O que o autor espera do agente literário?
PublishNews, 08/09/2010
Na coluna desta semana, Marisa Moura analisa a postura de autores de língua inglesa na relação com um agente literário

Uma pesquisa constante nos sites sobre agentes literários formou a pergunta: afinal o que se espera deste profissional? Entre o mercado editorial de língua inglesa, europeu, dos latinos e o nosso – brasileiro – aparecem muitas diferenças nessa expectativa das ações de uma agência literária. Nesse ínterim, recebemos inúmeras solicitações de agenciamento em nossa caixa postal. Comparando as “cartas eletrônicas” dos brasileiros com que se lê no sites estrangeiros, verificamos as diversidades.

Essa introdução poderia considerar, também, as diferenças entre todos esses mercados e os efeitos da edição digital nesse processo, mas reduziremos tudo isso a postura dos autores de língua inglesa na relação de seus anseios:

1. O autor reconhece a necessidade de uma “visão editorial” seja sobre seus projetos, seja no processo do desenvolvimento de sua obra ou na sequência da sua produção para formar sua carreira.

2. Assume-se que a relação entre autor-agente consolida-se no seguinte tripé: trabalho, parceria e amizade. Nos comentários encontrados, nota-se que, na sua maioria, autores sabem ou pesquisaram sua posição de criadores e o que devem esperar dos agentes. Nem se fala em ações grandiosas, muito menos desvalorizam-se as pequenas conquistas.

3. A rotina do agente parece ser muito conhecida, pois sabem como, de que forma e quando serão atendidos nos seus contatos profissionais. Mostram saber porque devem esperar sua vez para receber a atenção desejada.


4. Contratos é a palavra ou “conceito” chave para procurar um agente. Ou pela quase total impossibilidade de se chegar a um editor ou pela consciência do conhecimento de mercado, de lei, de administração de direitos autorais, do ato de negociar que envolve a assinatura desse documento.

5. Outro fato comum é que o agente deve conhecer “quem é quem” no mercado em que atua, transformando seus relacionamentos em vantagens para seus clientes. Desdobrando essa premissa, ainda se entende o agente como o “primeiro” e maior fã, defensor, crítico, conselheiro, negociador e advogado do autor.

Diante da pesquisa, o importante é que a relação entre o autor e o agente seja transparente, leal e produtiva; que se estabeleça um fluxo de informações capaz de multiplicar a valorização do autor e da sua obra.

Escrever sobre a contratação de um agente literário no Brasil, onde as relações profissionais da área cultural dependem de questões pessoais e de idiossincrasias, é um risco que resolvemos correr sempre para mostrar que a cidadania autoral vai além da produção escrita, que, muitas vezes, exigiu anos de trabalho árduo e pesquisa.

Ou seja, o autor não deve se esquecer jamais de que o agente literário age sobre algo: obras, informações, idéias, contratos etc. Mas o único e exclusivo fornecedor desse algo será sempre o autor.

[07/09/2010 21:00:00]