É oficial: colocar livros em lojas é um direito subsidiário
PublishNews, 08/05/2011
Colocar livros em lojas é um direito subsidiário

A manchete em várias publicações foi que a Amazon estava agora agressivamente tentando conseguir exclusividade para sua linha Kindle e, na verdade, fazendo lances contra editoras pelos livros de Amanda Hocking.

O componente que permitiu isso, como foi informado no Publishers Lunch, foi que a editora Houghton Harcourt agora é a distribuidora de livros impressos da Amazon. Exceto que, por favor, não a chamem assim.

Lunch informou que a Amazon tinha adquirido vários títulos dos programas Encore e Crossings, bem como assegurado um relacionamento prioritário.

De um ponto de vista, isso faz muito sentido. A Amazon pode vender muito bem um livro on-line e já permite impressos através de seu programa CreateSpace. Mas não conseguem vender livros em livrarias. Mesmo pagando royalties altos em e-books e livros impressos, eles não conseguem maximizar os rendimentos de um autor se não conseguem fazer vendas impressas em livrarias na situação atual.

Por outro lado, virtualmente todos os CEOs das Seis Grandes (um clube do qual a editora Houghton Harcourt não participa) dizem que não vão adquirir somente os direitos dos livros impressos, um claro sinal aos autores de que os direitos dos e-books são reféns para assegurar as vendas impressas. Afinal, eles nunca abriram mãos dos direitos de clubes de leituras ou de paperback quando estes eram importantes e não exigiam muita organização para serem feitos.

O editor de ficção adulta da Harcourt, Bruce Nichols, disse ao Lunch que esse acordo não significava que a Harcourt ia começar a aceitar, a partir de agora, contratos só com livros impressos. Citando o Lunch:


“Tenho certeza que algumas pessoas vão dizer...‘nunca vamos separar os [direitos] do impresso dos do eletrônico’”, mas ele vê os acordos da Amazon como “algo pouco diferente dos direitos de licenciamento de reimpressão” nos quais os direitos dos e-books não estão disponíveis. Assim como a Houghton ainda tem a intenção de competir com a Amazon sobre novos projetos, Nichols diz que a editora não vai aceitar direitos somente de livros impressos nas novas aquisições. Apesar de “existirem certamente agentes e autores que querem” separar os direitos, ele sublinha que “nos recusamos” a fazer isso. “Isso é diferente; a Amazon já possui todos os direitos.”

Então, aí está. Os esforços de impressão da Houghton são um direito subsidiário.

Isso simplesmente reflete a economia editorial mais fundamental. Alguém faz um cheque (o adiantamento inicial, ou o que poderia ser chamado de “transação possibilitadora”) para comprar a oportunidade de explorar um copyright porque eles controlam os meios de chegar à maior parte de seu rendimento e os relacionamentos para licenciar para outros que gerem renda de partes menores.

Há cinco anos, a maior parte da renda de qualquer propriedade estilo livro viria das vendas de livros impressos em livrarias.

Daqui a cinco anos, a maior parte da renda de qualquer propriedade estilo livro virá das vendas de impressos e e-books através de canais on-line.

Estamos num período de transição. O acordo da Houghton, assim como a decisão de Barry Eisler há duas semanas de recusar meio milhão de dólares de uma editora para poder se autopublicar, são as primeiras vezes que essas práticas são feitas, mas acabarão se tornando normais.

[07/05/2011 21:00:00]