Exposição sobre Fernando Pessoa abre hoje para o público
PublishNews, Redação, 24/08/2010
A multiplicidade da obra do poeta português que foi capaz de inventar e se reinventar em exposição no Museu da Língua Portuguesa até 30/1

Em “Fernando Pessoa, plural como o universo”, em cartaz de hoje (24) até o dia 30 de janeiro no Museu da Língua Portuguesa (Praça da Luz, s/n – Luz – São Paulo/SP), o público terá a oportunidade de conhecer, ou reconhecer, algumas das personas do poeta português, que se revelam nos versos assinados por seus heterônimos e por “Ele-mesmo”, e de observar a interação entres esses e outros vários personagens literários criados simultaneamente ao longo de seus 47 anos de vida.

Com curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith e projeto cenográfico assinado por Helio Eichbauer, a exposição mostrará toda a multiplicidade da obra de Pessoa e pretende conduzir o visitante a uma viagem sensorial pelo universo do poeta, fazendo-o ler, ver, sentir e ouvir a materialidade de suas palavras.

Essa será a primeira vez que o Museu da Língua Portuguesa vai abrigar uma exposição sobre um autor português. Já foram homenageados Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Machado de Assis.

Durante o percurso, o visitante entrará em contato com os versos de Alberto Caeiro, o “poeta da natureza”; Ricardo Reis, médico e discípulo de Caeiro; Álvaro de Campos, um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa; Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego; e de Pessoa, “Ele-mesmo”, considerado pelo próprio um ortônimo, em tom de ironia. Estarão expostos também poemas de heterônimos menos conhecidos e de algumas de suas personalidades literárias, como o Barão de Teive, o prosador suicida.

O percurso da exposição

A exposição terá como identidade visual o Mar – de Sagres e todos os outros – e os diferentes tons de azul da água e do céu, remetendo à época dos descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal, inspirada no livro Mensagem. De acordo com cenógrafo Helio Eichbauer, “a ideia é sugerir viagens mentais e espirituais, em torno das ruas de Lisboa, das aventuras dos heterônimos e de Pessoa”. O cenógrafo afirma que foi um grande desafio pensar numa exposição para ser lida, porém, acredita que conseguiu, junto com os curadores, criar um espaço para quem gosta de ler, capaz de celebrar a palavra escrita, falada, ouvida.

No primeiro ambiente da sala de exposições temporárias do museu, o visitante poderá entrar cinco em cabines, onde serão projetados trechos de poemas do próprio Fernando Pessoa e de seus heterônimos. A sexta cabine, chamada de “Eu sou muitos”, será dedicada a outras personalidades literárias criadas pelo poeta. Nesse mesmo ambiente, ao fundo, ficará exposta uma imagem de Pessoa reproduzida pelo artista plástico português e amigo do poeta, Almada Negreiros.

Em seguida, o visitante entrará numa espécie de labirinto poético que mostrará de forma lúdica e encantadora trechos de poesias e imagens de Fernando Pessoa, como forma de retratar suas várias personas. E depois passará para um ambiente onde documentos fac-símile ampliados, manuscritos ou datilografados, relacionados à sua vida-obra estarão expostos dentro de vitrines.

O público vai ver algumas relíquias, como a primeira edição do livro Mensagem, com uma dedicatória escrita pelo poeta; o primeiro e segundo exemplar da revista Orpheu; três exemplares da revista Athena; seis exemplares da Revista do Comércio e da Contabilidade; a série completa de A Revista, de 1931; algumas edições da revista Águia, onde Pessoa publicou seus primeiros artigos, e da revista Presença, sucessora da Orpheu. Algumas dessas publicações ainda poderão ser folheadas virtualmente com a ajuda de um e-reader instalado em cima de uma grande mesa comunitária, onde também estarão espalhados livros sobre a obra de Pessoa, em vários idiomas.

Dentro da concepção de Eichbauer, também inspirada no lado místico de Pessoa, haverá um pêndulo atrás dessa mesa que representará o tempo. Ele estará envolvido por uma tela com a imagem de um dos quadros do pintor português Nuno Gonçalves, que retrata personagens da sociedade portuguesa do século XV, representantes do clero, da nobreza e do povo. Ao lado dele, trechos de poemas de Pessoa serão projetados em dois tanques de areia.

Na parede ao fundo, dois vídeos serão projetados como se fossem duas janelas. O primeiro, produzido pelo documentarista Carlos Nader com roteiro do poeta Antônio Cícero, mostrará pessoas, em meio a uma multidão, recitando Pessoa. O segundo mostrará uma imagem do mar, sempre em movimento, tirada do emblemático filme “Limite” (1931), de Mario Peixoto.

No último espaço da exposição, o visitante poderá acompanhar a cronologia da vida-obra do poeta, por meio de imagens retiradas da recém-lançada fotobiografia produzida por Richard Zenith, um dos curadores.

A realização é da Fundação Roberto Marinho e do Governo do Estado de São Paulo através do Museu da Língua Portuguesa (administrado pela Organização Social de Cultura Poiesis), com patrocínio da Rede Globo, do Itaú, do Banco Caixa Geral - Brasil e da Fundação Calouste Gulbenkian e apoio do Consulado Geral de Portugal, em São Paulo, da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, do Centro Cultural dos Correios, do Rio de Janeiro, e do Ministério da Cultura por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Exposição Fernando Pessoa, plural como o universo

Até 30 de janeiro de 2011

Museu da Língua Portuguesa

Praça da Luz, s/nº, Centro

Tel.: (11) 3326-0775

www.museudalinguaportuguesa.org.br

Ingresso: R$ 6,00 (pagamento somente em dinheiro). O museu funciona de terça a domingo, das 10h às 18h. A bilheteria fica aberta de terça a domingo, das 10h às 17h. Nas últimas terças-feiras de cada mês, o museu permanece aberto até 22h (a bilheteria fecha sempre uma hora antes). Estudantes com carteira de estudante do ano e documento de identidade pagam meia-

entrada. Crianças com até 10 anos e idosos a partir de 60 anos não pagam ingresso, bem como professores da rede pública.

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[24/08/2010 00:00:00]