adequada ao seu estilo de vida. Por fim, escolha um volume que tenha receitas com vários níveis de dificuldade, para incentivar seu crescimento na cozinha.” Lendo assim, parece tudo óbvio. Mas não é. Cansei de ver gente insatisfeita porque deu um passo maior do que a perna ao comprar exemplares “complicados” ou – e isso é muito frequente – simples demais, com pratos que não despertam a imaginação nem a vontade de colocar o avental. “É fácil escrever um livro que logo será esquecido”, diz o manifesto de Larry Hoffman. Concordo plenamente.

[20/09/2012 21:00:00]