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25 anos da FIL de Guadalajara
PublishNews, 05/12/2011
25 anos da FIL de Guadalajara

A FIL – Feira Internacional do Livro de Guadalajara – é, sem dúvida, um dos maiores e mais importantes eventos do livro da América Latina. Os dados de 2010 dão a sua dimensão: 609.251 visitantes, 1.928 editoras, 17.790 profissionais do livro. Números que certamente se confirmaram este ano e que evidenciam a importância do evento. No seu 25º aniversário, a organização se desdobrou e marcou a data com uma programação intensa e com a presença de muitos convidados especiais.

Esta feira que também é uma grande festa do mercado editorial de língua espanhola se destaca por ser muito mais que um encontro de negócios. Não só de business vive a FIL. A aposta na formação leitora é uma vocação que se materializa nos encontros de promotores de leitura; nas atividades para profissionais, como os fóruns de editores; nos inúmeros lançamentos; num amplíssimo projeto cultural que deixa os participantes sempre achando que poderiam ter visto e aproveitado muito mais. Além de ser também um empreendimento da Universidade de Guadalajara, o que amplia o seu caráter de evento cultural e lhe dá consistência e autoridade, a FIL mantém uma estreita parceria com a rede de bibliotecas públicas e privadas do país.

Sou daquelas que gosta de feiras, pois acho que são uma oportunidade para dimensionar o mercado, ver tendências, estreitar parcerias e ampliar horizontes. Neste meu segundo ano de FIL, saio com a mesma sensação e com a mesma aposta para o próximo ano: é preciso olhar mais para o mercado latino-americano, para seu desenvolvimento e suas tendências. E, para isso, a FIL passa a fazer parte do meu calendário anual, pois além de tudo não é todo dia que podemos assistir a uma mesa com dois prêmios Nobel, Vargas Llosa e Herta Müller; participar de uma intensa programação em torno do livro infantil e juvenil, como o já reconhecido Foro internacional de ilustração, que este ano teve a presença de duas figuras históricas: Anthony Brown e Katsumi Komagata, entre outros ilustradores de destaque, nem sempre conhecidos entre nós.

O espírito de intercâmbio que caracteriza a feira perpassa todos os seus eventos e, além de promover e viabilizar encontros e trocas, sela tudo com algumas famosas festas que já fazem parte do calendário, sem esquecer a segunda-feira sagrada no baile de Vera Cruz. Mas, se isto fica para fruição e prazer dos profissionais que têm os três primeiros dias exclusivos, até um determinado horário, para suas transações, a participação do público coroa a FIL, um evento popular por excelência.

Para além de tudo isso, olhar para dentro do nosso continente e considerar o mercado latino-americano me parece fundamental e para isto a FIL é a melhor porta de entrada. Afinal, nestes últimos anos, acabou consolidando-se como o único salão de vendas de direitos da América Latina. Não é por acaso que cada vez mais editoras estrangeiras marcam cartão na FIL. O mercado latino-americano ganha evidência e sua indústria editorial toma corpo. A presença cada vez maior de pequenas editoras, de vários países, pautadas na qualidade editorial e gráfica marca uma tendência que se impõe e faz frente aos grandes grupos editoriais, até hoje hegemônicos na maioria desses mercados.

Neste momento, em que a Europa enfrenta uma dura crise, em especial a do mercado editorial espanhol, até agora uma das grandes forças, ainda que contraditória, a impulsionar a indústria dos países latino-americanos, é importante pensar nos termos expostos por Nubia Macías, diretora da FIL: “a industria editorial latino-americana tem que aprender com os erros cometidos e dar um salto. Tomar agora a decisão de que quer exportar e importar. É um momento chave, conjuntural, onde vão se diversificar muito os canais de negócios.”

Neste ano, o Brasil marcou presença, organizando um seminário sobre a situação do nosso mercado e em 2012 o Brasil será homenageado através de um ciclo de conferências organizado pela FIL. Existe uma tradição da presença de editores brasileiros em Guadalajara, porém isto não se estende ao segmento de livros para crianças e jovens, pouco representado. Uma pena, pois, sem dúvida, há muito mais semelhanças do que se possa imaginar nas nossas tradições e nas histórias do desenvolvimento deste segmento dedicado ao livro infantil e juvenil. Além do potencial que este mercado pode representar em intercâmbio e troca de experiências.

A presença de um autor como Katsumi Komagata, com seus livros de artista espetaculares, suas oficinas e palestras, representando uma das quatro editoras – One stroke (Japão) – que compõem o grupo Smallword* junto com Les trois ourses (França), Petra Ediciones (México) e Tara Book (Índia), é um sinal da sofisticação e da abertura deste mercado para experiências das mais sofisticadas e comprometidas com livros de qualidade para crianças e jovens.

Olhar para este mercado, intensificar os laços na forma de colaboração, intercâmbio e negócios pode ser altamente compensador a curto e médio prazo. Vale a pena conferir em 2012!

Em tempo: sobre os caminhos e conflitos do mercado editorial latino-americano e espanhol, recomendo a leitura do artigo Edição e dependência na América Latina, de Maria Osório, editora de Babel / Colômbia, na Emília http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=19.

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* Smalword é um grupo de editoras independentes de diferentes continentes que compartilham uma mesma visão de como os livros para crianças devem ser. Focados em concepções semelhantes, o grupo Smalword aposta no pequeno e no local, sem perder de vista que o mundo é grande. Compartilhando experiências, stands em feiras, conceitos, como o do livro para todas as idades, um investimento na arte e no design tão forte quanto no texto, estas pequenas editoras se destacam por um trabalho de altíssima qualidade artística e gráfica.

Dolores Prades é editora, gestora e consultora na área editorial de literatura para crianças e jovens. É membro do júri do Prêmio Hans Christian Andersen e curadora da FLUPP. É também coordenadora do projeto Conversas ao Pé da Página - Seminários sobre Leitura, e da área de literatura para crianças e jovens da Revista Eletrônica Emília. Sua coluna pretende discutir temas relacionados à edição e ao mercado da literatura para crianças e jovens, promover a crítica da produção nacional e internacional deste segmento editorial e refletir sobre fundamentos e práticas em torno da leitura e da formação de leitores. Seu LinkedIn pode ser acessado aqui.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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