As letras e os números, um causo numa Bienal
PublishNews, 25/08/2010
Na coluna desta semana, Zé Luiz Tahan resgata uma história que o intrigou em uma bienal e para a qual nunca chegou a uma conclusão

Esta história me intriga até hoje. Não tirei nenhuma grande conclusão, mas me acompanhe pelos corredores de uma bienal, há alguns anos...

A Bienal é um evento grande e um grande evento todo mundo está por lá, o mega e o micro, o consagrado autor e o escritor iniciante.

O que gosto é de encontrar muita gente que até então não tinha cara, só era uma voz. De quando em quando uma boa surpresa, às vezes nem tanto. Passo em estandes de editoras diferentonas, preciso garimpar títulos para a minha livraria.

Nos primeiros dias os editores estão presentes, e isso é muito bom para os livreiros, que podem constatar a filosofia de cada casa editorial.

Mas este que vos escreve ficou intrigado, vou explicar. Cheguei num grande corner que dividia o espaço de duas importantes editoras, fui cumprimentar o diretor comercial de uma delas. Logo que nos saudamos ele me conduziu às novidades. Contou sinopses, deu bastidores das concorrências na aquisição dos direitos de publicação e apostou fichas em quase todos os livros e fiquei animado para receber logo nas minhas vitrines.

Quando o papo murchou ele me apresentou ao vizinho, que logo disparou: “Qual a metragem das suas livrarias? Mais de 500 metros? Fica em shopping?”. Disse que era apenas uma livraria, na rua e com 50 metros por pavimento, frisei esta parte, que são dois andares, já um pouco acanhado, confesso.

Depois ele seguiu dizendo o número ideal de tiragens, que seria de 7 mil exemplares para atender com igualdade o mercado como um todo. Achei muito curioso. Na primeira editora só se falou de letras, na segunda foram os números o tema. E o que me intriga é que admiro o catálogo das duas.

[24/08/2010 21:00:00]