Eu divulgo, tu divulgas, ele divulga...
PublishNews, 19/06/2012
Eu divulgo, tu divulgas, ele divulga...

Imagine a cena. Mesas de trabalho de jornalistas que escrevem resenhas, colunas ou matérias sobre livros atoladas de exemplares por todos os lados, inclusive o que você está divulgando. É muito complicado fazer a seleção do que vai virar notícia. E isso sem contar os livros e os temas sobre os quais os jornalistas querem escrever, independentemente do material que chega via assessoria de imprensa.

O grande número de lançamentos – são cerca de 55 mil títulos anuais no mercado editorial brasileiro – e o espaço limitado na mídia tornam bem complicada a vida do assessor que trabalha com a divulgação da imagem institucional das editoras e de seus lançamentos. Na abordagem com os jornalistas, é necessário tomar todos os cuidados para não ser chato ou invasivo, e nunca, mas nunca mesmo, pensar que o seu livro é sempre o melhor e que você é um injustiçado. Mesmo que seja. Cobrar o que não saiu é totalmente fora de propósito. Esqueça. Se ainda for atual, melhor rezar para que alguma outra matéria não dê certo e aquela sobre o seu lançamento entre na fila.

Para os assessores, os sábados não são dias de descanso. Pelo contrário: são dias de acordar e ir correndo comprar os principais jornais e revistas com cadernos e espaços voltados para a literatura, e procurar, quase sempre em vão, uma matéria, uma resenha, uma indicação ou pelo menos a capinha e sinopse do exemplar divulgado. E, ainda, o mais difícil: explicar para autores e editoras por que o livro deles não foi contemplado. O domingo pode virar um dia de trabalho forçado, pensando em novas estratégias para conseguir outras publicações e amenizar o insucesso. Sugestão: dar um pulo na livraria ou banca de jornal mais próxima e vasculhar revistas e jornais. Há grandes chances de você deparar com um veículo perfeitamente adequado para a divulgação do seu livro, e que até então não era seu objeto de desejo.

Para lidar com todos os desafios e conseguir bons resultados na área editorial, a primeira dica é conhecer bem o escritor e sua obra. Além de ler os livros com muita atenção, ajuda identificar os pontos mais importantes ou curiosos e já começar a montar a estratégia da divulgação. Sim, estratégia não pode faltar. É ela que vai dar foco ao seu trabalho, direcionar seus textos e tornar seu follow-up pelo menos instigante o suficiente para que o jornalista não te dispense de cara pelo telefone. E nunca ligue em horários de fechamento. Procure saber antes como funciona cada redação e assim evitar encolher o tempo de conversa com o jornalista.

Se for possível uma entrevista com o autor/ tradutor/ ilustrador, vá em frente. Todos os detalhes ajudam a chamar atenção para o livro. Escritores são seres especiais com muitas histórias, projetos variados e sonhos. Geralmente já estão com a cabeça na próxima obra. Às vezes, se bem trabalhada, uma informação aparentemente pouco interessante pode virar uma nota exclusiva ou uma pauta especial transformada em uma bela matéria de página. O voo é livre para a imaginação quando o assunto é literatura. E a sorte também existe em nossa área.

Como falamos em literatura, outra dica é ler não apenas os títulos da editora com que você trabalha, mas também saber o que concorrentes estão fazendo, e como. É uma forma de ampliar os horizontes e manter o prazer da leitura. Convenhamos, nem sempre o gênero que você está divulgando é o seu preferido.

Escrever um texto correto é obrigatório, afinal o assessor tem (ou deveria ter) mais tempo para pesquisar, trabalhar melhor as palavras e produzir um release ou sugestão de pauta com estilo. Não se esqueça de incluir o serviço: preço, número de páginas, local de lançamento, se for o caso, site da editora e redes sociais, inclusive do autor. E não custa reforçar: um bom perfil do escritor é básico, mas não é preciso exagerar e contar a história do mundo.

Procure ganhar intimidade com os veículos e espaços voltados para a literatura e cultura, e preste atenção nas outras editorias relacionadas aos temas das obras, nos jornalistas e no perfil dos leitores. Se você oferece o livro para o veículo e o jornalista corretos, já é meio caminho andado.

Também fique sempre preparado para o melhor, pois nem só de problemas vive a assessoria. Quando você menos espera pode surgir a oportunidade de conseguir uma divulgação maravilhosa, em um ótimo programa de entrevistas ou na matéria de capa de uma revista. Tenha fé e lembre-se do velho ditado que diz que Deus ajuda o bom repórter. Bom assessor também...

Seja terceirizada ou interna, acho que a assessoria de imprensa é a melhor ferramenta para a divulgação das editoras e seus produtos, porque os profissionais competentes conhecem os principais pontos que fazem a diferença para destacar um livro na mídia e dar continuidade ao trabalho após o lançamento.

E lembre, sempre, que seu livro pode ganhar o mundo em diferentes mídias. Há um grande universo a ser explorado além dos jornais, revistas e sites mais conhecidos ou programas nas rádios e tevês de maior audiência. Hoje em dia, as redes sociais e os blogs (muitos de jornalistas especializados) têm leitores para todos os gêneros. Vá à luta, seu livro merece.

[18/06/2012 21:00:00]