O dia do livreiro
PublishNews, 16/03/2012
O dia do livreiro

Nunca tinha lido ou ouvido que os livreiros tinham uma data comemorativa. E não é que têm? Foi no dia 14 de março. Recebi uma mensagem no Facebook, na manhã do nosso dia, enviada pelo meu amigo Matthew Shirts. Dizia mais ou menos assim: “Feliz dia do livreiro, Zé! Que você seja abraçado pelos amigos na Realejo, uma das maiores livrarias do Brasil, do mundo e de Santos!” Adorei o recado e os elogios envolvendo a grandeza de uma livraria de 50 metros quadrados em meio às redes de megastores... Coisa de amigo mesmo.

Continuei olhando a minha página e surgiu mais um recado, agora de uma cliente, a Romilda. Fui comparado por ela a um agitador cultural que sacudiu Santos nos anos de chumbo. Maurice Legeard era um cinéfilo importado da França que fez muito pela sétima arte por essas bandas. A Romilda ainda enfatizou o cumprimento com uma ilustração que fazia alusão a Dom Quixote – acho engraçado as pessoas nos atrelarem aos sonhadores, ou lunáticos, mas a cliente foi muito simpática. Agradeço as comparações e os moinhos.

Continuei na praga da página da rede social e vi um texto do meu chapa Xico Sá (no blog da Folha de S. Paulo) intitulado "Aos livreiros, com carinho". No belo post, Xico rememora sua vida de livreiro no Recife e cita mais figuras que lhe são caras. Sou fã do cabra e parceiro de boteco. Fui poupado da crônica e dos elogios do autor. Mas ele não escapou dos meus patrulheiros, que evocavam o meu trabalho e o meu nome na lista. Fiquei constrangido, de verdade. Mas o craque se saiu com esta resposta, também não exatamente assim: “Pô, o Zé é tão meu amigo que seria cabotino citá-lo!”

Esse sabe tudo!

Daí não me aguentei. Resolvi escrever um pequeno texto que falava do nosso dia e dava um abraço geral, escrito de dentro da livraria, assim como faço agora. Foi uma enxurrada de comentários e cliques de curtir, o que me deixa muito feliz.

Ser livreiro é isso: se relacionar com os leitores, de perto e de longe. No balcão e na web. Uma mistura de Brancaleone com Sancho Pança, tendo ideias e miragens e ralando para pagar o aluguel.

Somos poucos hoje, a ponto de cabermos, a maioria, nas lembranças de um texto de blog. Que bom ter o dia do livreiro. Façamos barulho, a profissão merece, e o profissional também.

[15/03/2012 21:00:00]