Ao ouvir depoimentos de autores sobre a criação de seus textos, perceberemos que a maioria recorre à opinião alheia sobre sua mais recente obra. Logo após o (primeiro) ponto final, isto é, da primeira vez que se considera o texto pronto, parece existir uma urgência em descobrir se a história realmente vale ser contada — ou melhor, se vale ser publicada.
Mas quem os autores consagrados escolhem para ser seu leitor crítico? Isso varia de caso para caso; pode ser um colega, um especialista em literatura, um editor em quem eles confiam ou também seu agente literário. Enfim, “o escolhido” deve ser, basicamente, um leitor voraz e, além disso, que reconheça que, como Walter Benjamin afirmou no artigo O Narrador, que “a experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram todos os narradores”.
A Página da Cultura já escutou inúmeras revelações de autores brasileiros — e leu depoimentos de outros tantos estrangeiros — dizendo que só depois de saber da opinião de seu “leitor de confiança”, aquele que é uma espécie de representante de todos os outros que virão, é que eles enviam o texto para seu agente ou editor.
Porém, não é só o autor que busca uma opinião ou um parecer crítico sobre o texto, as editoras também possuem uma equipe (interna ou externa) de pareceristas para analisarem todos os livros que irão publicar. Desde as obras literárias até as técnicas, todos os textos passam por essa análise, e os aspectos avaliados são muitos: qualidade do texto, estrutura da obra, veracidade de informações, viabilidade econômica de publicação, interesse do mercado pelo assunto etc. As editoras pagam por esse serviço.
Em alguns casos, erros — mesmo que simples — nas primeiras páginas do texto original impedem que este chegue às mãos de um parecerista. E o autor acaba perdendo uma boa oportunidade, pois o parecerista é quem destacaria todos os aspectos positivos e negativos da obra, de acordo com a linha editorial das publicações da editora. Por isso, muitas vezes, compensa realizar uma leitura crítica prévia de seu livro.
Claro, que muitas dessas primeiras leituras já fizeram julgamentos equivocados, por exemplo, o editor que negou a obra Madame Bovary, por entender que Gustave Flaubert não era um escritor. Muitas outras histórias semelhantes são relatadas em Rotten reviews and rejections – A history of insult, a solace to writers, publicado pela WW Norton. Outro caso recente foi o da escritora JK Rowling, em que o livro Harry Potter e a pedra filosofal teve oito respostas negativas antes de ser publicado pela Bloomsbury, na Inglaterra.
Assim, caso você decida tomar a dianteira e contratar os serviços de um leitor crítico ou parecerista antes de enviar sua obra para alguma editora, saiba o que é preciso considerar:
Viver a experiência de obter uma leitura crítica de sua obra implica, antes de qualquer coisa, em entender claramente que tudo o que o parecerista expõe em seu relatório nada mais é do que aquilo que ele compreendeu e/ou absorveu da obra lida. Assim, antes de contestar a análise recebida ou simplesmente alterar de imediato o texto, reflita sobre esse feedback, lembrando que foram as palavras escritas por você que levou àquela interpretação do leitor crítico.
A formação de Marisa Moura começou pela graduação em Letras na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, onde assumiu sua paixão pela literatura, da criação à produção. Marisa sentia necessidade de aprofundar-se em Marketing Cultural para Literatura Brasileira, o que fez no mestrado da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Com a ideia fixa de trabalhar com literatura brasileira, abriu a sua agência, a Zigurate, em 1994 e não parou mais. Sua coluna reflete sobre o trabalho do agente literário, um profissional atuante nas negociações de direitos autorais internacionais e nacionais e já presente no mercado editorial
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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