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A guerra de eletrodomésticos
PublishNews, 29/02/2012
A guerra de eletrodomésticos

O filme de hoje narra a tentativa de recriar rapidamente um sistema complexo a partir de um novo arsenal tecnológico. O desfecho aponta para a parte raramente considerada nessa equação: o ser humano está na origem e é também o fim.

“Minority report – A nova lei” se passa em Washington no ano de 2054. A divisão pré-crime conseguiu acabar com os assassinatos, pois descobriu uma forma de punir o culpado antes que o crime seja cometido. Como? Por meio de três videntes, os precogs, que conseguem saber o nome da vítima, do criminoso e a hora do crime. As informações são fornecidas para uma elite de policiais que tentam descobrir onde será o assassinato. O líder da equipe de policiais é John Anderton (Tom Cruise), que teve o filho sequestrado aos seis anos. O desaparecimento da criança fez ele se viciar em drogas e, embora ainda continue dependente, isto não o impede de ser o policial mais atuante na divisão. Porém, sua vida muda totalmente quando vê, através dos precogs, que ele matará um desconhecido em menos de trinta e seis horas. A confiança que Anderton tinha em toda a tecnologia para resolver os problemas de criminalidade rapidamente fica abalada. Ele passa a buscar uma pista que pode ser a chave da sua inocência: um estranho caso que não foi solucionado. Mas apurar não é uma tarefa fácil, pois a divisão pré-crime já descobriu que Anderton cometerá um assassinato e todos os policiais começam a tentar capturá-lo.

Trago esse filme hoje porque tenho lido muita coisa com um tom de

terrorismo, decretando quase o fim da produção editorial da forma como a conhecemos. Como o espaço é curto, vou simplificar o que tenho lido sobre mitos e verdades nesse sentindo. A impressão que tenho é que há muitas vozes para falar sobre esse fim, sugerindo que vamos todos parar num limbo.

Fato: o e-book elimina o papel impresso. Nem posso dizer que há um componente de preservação da natureza aqui, pois teria de haver um estudo sério para afirmar que o impacto de produção de um tablet ou um iPad ( e especialmente o seu descarte, com suas baterias poluentes) é menor do que a produção de 20 exemplares de livros.

Isso quer dizer objetivamente que as gráficas terão de encontrar formas alternativas de utilizar a sua força produtora de livros comuns: investindo em técnicas de produção mais elaboradas, para diferenciar seus produtos, e investindo em impressos para outros segmentos. As livrarias por sua vez passam a focar também em outros produtos (como já fazem) e a fortalecer seu braço virtual.

No entanto fala-se como se o surgimento do e-book fosse acabar com o livro impresso e também com a cadeia de produção. Ora, a grande diferença é o suporte. Sai o papel e entra o tablet. O conteúdo basico do livro é quase o mesmo. E ainda que o e-book acabasse com o livro impresso, toda a cadeia produtora precisaria ser mantida: autores com grandes adiantamentos, corporações que investem pesadamente neles, tradutores, agencias de marketing, estúdios de Hollywood, revisores, designers etc.

Alguém imagina que uma série como Guerra dos tronos, Crepúsculo ou a biografia do Steve Jobs poderia ser publicada sem essa rede de colaboradores?

O e-book vai fazer as pessoas lerem mais. Stop! O fato de eu conseguir colocar 1.000 títulos em meu iPad vai me dar chances de ler mais livros? Meu HD cerebral e meu tempo de leitura vai aumentar porque agora consigo carregar 1.000 livros em minha pasta?

Não conheço ninguém que lê mais de três livros ao mesmo tempo. Quem o faz deve fazer por exercício profissional ou para provar alguma teoria. Por que, então, isso é tomado como se a revolução eletrônica fosse fazer todo mundo se tornar um viciado em livros?

Vamos comparar: o que aconteceu com os computadores dados às pessoas nas escolas? Elas os usam prioritariamente para investigações científicas, estudos? Não. Em geral as pessoas se mantêm nas redes sociais; os adolescentes ficam copiando trabalhos de universidade; adultos vão para sites de encontro, pechinchas e notícias de sua área de interesse. No entanto, acreditava-se, na época em que começamos a ter acesso a computadores pessoais, que nos tornaríamos programadores, revoluciorários do novo mundo. Isso não aconteceu. O computador virou um eletroeletrônico como tantos outros que utilizamos na mais variada das vezes para nos comunicar e para entretenimento. Porque com o tablet esse conceito seria diferente? Estudos já apontam que os tablets se tornaram principalmente um computador pessoal. Ler livros neles é uma função mais que secundária. Então, se alguém corre riscos, é a empresa de computadores que não produz tablets.

O e-book é mais barato? Sim. O livro eletrônico no Brasil é, em média, 30% mais barato. Mas quantos livros você precisará ler para essa conta fechar incluindo o preço do aparelho e o tempo de trocá-lo por um novo e mais avançado? Se você lê dois livros por mês (o que é uma média ótima), pagando R$ 30 por exemplar, terá gasto ao longo de dois anos R$ 1.440,00.

Num tablet você gasta cerca de R$ 1.400,00 hoje, e depois R$ 1.008,00 para ter acesso aos 48 livros. Então é mais caro. E há o risco de perder, quebrar ou ser roubado. Além de muita gente não se sentir segura em utilizá-lo para ler num local público como ônibus, praça, parque ou metrô. Portanto nem é mais barato, você paga os 48 livros antecipadamente e não é mais seguro.

Essa conversa já aconteceu com processos mais desenvolvidos no restante do mundo – para uso de energia elétrica nos carros, energia solar nas casas – e as tecnologias só foram adotadas pela população quando o custo passou a ser subsidiado por uma política pública. Então, acredito que precisaria haver uma larga subvenção estatal para o e-book assumir o lugar do livro impresso. Mas se isso näo ocorreu no Brasil com processos que põem em risco a saúde do planeta, como energia solar e elétrica, não deve acontecer com o livro.

O e-book eliminará a figura da editora do centro do negócio. O mercado é sempre um balizador da melhor qualidade da produção editorial nacional e estrangeira. Quando digo o melhor, quero dizer o melhor de todas as áreas publicadas, seja terror trash, piada para crianças ou ficção literária. O livro que merece ser publicado é aquele que tem público interessado em lê-lo. E as editoras concorrem para selecionar os melhores autores e temas. Se não houvesse editores fazendo essa seleção, cada leitor teria de se pautar pelos comentários de gente que leu antes, sem nenhuma expertise como crítico e que pode ter um gosto bem duvidoso. Com a universalização da produção e acesso a conteúdo, o segredo estaria em filtrar o lixo e ver o que importa. Há uma corrente que acha que isso pode ser feito computacionalmente (inteligência artificial) e/ou pode emergir através de crowd wisdom (recomendações, ratings etc). É preciso dizer que esse processo é falho. Muita gente convoca amigos para postar em sites recomendaçoes para livros (acontece direto na Amazon). E já se descobriu inclusive que autores encontraram meios de criar números falsos de seguidores em redes sociais no Brasil.

Lembro de um passado recente, quando dirigi a área editorial de uma fundação nos anos de 1990 e falava-se do programa de revisão ortográfica. Ele iria resolver o problema dos erros nos jornais, revistas e livros. Passados mais de 15 anos esse programa não avançou muito. Ele corrige grafia, algumas concordâncias e trabalha com uma pontuação mais clássica. Nada que elimine a figura do editor de textos e revisores. Para ser capaz de se criar um programa que eliminasse a figura da revisão de textos e do tradutor, por exemplo, teria de se desenvolver um software capaz de criar idéias. Algo muito distante ainda.

Não consigo imaginar que um homem de tecnologia possa dar conta de criar um sistema capaz de repetir ações humanas num sistema que não é matemático, como a escrita. Taí o fato de a calculadora ser um instrumento quase perfeito e ter sido criada há 4.400 anos e o nosso simples revisor de textos ser tão falho ainda hoje – e, sobretudo, tirar a leveza e a arte de qualquer texto.

Por que essa ideia central de que a tecnologia vai resolver nosso “problema humano” tem muito para não funcionar? Haveria muitos pontos para citar, mas como estou na coluna de filmes, baseio-me neles. Todos nós já assistimos disparates tecnológicos e inovações que pareciam impossíveis saírem de filmes futuristas e parar na vida real. Foi assim com o celular, com a TV, e daqui a pouco vão criar a transmissão telepática. Mas e máquinas que substituem a criatividade e a coerência humanas? Os filmes, dezenas deles, que já produziram essa tentativa de vivermos sob adminstração de uma inteligência artificial, ou terminavam com a mensagem de que as máquinas destruiriam a vida ou entrariam em pane ou ainda nos escravizariam de uma forma a tornar a máquina, e não o homem, a finalidade de tudo. Vejam “Eu, robô”, “Resident evil”, “O dia em que a Terra parou”, “Wall-e”, entre tantos outros. Julio Verne escreveu: tudo o que um homem pode imaginar outros poderão realizar. Mas se as pessoas entendem que a substituição de nosso esforço intelectual e arbítrio por máquinas não funciona na ficção futurística será que há chances reais de se tornar realidade? Falando de outro jeito: se não pode ser imaginado, pode se tornar real?

Minha conclusão: mascarado como sistema perfeito, o desenvolvimento tecnológico continua a ser gerido pelo homem. Por que, então, essa coisa de dizer que vamos eliminar a figura dos editores como se fossem vilões e trocá-la por um editor de rafting, de score, de votos eletrônicos?

A nova tecnologia dará liberdade ao autor, que não precisará de editora para encontrar seus leitores. Essa ideia parece muito absurda. Quais são os jornais e revistas realmente lidos? Folha (portal Uol), O Globo (Globo.com), Veja, Exame, Carta Capital, Rascunho, Blog do Noblat, Glamurama, Dimenstein. E vários outros. Alguns são físicos, outros virtuais, mas o comum entre eles é a estrutura editorial. A internet não mudou nossa confiança neles. Se a pessoa quer ser lida sem passar pelo crivo de uma editora, basta colocar o livro num blog. Digam quantos leitores, fora do circulo pessoal, irão realmente ler aquele livro?

A liberdade de publicar na net já existe. O que não existe é uma demanda de investidores interessados em colocar dinheiro e marketing em produtos que não têm retorno garantido. E para o livro ser vendido em livrarias virtuais, diante da tamanha oferta de produtos, a livraria usa o crivo de apostar em editoras que já demonstraram capacidade de realizar um bom trabalho editorial. A liberdade de decidir o que fazer com o seu texto qualquer autor sempre teve, e aqueles que querem decidir sozinhos podem ter escolhido aí o caminho, e talvez o público. Mas se ele quer ser lido por muitos precisa contar com outras pessoas, e se tem gente investindo dinheiro essa “liberdade” deve ser dividida. Quem investe mais nesse pacote de ações decide como aquele investimento deve ser dirigido.

O autor vai receber mais por livro editado. Vamos às contas: Se um livro custa R$ 20, a editora recebe R$ 10 das livrarias (em geral R$ 9,50) e paga ao autor, portanto, R$ 2, algo como cerca de 22% da receita bruta do livro ao autor. No e-book, o livro custa R$ 12,00 e o autor recebe entre R$ 2,50 e R$ 3,00 por livro vendido na maioria das casas editoriais e 1/3, ou seja, R$ 4,00 nas pequenas editoras. Qual é a grande diferença? Receber mais por um trabalho realizado por uma pequena empresa, onde o autor precisa trabalhar na divulgação para vender livros ou receber menos de mais exemplares vendidos, onde o esforço de vendas está fortemente relacionado com a marca editorial? Não é assim toda regra de mercado? Baixamos os preços conforme a tiragem; reduzimos margens para ganhar menos por unidade, mas vendemos mais exemplares.

Vejam. Há mais de uma década, nós editores temos uma opção de pagar royalties 40% menores aos autores para fazer versões de livros em formato pocket. No entanto, a demanda por esse livro, cujo atrativo é o preço, não explodiu, porque a diferença de preço entre as versões pocket e brochura ainda não se tornou decisiva na compra de um livro com aspecto mais simples. E creio que isso permanecerá como regra entre os leitores que puderem comprar um tablet.

Há sim algo que não se fala sobre o e-book: ele precisa de mais gastos editoriais. Para o e-book ganhar mercado e atender à sua finalidade – que não é apenas ser a versão eletrônica do livro impresso –, ele tem de oferecer mais. E para isso precisará contar com programas e designers cada vez mais competentes. Com editores extras para criar conteúdo interativo virtual, ou seja, toda a cadeia de pessoas que se utiliza para o livro impresso, só que somada à do conteúdo virtual. Tudo isso para que faça sentido optar por uma versão eletronica. Não é barato e nem vai ser superacessível para todos. As redes virtuais deram aos leitores a qualificação de críticos literários, então reduzir custos na cadeia da produção editorial não é o caminho para uma editora que pretenda crescer.

Anos atrás li um livro que se não fosse religioso poderia ser tomado como excelente novela comercial. Era um livro psicografado por Chico Xavier e contava a história do cristianismo nascente, intitulado Paulo e Estêvão. Obra de fôlego, acho que com umas 600 páginas, e o que tirei dali foi o seguinte: se tudo o que se conta ali for verdade*, passados dois mil anos o ser humano não mudou nada em sua essência. Somos os mesmos: inveja, ciúmes, guerras, briga por poder, ganância, crimes... Continuamos os mesmos bárbaros, só sofisticamos nossas flechas e lanças. A evolução não mudou a humanidade. Só ganhamos eletrodomésticos. E eles servem para fazer a gente executar mais tarefas em menos tempo.

Fico desconfiado do discurso de assustar o mercado estabelecido. Essas profecias raramente acontecem, pois o mercado sempre encontra formas de recriar e aproveitar os recursos em novas atividades. Mas para “vender” essas propostas os futurólogos passam ao largo de pontos cruciais. E diminuir o valor da cadeia editorial como se ela impedisse que muitos escritores não tenham seus livros publicados é uma atitude que ignora que isso talvez seja bom.

*Não ponho em questão a veracidade do livro, mas utilizo-o como exemplo, baseando-me também nos livros de história que nos dizem a mesma coisa sobre os seres humanos de mil, dois mil anos atrás.

Até a próxima coluna. Se quiserem fazer comentários mandem para o meu blog: www.faroeditorial.wordpress.com.

Pedro Almeida é jornalista profissional e professor de literatura, com curso de extensão em Marketing pela Universidade de Berkeley. Autor de diversos livros, dentre eles alguns ligados aos animais, uma de suas paixões. Atua no mercado editorial há 26 anos. Foi publisher em editoras como Ediouro, Novo Conceito, LeYa e Saraiva. E como editor associado para Arx; Caramelo e Planeta. É professor de MBA Publishing desde 2014 e foi presidente do Conselho Curador do Prêmio Jabuti entre os anos 2019 e 2020. Em 2013 iniciou uma nova etapa de sua carreira, lançando a própria editora: Faro Editorial.

Sua coluna traz exemplos recolhidos do cinema, de séries de TV que ajudam a entender como funciona o mercado editorial na prática. Como é o trabalho de um ghost writer? O que está em jogo na hora de contratar um original? Como transformar um autor em um best-seller? Muitas dessas questões tão corriqueiras para um editor são o pano de fundo de alguns filmes que já passaram pelas nossas vidas. Quem quer trabalhar no mercado editorial encontrará nesses filmes algumas lições importantes. Quem já trabalha terá com quem “dividir o isolamento”, um dos estigmas dos editores de livros. Pedro Almeida coleciona alguns exemplos e vai comentá-los uma vez por mês.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews

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