“O mar de fora e o mar de dentro” é a expressão usada em Fernando de Noronha para diferenciar as águas que separam o arquipélago do continente e as que se abrem para o Atlântico. Além disso, resume o embate que dá força ao romance de estreia de Carlos Marcelo, Presos no paraíso (Planeta, 288 pp, R$39,90). O livro narra a trajetória do historiador Tobias que, após concluir trabalho de documentação fotográfica para uma agência de turismo, passa por momentos de tensão em um cenário paradisíaco. Quando dois antigos moradores são encontrados mortos lado a lado, o delegado Nelsão recorre às lentes de Tobias para ajudá-lo na coleta de provas para a investigação do misterioso crime. Além de mostrar um lado pouco explorado de um dos destinos turísticos mais admirados do país, Presos no paraíso investe na alternância de pontos de vista e tempos narrativos. Enquanto Nelsão avança na investigação com base na experiência profissional, Tobias narra o contato com ilhéus, turistas e o envolvimento com Lena, gerente da pousada onde ele se hospedou. Pelos olhos do visitante, o leitor conhece também aspectos sombrios da ilha, como as ruínas de presídios e desavenças provocadas por religião, sexo e poder.