Tenho uma grande amiga, a Estela. Tradutora e revisora, com especialização na língua Francesa, Estelinha – pros amigos- é garantia de rigor na qualidade dos seus trabalhos e grande papo tanto sobre produção de livros, quanto sobre a história por trás da produção destes livros. Adoro aprender com ela e faço questão de parar tudo para tomarmos um café na livraria. Num destes rápidos encontros- ela está sempre muito ocupada entre suas duas casas – ela me propôs um evento, e a partir daí aconteceu uma bela história.

Como comentei há pouco, Estela tem duas casas, uma da família em Santos e a outra é a sua sede carioca. Ela tem um irmão, o Carlos, que durante algumas décadas escreveu e guardou várias crônicas, contando historias das pessoas, dos hábitos e dos lugares de Santos.

Como presente de aniversário Estela reuniu os textos e organizou uma edição em um pequeno volume de chamado “Pessoal e transferível”. Só um detalhe: Carlos não sabia. Foram contratados designers gráficos e tudo mais para que se realizasse um projeto editorial completo, tinha até isbn.

Numa noite de sábado, com direito a coquetel e tudo, foram chegando amigos do Carlos e familiares. Todos subiram e se esconderam no andar superior da livraria. Só restou os funcionários, Estela e o novíssimo autor. Para estraçalhar nossos corações a sua neta caçula lhe entregou um pacote muito bem embrulhado. As pessoas desciam as escadas vagarosamente e o ambiente foi tomado pelo som ritmado das palmas e da famosa canção, parabéns pra você...

Olhei para a equipe da livraria, todos cantando com os olhos marejados, me senti mais à vontade.

Resolvi escrever este texto que quer ser uma homenagem à grande amiga Estelinha, e quero dizer também que nenhuma festa para um autor foi tão bonita.

Ah! E o livro é ótimo, ou vocês acham que a minha amiga publicaria uma porcaria?