Quem vai editar o Mercado Editorial?
PublishNews, 30/11/2010
Quem vai editar o Mercado Editorial?

Uma ideia – talvez absolutamente idiota – não me deixa em paz desde as primeiras discussões sobre a digitalização dos livros ainda no formato para Compact Discs ROM: quem vai editar o mercado editorial?

As novas possibilidades de imprimir em novos suportes e inter-relacioná-los em uma rede de contatos privados e públicos parecem tirar debaixo do tapete do papel impresso muitas questões mal resolvidas entre todos os envolvidos no processo de edição e venda de livros, desde século XV, ou melhor um pouco depois de sair a Bíblia de Gutenberg.

Suponhamos que no final do XV já estivessem definidas algumas etapas de editoração do processo de fazer um texto se tornar livro. Mas isso em um momento que exigia definições para: tipo, tinta, papel, capa, padronização de texto por página, decodificação da letra do autor para tipologia escolhida, preço de cada etapa de serviço na cadeia de produção do livro, custos da edição do conteúdo, como paga o vendedor do livro e por aí vamos.

Um pouquinho mais a frente, apenas três séculos depois, começam as discussões para um acerto internacional do que serão os direitos do autor. E, para voltar ao nosso quintal, ao que tudo indica só em 1998 é que conseguimos uma lei de direitos autorais mais atenta às necessidades do mercado.

E então parecia que cada um estava entendendo onde acabava o seu serviço e começava o de outro. Assim, quando os problemas surgiam, ficava fácil atribuir: falha do jurídico, ou do editorial, ou do departamento comercial, ou do distribuidor, ou da livraria, ou da adaptação para roteiro, ou questão de negociação de direitos autorais, ou da gráfica, ou da cenografia, ou da equipe de produção. Seguimos por algum tempo cada um no seu espaço cada vez mais técnico e na sua especialidade. Claro que apareciam questões para serem discutidas – sempre aparecem –, mas tudo estava mais ou menos bem dividido. Mais ou menos organizado. Até que...

Bem, você sabe o que aconteceu: o mundo não parou nas páginas impressas. Aliás, muitas ferramentas, máquinas, serviços e até políticas governamentais surgiram justamente pelas necessidades dos livros impressos. E agora, o que fazer não só com o impresso, mas com toda a cadeia de produção e comercialização que surgiu em volta dele?

Pensando que tudo começou sendo editado e gerando sempre muitos especialistas, como será hoje, quando as máquinas e as técnicas estão aí à disposição de todos? Como serão com as técnicas para escrever, editar, vender, distribuir, adaptar – sendo que, o mais surpreendente, ninguém precisa sair de seu “canto de produção” para trabalhar com o mundo inteiro?

Uma boa relação com associações, sindicatos, câmaras gera possibilidades de negócios sempre. A internet e as redes sociais vão facilitando cada vez mais as relações pessoais e profissionais.

Mas a pergunta é sempre a mesma em vários artigos sobre a entrada do livro digital: como se vai definir onde acabam ou começam os serviços do mercado editorial? Lá atrás, a ideia de que um manual ia ser a solução de tudo, como sugerem hoje, nem era cogitada. Estamos a caminho de um manual que cuide de cada etapa do mercado editorial...

[29/11/2010 22:00:00]